Indícios apontam que problema não foi causado por ataque hacker
O mundo é afetado por um apagão cibernético nesta sexta-feira, comprometendo diversos serviços pelo mundo, a exemplo do acesso aos aplicativos de bancos e o funcionamento de aeroportos. Em contato com a reportagem do Correio do Povo, o sócio da empresa Scunna, atuante há mais de 35 anos em segurança cibernética, Ricardo Dastis, disse que os indícios apontam que o problema não foi ocasionado por um ataque hacker. Além disso, em sua estimativa, a interrupção pode ser resolvida ainda hoje.
Conforme enfatiza Dastis, todas as informações acerca do apagão ainda são novas, mas se solidifica a hipótese de a falha ter sido causada por um problema numa atualização de um antivírus fornecido pela empresa norte-americana CrowdStrike.
O “bug” no antivírus da CrowdStrike afetou os clientes que utilizam a plataforma da Microsoft. "O fato de os indicativos não apontarem para um ataque hacker é uma boa notícia, já que se fosse, a tendência era de os serviços demorarem mais para funcionar normalmente de novo, devido à maior complexidade nesse caso", pontua o especialista.
Dentre as falhas, o apagão faz aparecer a chamada “tela azul da morte”. Neste caso, o ecrã mostra a presença de um erro grave no sistema Windows. Por provavelmente não se tratar de um ataque cibernético, Dastis prevê que o apagão pode ser resolvido ainda hoje. "Estou otimista em minha previsão porque quando ocorrem erros deste tipo, as empresas já têm um script bem definido do que fazer. E há uma grande mobilização para o problema ser sanado", destaca.
Magnitude do problema
As principais companhias aéreas dos Estados Unidos, incluindo Delta, United e American Airlines, suspenderam os voos no início da manhã devido a "problemas de comunicação", informou a Administração Federal de Aviação (FAA).
Problemas similares afetaram os aeroportos de Berlim, na Alemanha, Amesterdã-Schiphol, nos Países Baixos, Hong Kong, assim como todos os aeroportos na Espanha, anunciaram os administradores dos terminais aeroportuários destes países.
O Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) diz que o apagão impactou, de forma parcial, sistemas de check-in de algumas companhias aéreas no Brasil. "Isto tem provocado alguns atrasos pontuais em voos, mas sem impactos na operação de pousos e decolagens até o momento no Brasil", informa o ministério em nota.
Ao menos quatro aplicativos de bancos brasileiros apresentam falhas hoje. Relatos compilados pela plataforma Downdetector dão conta de contratempos no acesso dos aplicativos do Bradesco e de sua marca digital Next, do Banco Pan e do Neon.
Incidente deve promover reflexão, expressa especialista
O apagão afeta diferentes frentes, sinaliza Ricardo Dastis, muito pelo fato de grandes empresas de tecnologia, as chamadas “big techs”, concentrarem o poder dos serviços no mundo. "Hoje quando falamos em serviços de nuvem, pensamos na Microsoft, Google, Amazon. Essa concentração faz com que o efeito de uma atualização errada num software de terceiro acabasse se amplificando numa espécie de efeito dominó", analisa.
O apagão, para o especialista, deve promover uma reflexão nas empresas que utilizam serviços de computação. "Se acontecer algo do tipo, como posso me proteger ou até mesmo antever o problema? Como deveria ter gatilhos diferentes de soluções que confio? Esses são todos questionamentos que devem ser feitos", salienta.
Correio do Povo
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