Em Riviera Maia, no sul do México, o fenômeno deixou apenas danos materiais, informaram as autoridades
No centro de Tulum, muito perto da zona de impacto, o Exército mexicano instalou uma cozinha comunitária para as pessoas que não podiam retornar às suas casas devido a inundaçõesO ciclone Beryl perdeu força nesta sexta-feira, 5, e se transformou em tempestade tropical após tocar terra como furacão na região turística da Riviera Maia, no sul do México, onde deixou apenas danos materiais, informaram as autoridades.
O impacto do fenômeno natural ocorreu às 5h05 no horário do centro do México (8h05 de Brasília), com ventos de 175 km/h, resultando na queda de árvores, postes e danos a telhados de edifícios, além de cortes de energia em pelo menos três municípios do estado de Quintana Roo (sudeste), segundo a Defesa Civil.
As autoridades confirmaram em uma coletiva de imprensa que não há machucados nem mortos, assim como não houve danos em estradas e nem no sistema de abastecimento de água.
O fornecimento de energia elétrica estava restabelecido em 70% e sua plena recuperação deve ocorrer até domingo, informou a chefe nacional da Defesa Civil, Laura Velázquez.
Os aeroportos de Cancún, Tulum e Cozumel, por onde milhões de turistas chegam anualmente para aproveitar as praias dessa região caribenha, não tiveram sua infraestrutura afetada, detalhou Velázquez.
A governadora de Quintana Roo, Mara Lezama, confirmou que a operação do terminal aéreo de Cancún foi normalizada a partir das 14h de Brasília, bem como o restante das atividades no estado.
Antes disso, 348 voos programados entre quinta-feira e sábado foram cancelados preventivamente nesse aeroporto, o maior do Caribe mexicano.
Lezama comentou que, segundo especialistas do Serviço Meteorológico Nacional (SMN), a razão do impacto limitado do ciclone Beryl é que seu núcleo chegou à costa "desintegrado", o que reduziu a agressividade dos ventos.
Voltando à normalidade
No centro de Tulum, muito perto da zona de impacto, o Exército mexicano instalou uma cozinha comunitária para as pessoas que não podiam retornar às suas casas devido a inundações e bloqueios de vias, observou a AFP.
Álvaro Rueda, um trabalhador da construção de 51 anos, comentou que, apesar da força do vento, sua casa, feita de materiais precários, não sofreu danos e que a atividade em seu bairro começava a normalizar.
"A maioria das lojas já está aberta", acrescentou.
Bombeiros e funcionários da Defesa Civil trabalhavam na desobstrução de ruas e avenidas que foram bloqueadas por árvores caídas ou cortando aquelas com risco de queda.
Cerca de 2.200 pessoas se instalaram em 58 abrigos temporários preparados para a chegada do Beryl, detalhou Velázquez.
Mais de 25.600 agentes de segurança e funcionários da empresa elétrica estatal CFE atuavam na região do desastre para ajudar a população e realizar reparos, acrescentou a funcionária.
O último boletim emitido às 18h de Brasília pelo Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC, na sigla em inglês), sediado em Miami, indicou que Beryl estava localizado 55 quilômetros a leste de Progreso (norte do estado de Yucatán), com ventos máximos de 100 km/h.
O SMN mantém alerta de tempestade tropical para a região oeste da Península de Yucatán, desde Cabo Catoche até Campeche.
"Espera-se um enfraquecimento contínuo nas próximas horas, à medida que o Beryl avança" através de Yucatán nesta sexta-feira, e uma "reintensificação" quando entrar no Golfo do México nas próximas horas, informou o NHC.
Rumo aos Estados Unidos
O ciclone, no entanto, não deve atingir novamente o território mexicano, pois sua trajetória se desviou para nordeste. O prognóstico indica que ele deve tocar o solo novamente como furacão no litoral de Texas, nos Estados Unidos.
Centenas de turistas tiveram que ser evacuados na região, e as autoridades pediram à população que buscasse abrigo em áreas elevadas.
Beryl é o primeiro furacão da temporada no Atlântico, que vai de junho a novembro, e impressionou os especialistas pela intensidade que alcançou.
Em sua passagem pelo Caribe, deixou pelo menos sete mortos: três em Granada, onde o fenômeno tocou terra na segunda-feira; um em São Vicente e Granadinas e três na Venezuela, segundo autoridades locais.
Os serviços meteorológicos dos Estados Unidos o classificaram como furacão de categoria 5 em parte de sua trajetória, o que o torna o mais precoce com essa potência nos registros.
Os cientistas acreditam que as mudanças climáticas, que aumentam a temperatura da água, favorecem essas tempestades e aumentam as chances de uma rápida intensificação.
A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês) alertou em maio que a temporada de furacões se desenha como extraordinária, com a possibilidade de quatro a sete furacões de categoria 3 ou mais.
AFP e Correio do Povo
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