Moradores reivindicam prazos e direito a auxílios prometidos pelo governo e alegam não ter recebido apoio
Um protesto bloqueou a BR 290 na região das Ilhas, em Porto Alegre, na tarde desta sexta-feira (19). Moradores se reuniram para reivindicar a concessão do auxílio estadia solidária e a compra assistida de imóveis para todos os afetados pelas enchentes que perderam suas casas, prometida pelo governo federal. O trânsito ficou bloqueado, mas acabou liberado por volta das 16h20min.
De acordo com os manifestantes, a comunidade quer um posicionamento claro do governo sobre o prazo para a liberação da compra assistida e o direito à estadia solidária para todas as ilhas, permitindo que os moradores possam alugar casas temporárias. Alguns dos moradores alegam ainda não ter recebido nenhum tipo de apoio financeiro.
O protesto é pacífico e conta com a participação de diversas comunidades das ilhas. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) confirmou que a manifestação bloqueou a BR-290 no km 102, sentido Capital-Interior.
Agentes da PRF estiveram no local para negociar a liberação da pista e os manifestantes se dirigiram para o acostamento. Conforme os moradores, não há previsão para que o protesto seja encerrado.
Moradores exigem ação e auxílio imediato
Suellen Pires da Silva, uma das moradoras afetadas, explica que a ação é motivada pela situação difícil enfrentada pelas comunidades. “O pessoal de todas as ilhas está reivindicando a estadia solidária, que são 12 parcelas de mil reais para pagar um aluguel social. Muitas pessoas não têm direito devido à renda. Se você passar do salário mínimo, já não tem direito. Está sendo escolhido a dedo e uns pegam, outros não”, alega.
Outro pedido dos moradores é a compra assistida no valor de R$ 200 mil. “Muitas pessoas não têm onde morar, pois as casas foram destruídas com as cheias”, explica Suellen.
Ela ressalta que as enchentes são um problema recorrente na região, já afetada em setembro e novembro do ano passado. “Muitas pessoas estão em abrigos, casas de familiares ou alugadas. Muitos ainda não receberam o benefício dos R$ 5,1 mil, o programa “Volta Por Cima”, ou os R$ 2 mil do SOS (RS). Está tudo trancado e burocrático. Queremos uma solução já”, afirma.
Suellen comenta, ainda, que muitas casas foram condenadas, mas as vistorias oficiais alegam que são habitáveis. “Eles dizem que é só limpar e entrar, mas não é assim. Temos idosos, crianças pequenas e pessoas acamadas. As condições são precárias. Nós das ilhas somos esquecidos. A burocracia para liberar os benefícios, que são nosso direito, é enorme”, conclui.
Prefeitura afirma ter feito reunião com lideranças
A secretária de Habitação e Regularização Fundiária, Simone Somensi, falou sobre a situação e as demandas dos moradores das ilhas. Segundo Simone, foi realizada na quinta-feira (18) uma reunião de três horas com lideranças das ilhas para esclarecer os procedimentos necessários para acessar os benefícios. “Foram explicados os papéis de cada ente federado, os benefícios e o que cabe a cada um fazer. Estavam presentes representantes do governo federal, estadual e municipal, além da Polícia Rodoviária Federal. Esclarecemos tudo, mas parece que quem está protestando hoje não recebeu as informações”, disse Simone.
Sobre a estadia solidária e a compra assistida, a secretária explicou que os procedimentos estão em andamento, mas que cada caso é único e não é possível fornecer um prazo específico para a entrega das moradias. “Não consigo dar prazo. Eles querem um prazo para a casa nova, mas isso é difícil de estabelecer”, afirmou. Ela concluiu afirmando que as lideranças presentes na reunião ficaram responsáveis por repassar as informações aos demais moradores.
Questionada se tinha conhecimento da reunião, a moradora Sullen afirmou que apenas uma liderança de cada ilha foi chamada para participar. “A gente tem os pés no chão e sabe a compra assistida vai levar um tempo, só que o pessoal quer agora, no momento, a estadia solidária. Minha mãe mora na beira do rio, uma área de risco, e na casa dela não sobrou nada. Mas ela não tem direito porque é aposentada. Só que ela e meu padrasto gastam com remédios. Eles se encontram em aluguel, pagando com a aposentadoria e vivendo de doações. Esse é o ponto que o povo está reivindicando”, pontua.
Protesto bloqueia a BR 290 nessa sexta-feira, sentido Capital-Interior, em Porto Alegre. Manifestantes alegam que moradores das Ilhas não estão recebendo o auxílio Estadia Solidária. PRF está no local negociando a liberação da pista.
— Correio do Povo (@correio_dopovo) July 19, 2024
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