Possível candidata democrata já arrecadou mais de 100 milhões de dólares para a campanha
"Queremos viver em um país de liberdade, compaixão e Estado de direito ou em um país de caos, medo e ódio?", perguntou Kamala Harris durante um comício nesta terça-feira (23) em Wisconsin, um estado crucial para derrotar Donald Trump, que a considera uma adversária "mais fácil" do que Joe Biden.
"O caminho para a Casa Branca passa por Wisconsin", um dos cinco ou seis estados que decidirão o destino das eleições presidenciais de 5 de novembro, disse a vice-presidente dos Estados Unidos em Milwaukee, no norte dos EUA.
A ex-senadora da Califórnia estava exultante. A sorte sorri para ela desde que Biden desistiu da campanha pela reeleição e pediu que ela fosse apoiada porque "é a melhor".
"Fui informada, nesta manhã, que conquistamos o apoio de delegados suficientes para garantir a nomeação democrata", afirmou.
A maioria dos delegados democratas (cerca de 4.000 pessoas responsáveis por oficialmente nomear o candidato) expressou sua intenção de apoiá-la até a convenção do partido marcada para começar em 19 de agosto em Chicago (norte).
Kamala também conta com o apoio da base, que arrecadou mais de 100 milhões de dólares (R$ 558 milhões) para a campanha em apenas dois dias.
É "uma campanha impulsionada pelo povo", enquanto Trump "depende do apoio de milionários e de grandes corporações" a quem faz promessas "em troca de contribuições", acusou Harris.
A primeira mulher vice-presidente na história dos Estados Unidos diz que lutará por uma classe média "forte" e pelo direito ao aborto.
Uma rival "mais fácil"
Trump, coroado há poucos dias como candidato em uma convenção republicana convertida em adoração ao bilionário, está convencido de que Kamala Harris é uma rival "mais fácil" do que Biden porque "ela é muito mais radical", declarou em uma ligação com jornalistas.
E ele diz estar "absolutamente" preparado para debater com a democrata em mais de uma ocasião, depois de vencer o debate de junho contra um Biden, de 81 anos, desorientado e com problemas para se expressar.
Mas Trump sabe que agora ele é o idoso da disputa. Tem 78 anos, contra os 59 de Harris, que também espera se beneficiar de sua experiência como ex-procuradora para derrotar o republicano, condenado por 34 crimes de falsificação de documentos contábeis para ocultar pagamentos a uma ex-atriz pornô e com vários julgamentos pendentes.
Harris repetiu diante de uma plateia exultante que conhece bem tipos como Trump, que sabe como lidar com "predadores que abusaram de mulheres, golpistas que enganaram consumidores, trapaceiros que quebraram as regras em benefício próprio".
Ambos também serão avaliados pela política externa. Os dois vão se encontrar com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, esta semana em Washington.
Kamala, uma mulher negra de ascendência sul-asiática, está ciente de que tem apenas 105 dias para convencer os americanos de que é a pessoa certa para liderar a maior potência mundial.
Apoio maciço
A candidatura da vice-presidente desperta entusiasmo nas bases democratas após semanas de desânimo e já obteve um apoio maciço entre os pesos pesados do partido. Os líderes democratas no Senado e na Câmara dos Representantes, Chuck Schumer e Hakeem Jeffries, respectivamente, expressaram seu apoio a ela nesta terça-feira, engrossando uma longa lista que inclui vários governadores, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton, a influente legisladora Nancy Pelosi e até a filantropa Melinda French Gates, ex-esposa do cofundador da Microsoft Bill Gates, além do ator George Clooney.
O poderoso sindicato metalúrgico USW se juntou à onda de entusiasmo, destacando em um comunicado que Kamala sempre defendeu os interesses dos trabalhadores. O único democrata de peso que ainda não se posicionou publicamente é o ex-presidente Barack Obama.
A última pesquisa Reuters/Ipsos realizada dois dias depois de Biden desistir da disputa dá à vice-presidente uma ligeira vantagem nas intenções de voto: 44% contra 42% para Trump. Kamala também conta com o apoio de Biden, que a cobre de elogios desde domingo.
O presidente retorna à Casa Branca nesta terça-feira depois de passar quase uma semana isolado em sua casa em Delaware devido à covid-19. Biden fará um discurso à nação na noite de quarta-feira para explicar os motivos que o levaram a desistir da disputa por um segundo mandato.
AFP e Correio do Povo
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