terça-feira, 6 de agosto de 2024

Depois de exigências de diversos países, atas das eleições presidenciais são entregues à Corte Suprema da Venezuela

 Lula pede diálogo entre governo e oposição na Venezuela após eleições contestadas


O chefe do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Elvis Amoroso, entregou à Corte Suprema as atas das eleições presidenciais, nesta segunda-feira, 5. Neste pleito foi reeleito o presidente Nicolás Maduro, que pediu ao máximo tribunal para “certificar" o processo após denúncias de fraude da oposição.

"Entrega-se tudo o que foi solicitado pelo máximo Tribunal da República”, disse Amoroso durante a audiência, sem dar mais detalhes. Tanto o CNE quanto o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) são acusados pela oposição de servir ao chavismo no poder.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu, diálogo na Venezuela, após a contestada reeleição de Nicolás Maduro, não reconhecida pela oposição e vários governos, que alegam fraude nas eleições de 28 de julho.

Do Chile, onde está em visita de Estado, Lula defendeu um entendimento entre as partes diante dos protestos que eclodiram depois que a autoridade eleitoral venezuelana proclamou Maduro como vencedor.

"O compromisso com a paz é o que nos leva a conclamar as partes aos diálogos e promover o entendimento entre governo e oposição", sustentou Lula.

Pelo menos 11 pessoas faleceram nos protestos que se seguiram à reeleição de Maduro, segundo organizações defensoras dos direitos humanos. Também foram oficialmente reportados mais de dois mil detidos.

Nesta segunda, o Ministério Público da Venezuela abriu uma investigação penal contra o ex-adversário de Maduro na disputa, Edmundo González Urrutia, e a líder María Corina Machado, por chamarem os militares a reconhecer a vitória da oposição.

O Brasil promove, junto com a Colômbia e o México, uma saída da crise venezuelana.

"O respeito pela soberania popular é o que nos move para defender a transparência e os resultados", acrescentou Lula.

O encontro entre ele e o presidente do Chile, Gabriel Boric, era muito esperado em meio à tensa situação na Venezuela, como consequência dos contestados resultados eleitorais.

Boric foi um dos primeiros líderes a questionar a transparência do pleito.

Enquanto isso, Lula demorou dois dias para se pronunciar sobre as eleições de 28 de julho.

Embora tenha indicado que foi "um processo normal, tranquilo", o presidente brasileiro fez um chamado para que se publiquem as atas eleitorais, como exigem vários governos que ecoaram as suspeitas de fraude por parte da oposição.

Boric falará na terça

Nem Lula, nem Boric reconheceram o candidato opositor Edmundo González Urrutia como vencedor das eleições, como fizeram os governos de Argentina, Equador, Peru, Uruguai, Costa Rica, Panamá e Estados Unidos.

Também não reconheceram abertamente a reeleição de Nicolás Maduro.

Nesta segunda-feira, Boric evitou falar sobre a Venezuela durante a conferência ao lado de Lula.

"Esta visita trata da relação Chile-Brasil. Sei que podem haver muitas perguntas sobre outros temas (...) Na questão da contingência regional e internacional, em particular sobre a situação da Venezuela, eu vou me manifestar pessoalmente amanhã à tarde", afirmou.

No entanto, em uma entrevista com o jornal El País, o chanceler Alberto van Klaveren afirmou que "o Chile está disponível para desempenhar um papel útil de mediação frente à crise venezuelana".

Em retaliação à postura assumida por Boric frente ao processo eleitoral, a Venezuela expulsou a delegação diplomática chilena em Caracas.

No entanto, o chefe da diplomacia chilena considerou "prematuro" declarar um vencedor das eleições na Venezuela.

O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela proclamou Maduro presidente reeleito com 52% dos votos, contra 43% para González, representante da líder inabilitada María Corina Machado.

A oposição denunciou fraude e assegura que tem provas para demonstrar uma vitória de González.

O CNE não publicou em detalhe o resultado da eleição de 28 de julho: seu site não funciona desde então, como parte do que disse ter sido um "hackeamento maciço" em seu sistema, uma justificativa que especialistas descartam.


AFP e Correio do Povo

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