segunda-feira, 15 de julho de 2024

Lotação das emergências tem superlotação de 172% em Porto Alegre

 Intensificação do frio faz aumentar a procura por atendimentos relacionados a sintomas respiratórios, conforme a Secretaria da Saúde


As emergências dos hospitais de Porto Alegre estão enfrentando o problema de superlotação, com uma lotação geral de 157,64% nas emergências adultas. Essa situação crítica se agravou nas últimas semanas devido ao aumento na procura por atendimentos, consequência das temperaturas mais frias, que tradicionalmente levam a um aumento nos casos de doenças respiratórias.

A situação mais alarmante é no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), com uma superlotação de 253,57%, seguido pela Santa Casa, com 203,57%. Outros hospitais, como o Hospital Restinga e o Hospital Vila Nova, estão em situações melhores, com ocupações de 94,44% e 96,15%, respectivamente, e são os únicos que não têm ocupação acima da capacidade. Quando se incluem as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), a taxa de ocupação total das emergências na cidade chega a 172,13%.

Nas emergências pediátricas, a taxa de ocupação nos hospitais é de 76,19%. O HCPA está com 100% de ocupação, enquanto o Hospital Conceição (HNSC) atinge 118,75%. Outros hospitais apresentam taxas de ocupação abaixo de 55%. Quando se consideram também as UPAs, a ocupação das emergências pediátricas aumenta para 77,78%. O Pronto Atendimento da Lomba do Pinheiro (PALP) está operando com 300% de ocupação, enquanto os demais estão abaixo de 40%.

De acordo com a Secretaria da Saúde, a maior demanda por atendimentos é de pacientes com sintomas respiratórios. Nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Pronto Atendimentos (PAs), a maioria dos casos é considerada leve e poderia ser atendida em unidades de saúde. Para atender essa demanda, oito unidades de saúde foram abertas no domingo.

A emergência do Grupo Hospitalar Conceição está com 206% de superlotação, enquanto a emergência pediátrica do mesmo grupo está com 128% de ocupação, sem restrição de atendimento. A UPA Moacyr Scliar está operando com 270% de superlotação.

Conforme o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (SIMERS), quando há denúncias de superlotação, os grupos médicos realizam visitas in loco para verificar a situação. No entanto, essas visitas não foram registradas na última semana.

A taxa de ocupação dos leitos é considerada um indicador importante para verificar a capacidade do sistema de saúde para atender a demanda por pacientes graves. Uma taxa de ocupação acima de 80% indica que o sistema está sob pressão e há risco de falta de leitos.

Taxa de ocupação por unidade

Hospitais

  • HCPA - 253,57%
  • HNSC - 129,41%
  • IC FUC - 157,14%
  • Santa Casa - 203,57%
  • São Lucas - 160,00%
  • H.Restinga - 94,44%
  • Hospital Vila Nova - 96,15%
  • Total hospitais - 157,64%

UPA s

  • PABJ - 314,29%
  • PACS - 244,44%
  • PALP - 225,00%
  • UPA ZN - Moacyr Scliar - 223,53%

Total geral (hospitais + UPAs) - 172,13%

Estabilidade na curva de atendimentos

Conforme acompanhamento da Secretaria da Saúde, a taxa de ocupação do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), tem mantido certa estabilidade em um recorte dos últimos 30 dias. Em 14 de junho, havia superlotação de 242,85%, enquanto no domingo, 14 de julho, o percentual é de 253,57%. A taxa mais alta de ocupação no período foi de 276,78% no HCPA. Por outro lado, a menor porcentagem foi de 194,64%.

No HCPA, acima de 97 pacientes a emergência é considerada superlotada, o que faz com que sejam atendidos apenas casos de risco de morte. Atualmente, a emergência adulta atende, em média, 140 pacientes, com capacidade para apenas 56 leitos. Na pediatria, com 19 pacientes, são atendidos apenas casos graves, já que a superlotação é considerada acima de 23 pacientes.

Segundo o chefe da Emergência Adulto do HCPA, Daniel Pedrollo, afirma que as causas de internação são diversas, mas o frio provoca um aumento nos casos de doenças respiratórias e descompensação de patologias crônicas, agravando a superlotação.

Pacientes esperam por consultas em frente às emergências

A busca por atendimento médico diante da alta taxa de ocupação fez com que alguns dos pacientes e acompanhantes tivessem de esperar ao lado de fora nas principais emergências da Capital. No HCPA, algumas das pessoas foram vistas na tarde de domingo, aguardando por consultas em frente ao prédio.

Já no Pronto Atendimento da Cruzeiro do Sul (PACS), que atua com mais de 244% acima da capacidade máxima, crianças e adultos aguardavam ao lado de fora para serem atendidos. Embora, no local, o tempo de espera estimado pela Secretaria da Saúde seja de 10 minutos, alguns dos pacientes foram flagrados aguardando há mais de 30 minutos apenas para passar pela triagem.

A auxiliar de serviços gerais, Sheila Pimentel, de 24 anos, acompanhou a irmã que busca por consulta na unidade. “Faz meia hora que estamos aqui e agora que ela passou pela triagem. Está com dor de garganta e dores nos braços. Lá dentro está bem cheio e o pessoal precisa esperar também do lado de fora”, explica.

Apesar do transtorno, ela destaca que a situação já foi pior na unidade. “Hoje até que não está tão demora, em vista de outros dias que já tivemos de esperar mais. Tem vezes que é pior. Pode ter a ver com o dia e o horário”, conclui.



Correio do Povo

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