Até os dias atuais, clubes são pontos de convergência para a difusão de ideias e planejamento das comunidades
Em si, as Sociedades estão entre os mais proeminentes e destacados empreendimentos fundados pelos imigrantes alemães. Situados principalmente no interior gaúcho, estes clubes, desde o início da colonização no estado, não apenas agregaram atividades esportivas comuns aos seus membros, mas se tornaram pontos de encontro dos colonos, onde ideias passaram a ser difundidas e postas em prática, fazendo com que houvesse o fortalecimento do vínculo comunitário.
Um exemplo é a Sociedade Orpheu, em São Leopoldo, o clube social mais antigo do Brasil, fundado em 1858, em funcionamento até os dias atuais. Em torno dos clubes, embora não somente por meio deles, as antigas picadas cresceram e tornaram-se prósperas. Praticamente toda comunidade contava com ao menos um, e todos eles acompanharam o desenvolvimento de seus locais de origem. Com diferentes propostas, estes estabelecimentos fizeram raízes na história local, e muitos dos quais mantendo as tradições culturais, seja nos próprios municípios, ou mesmo com atividades além-fronteiras, no caso daqueles que ousaram inovar.
A Sociedade Germânia, hoje no coração do bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre, é a primeira associação em caráter recreativo do Rio Grande do Sul, instituída em 1855. Inicialmente, sua sede era em um casarão na rua Dr. Flores, no Centro Histórico, mas a mudança para a sede social atual foi motivada pela agitação social existente na época das duas guerras mundiais, quando a Alemanha estava no lado oposto do Ocidente no conflito global, e empreendimentos relacionados aos alemães eram vistos com grande desconfiança, e um grande incêndio.
Após os conflitos, a sede estava depredada, e em vez de uma reforma, ela foi trocada por dois andares em um edifício na avenida Independência, onde funciona até hoje, segundo seu presidente, Werner Adelmann. “É possível, hoje, dizer que o espírito alemão é mais preservado no Brasil do que na própria Alemanha, fora na Baviera e regiões próximas, por exemplo”, afirma ele, também engenheiro.
A Germânia ajudou a publicar um livro por ocasião de seus 150 anos, em 2005. A obra bilíngue A Germanidade no Brasil, escrita em português e alemão pela historiadora Nina Tubino, teve também recursos da antiga petroquímica Copesul e da metalúrgica Jackwal, bem como da Lei de Incentivo à Cultura do governo federal, contando a história de todo o período de presença germânica em solo brasileiro, desde a chegada de Pedro Álvares Cabral, no século XVI.
Atualmente, a Sociedade Germânia, que sofreu outro duro baque durante a pandemia da Covid-19, com a perda de sócios, é mantida em grande medida por seus eventos, serviço de buffet e bazares eventuais, além da ligação fraternal entre seus associados. “Antigamente, os pais traziam os jovens para estes locais, a fim de arranjar casamentos, e hoje não é mais assim que ocorre. Quero dizer, os jovens não vão nos bailes dos mais velhos. Porém, felizmente, as sociedades no interior têm este caráter de fortalecer os aspectos tradicionais”, salienta Adelmann.
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Correio do Povo
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