segunda-feira, 1 de julho de 2024

Moradores da Ilha da Pintada pedem dragagem do rio Guaíba

 Durante o período de reconstrução, população da Ilha enfrenta novos alagamentos

Resíduos da enchente de maio se misturam com os novos alagamentos 

Prestes a completar dois meses da enchente, Catia Luciana Alves, moradora da Ilha da Pintada há 54 anos, afirma que espera ver novamente a vida e a beleza na Ilha da Pintada, no arquipélago de Porto Alegre.

Entre as máquinas que ainda retiram os entulhos das ruas e outras vias novamente com água, a professora define o episódio como uma verdadeira calamidade, a pior que já testemunhou em sua vida. "Parecia uma guerra", lamentou.

Catia diz que a situação se agravou ainda mais porque a população da região não estava ciente do grande impacto que estavam prestes a sofrer.
Durante a enchente, Catia teve que se separar temporariamente de seu marido, que ficou na residência enquanto as águas subiam. "Ele teve que fazer sinal com a lanterna, um pedido de socorro na escuridão", contou.

Sobre o futuro, Catia demonstrou preocupação com o apoio governamental. "Espero que o governo e a prefeitura não se esqueçam da Ilha da Pintada. Precisamos de ajuda para reconstruir nossas vidas, especialmente para os idosos e crianças que perderam tudo", apelou ela, refletindo a urgência de medidas efetivas de assistência e reconstrução. “ A ilha aqui era um paraíso. Agora nós vamos ter que começar de novo. E eu vou ajudar o que eu posso. Ainda bem que tem muita gente ajudando”, disse.

Moradores da Ilha da Pintada pedem dragagem do Guaíba. Moradores da Ilha da Pintada pedem dragagem do rio Guaíba. | Foto: Pedro Piegas

Além disso, Catia destacou uma preocupação antiga dos pescadores locais que alertam sobre a necessidade de dragar o rio Guaíba, há anos. "Eles tinham razão. Se tivessem dragado o rio antes, talvez essa tragédia pudesse ter sido evitada", lamentou, ressaltando a importância de ouvir e agir sobre os alertas da comunidade.

Em outro ponto da Ilha, Fernando Souza está olhando a água chegar novamente perto da sua casa e as pilhas dos resíduos retirados das residências, após a enchente de maio, sendo espelhados pela correnteza.

"Nunca entrou água na minha casa, então alguma coisa mudou. São os bancos de areia. Esse é o principal problema. Tem que ser dragado. Olha onde a areia veio parar, dentro das ilhas. Eu sei que vai vir de novo, a minha ideia é tentar fazer um segundo andar para tentar me salvar”, disse o eletricista e pescador revelando que passou três dias em cima de um isopor com sua cadela e cinco filhotes. "Eu tinha uma vitamina de um litro de chocolate e dividi com os cachorros durante três dias. Eu dava na mão e eles lambiam. E eu tomava dois goles. Eu tomei junto com eles”, revelou.



Correio do Povo

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