Produtores rurais cogitam protesto em Porto Alegre caso considerem insuficientes as medidas do governo federal para enfrentar o endividamento do setor
Ato em Rio Pardo, município distante 147 quilômetros de Porto Alegre, reuniu produtores rurais e políticos em busca de soluções para o endividamento do setor primário gaúchoReunidos em Rio Pardo, nesta sexta-feira, 19, produtores rurais gaúchos, mobilizados pelo movimento SOS Agro RS, cogitam tomar a Praça da da Matriz, em Porto Alegre, em protesto contra o eventual não atendimento de reivindicações encaminhadas ao governo federal. O setor primário do Estado clama por soluções para o endividamento decorrente de anos de estiagem e de perdas sofridas com as cheias e enchentes de maio.
“Faço questão, se as respostas não vierem, de ter essas pessoas, e muito mais, em Porto Alegre” disse o governador Eduardo Leite, sobre a possível manifestação, diante do público que lotou o pavilhão do parque de exposições da Expoagro Afubra.
De acordo com Lucas Scheffer, da organização do SOS Agro, “cerca de 10 mil pessoas” compareceram ao evento.
O ato na Capital ocorreria depois do dia 30 de julho, caso a medida provisória anunciada para a data, pelo ministro da agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, seja considerada insuficiente pelos produtores. A prioridade do setor é a prorrogação de parcelas de dívidas de custeio, investimento e comercialização por 15 anos, com 3% de juros e dois anos de carência.
“O que eu peço? Tempo, prazo. Mais vale ter crédito na mão do que no dinheiro no bolso. Peço que não tirem nossa dignidade, nossa condição de pagar nossos compromissos”, afirmou a suinocultora de Encantado Priscila Bonfante, na tribuna, salientando haver sofrido um prejuízo de R$ 1 milhão com o fenômeno climático de maio.
Estado maltratado
Leite discursou durante 16 minutos. Somando o endividamento rural à renegociação da dívida dos Estados, o governador manteve o tom do pronunciamento que fez na noite de quinta-feira, 18, na Federação das Indústrias, sobre o tratamento dispensado ao RS. “O Estado tem sido maltratado. Não é uma crítica ao governo federal de plantão. Isso vem de um componente histórico”, disse, em entrevista coletiva. A abordagem foi elogiada por representantes do agro e políticos presentes ao encontro.
“Quero parabenizar o governador pela fala na Fiergs. A fala demonstra liderança no Rio Grande do Sul”, disse o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura, Carlos Joel da Silva, o primeiro a sugerir o protesto na Capital.
No discurso, Leite criticou o excesso de anúncios do Planalto em socorro à agropecuária gaúcha, sem que as ações tornem-se efetivas.
“Tem uma coisa pior que não dar nada e não responder [às reivindicações]. É não dar nada, não responder e ainda tentar fazer crer que estão fazendo muito”, afirmou o governador, com forte apoio do público.
Aplaudidos em pé
Um dos momentos de maior emoção no ato promovido por SOS Agro RS foi protagonizado pelo presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul, Gedeão Pereira. O dirigente convidou o público presente a aplaudir, de pé, os organizadores do movimento. O SOS Agro apoia as reivindicações apresentadas pela Farsul e pela Fetag ao governo federal.
“Estamos aqui pela força deles. Estamos unidos. E só podemos resolver os problemas se permanecermos unidos”, disse Gedeão.
Os organizadores do SOS foram aplaudidos, em pé, por 25 segundos.
“Foi uma emoção muito forte”, disse Graziele de Camargo, produtora rural de São Sepé e uma das organizadoras do SOS Agro.
Correio do Povo
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