segunda-feira, 5 de agosto de 2024

Eleições 2024: PSDB e Cidadania divergem, mas oficializam apoio a Juliana Brizola em Porto Alegre

 Tucanos votaram pela coligação encabeçada pelo PDT, enquanto Cidadania preferia apoiar a reeleição de Sebastião Melo

Convenção da federação foi recheada de ausências, mas anunciou apoio formal 

Após votação, a federação PSDB/Cidadania oficializou apoio formal à candidatura de Juliana Brizola (PDT) à prefeitura de Porto Alegre. Apesar da decisão, os partidos não chegaram a um consenso: enquanto tucanos votaram pela pedetista, o Cidadania preferia ingressar na coligação de Sebastião Melo (MDB), que tenta a reeleição.

Foram sete votos contra quatro na executiva. Com a convenção realizada, efetivamente será a primeira vez na história da democracia porto-alegrense em que o partido do governador gaúcho não terá candidatura na Capital.

O ato partidário expôs uma federação dividida. Com maioria na composição da executiva, foi o PSDB que decidiu pelo apoio aos trabalhistas. O Cidadania fez questão de deixar registrado na ata da convenção sua intenção de apoiar o atual prefeito.

No palanque, os, agora, candidatos a vereadores não se esforçaram para esconder seus posicionamentos. Quadros do Cidadania demonstraram de forma repetida o apoio ao candidato a prefeito, no masculino, e alguns chegaram a citar reeleição.

O discurso mais incisivo foi do candidato Marcos Felipi. "Não temos como não apoiar o Melo. Respeito o PSDB, tenho certeza que não foram vocês que tomaram essa decisão. Quem deveria tomar essa decisão não está aqui para explicar. Eu estarei com meu material de campanha apoiando a melhor gestão da história dessa cidade", discursou o filiado do Cidadania. Os demais candidatos do partido, na prática, também devem fazer campanha para Melo nas ruas.

Nesse momento, apoiadores dos dois partidos se manifestavam em meio ao público. "Ela apoia o Lula”, gritou um filiado, falando sobre Brizola. "Ele afogou as pessoas", bradou outro, criticando Melo. O candidato a vereador chegou a ler publicações em que a pedetista critica nominalmente o governador Eduardo Leite e sua gestão.

Ausências marcaram convenção

A convenção foi recheada de audiências. A começar por ele: o governador, em agenda em São Paulo, não se fez presente. Tampouco a presidente estadual do PSDB, a prefeita Paula Mascarenhas, esteve na convenção. A chapa majoritária da coligação também não teve representantes: nem Brizola, nem o candidato a vice-prefeito Thiago Duarte (União Brasil) apareceram.

Do outro lado, a maior expoente do Cidadania em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul também faltou. A deputada federal Any Ortiz, que esteve presente na convenção do MDB que lançou Melo à reeleição, não compareceu à convenção do próprio partido. Esvaziado, o ato terminou uma hora mais cedo.

As direções partidárias deixaram claro que a decisão transcende a eleição municipal. O PSDB busca marcar presença como terceira via, mirando não apenas 2026, mas o futuro tucano.

"O conjunto de fatores diz que a sociedade continuará empurrando Lula, Bolsonaro e a polarização política. Nós não queremos estar nos extremos", discursou o presidente municipal do PSDB, vereador Moisés Barboza, tentando manter o tom conciliador.

Em entrevista, falou sobre o posicionamento dos tucanos e foi questionado pelo Correio do Povo sobre haver uma certa dificuldade de Brizola em defender o governo Leite durante a campanha.

“Nós temos que pensar nosso posicionamento ideológico, até tendo em vista 2026. Em 2026, não vamos estar com o Lula e não vamos estar com o Bolsonaro. Nós teríamos uma candidatura para defender os avanços do governo do Eduardo Leite tivéssemos a nossa candidatura. Queríamos uma candidatura para mostrar que Porto Alegre melhorou na segurança pública, por exemplo, como reflexo do governo Leite. Sem a candidatura própria, nos restou ver o posicionamento ideológico e político dentro da polarização”, afirmou o dirigente.

Falta de tentativa não foi. Moisés listou os nomes sondados pelo PSDB para encabeçar uma chapa majoritária, como a deputada estadual Delegada Nadine, o ex-governador Ranolfo Vieira Júnior, o ex-secretário Aod Cunha, e, por último, o ex-prefeito Nelson Marchezan Júnior, que apenas às vésperas da convenção anunciou que não concorreria.

“Também procuramos a deputada Any Ortiz, inclusive com preferências do PSDB de Porto Alegre pela densidade eleitoral que ela demonstrou nas pesquisas. Mas não conseguimos fazer nossa candidatura”, lamentou Moisés.

Com o melancólico fim da busca do PSDB por um candidato tucano, essa será a primeira vez na história da democracia porto-alegrense em que o partido do governador do Estado não terá candidato próprio na capital gaúcha. Desde a redemocratização, o grupo político que comandava o Palácio Piratini teve candidatura em todas as 10 eleições entre 1985 e 2020 em Porto Alegre.

O partido do governador também teve representante nas eleições de 1963, 1959, 1955 e 1951. Entre 1964 e 1984, a ditadura militar brasileira impediu a realização de eleições no País. Em 1985, a eleição foi indireta.

Nominata de candidatos e candidatas do PSDB:

  • Aldo Borges
  • Alex Buiu
  • Canaan Farias
  • Carlos Vanderlei
  • Conselheiro Marcelo Bernardi
  • Dani Morethson
  • Daniela Macedo
  • Enfermeira Tatiane Bernardes
  • Gilson Padeiro
  • Henry Ventura
  • Inspetora Ana Toppor
  • Jonas Digaô
  • José Carlos
  • Lucas Elefante
  • Maira Rocha
  • Matheus Xavier
  • Mel Albuquerque
  • Moisés Barboza Maluco Do Bem
  • Nilsa Figueiredo
  • Nyaya
  • Pai Ricardo Da Oxum
  • Pastor Amancio Ferreira
  • Rafão Oliveira
  • Roberto Lima
  • Thiago Azambuja

Nominata de candidatos e candidatas do Cidadania:

  • Aninha do IAPI
  • Camila Rodrigues
  • Cassiá Carpes
  • Cheila
  • Clayton Pinheiro
  • Comissário Zottis
  • Fabio Britz
  • Laura Padula
  • Marcia Lim
  • Marcos Felipi
  • Rodrigo Mezenga

Correio do Povo

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