Halyna Hutchins acabou sendo morta por projétil disparado durante filmagens
A Justiça anulou o julgamento de Alec Baldwin por homicídio culposo nesta sexta-feira (12), com base na alegação de ocultação de provas, uma reviravolta surpreendente no processo que buscava esclarecer a responsabilidade do ator na tragédia que abalou o set de "Rust”.
Durante um ensaio no set de filmagem no Novo México, Baldwin empunhava um revólver Colt calibre .45 quando uma bala foi disparada, ferindo fatalmente a diretora de fotografia Halyna Hutchins. Os advogados de Baldwin argumentaram que o ator não tinha responsabilidade em verificar o conteúdo da arma e não sabia que ela continha munições reais.
Na quarta-feira, a defesa apontou que o FBI danificou de forma irreparável a arma usada por Baldwin, o que impedia a defesa de contestar as conclusões da perícia.Um dia depois, os representantes do ator apresentaram uma moção para anular o processo por prejuízo à defesa, argumentando que o Estado não lhes proporcionou acesso a uma evidência potencialmente chave.
Hoje, após interrogatórios tensos de pessoas relacionadas com a perícia que trouxeram dúvidas sobre a utilização da prova mencionada e sobre a parcialidade da promotora Kari Morrissey, a juíza Mary Marlowe Sommer colocou ponto final ao caso.'A retenção voluntária dessa informação por parte do Estado foi intencional e deliberada', disse Sommer. 'Se tal conduta não chega ao nível de má-fé, certamente chega tão perto da má-fé que mostra sinais de prejuízos flagrantes.
''O tribunal conclui que essa conduta é altamente prejudicial ao réu', acrescentou. 'Sua moção para anular o caso em definitivo está concedida.'Baldwin explodiu em lágrimas e abraçou seus advogados ao ouvir a decisão. No fundo, sua esposa Hilaria também começou a chorar.
A questão surgiu na quinta-feira quando Alex Spiro, o advogado de Baldwin, interrogava a perita forense Marissa Poppell, sobre um estojo de balas que as autoridades receberam em março das mãos de um ex-policial, que garantiu que a munição tinha relação com o caso.O ex-policial, no entanto, era amigo da família de Hannah Gutierrez, a armeira responsável do filme, condenada este ano a 18 meses de prisão por homicídio culposo, a mesma acusação que pesava sobre Baldwin.Spiro acusou então a polícia de ter 'enterrado' as provas ao não as apresentar no caso, privando a defesa da oportunidade de analisá-las.
Questionada pela defesa de Baldwin, Poppell relatou ter catalogado as balas, mas que foi orientada a não as incluir como evidência.Por sua vez, a promotora Kari Morrissey disse ao tribunal que nunca tinha visto ou ouvido falar dessas balas antes desta semana.No entanto, a detetive responsável pela investigação, Alexandria Hancock, confirmou hoje que Morrissey estava presente na reunião em que se decidiu pela não inclusão das balas e as deixou de fora da perícia.Assim, Morrissey se ofereceu imediatamente para testemunhar sob juramento, em uma tentativa de recuperar credibilidade. Isso levou a uma nova reviravolta no caso, com a defesa de Baldwin interrogando a própria promotora.
Ela defendeu sua decisão de descartar a evidência, afirmando que as balas eram diferentes das encontradas no set, e que estavam em outro estado durante a gravação.A juíza Marlowe Sommer não se convenceu, e decidiu encerrar o caso.
AFP e Correio do Povo
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