sábado, 15 de junho de 2024

No RS, Anielle Franco recebe garantia do governo para implementação de programa voltado aos quilombolas

 Ministra da Igualdade Racial apresentou pleitos para viabilização de outras políticas do mesmo cunho; ministério destinou R$ 1 milhão para ações no Estado

Anielle e Leite se reuniram pela manhã no Palácio Piratini 

A ministra de Igualdade Racial, Anielle Franco, tinha um pedido principal ao governador Eduardo Leite (PSDB) em sua visita ao Rio Grande do Sul, nesta sexta-feira: que o governo gaúcho se comprometesse a aderir e implementar o PNGTAQ, a política nacional de gestão territorial e ambiental quilombola. A política, que assinada em 2023 pelo presidente Lula (PT), diz respeito a criação de planos de ação para melhoria e reconstrução da infraestrutura de modo específico e detalhado com cada território quilombola.

"A gente costuma dizer são os quilombolas que vão manter e ajudar o combate à crise climática, tanto eles quanto os indígenas", reforçou a ministra, ao exemplificar a consonância entre o projeto e as necessidades do Estado. Segundo ela, a recepção tanto do governador quanto dos seus secretários e equipe foi 'excelente'. Das 141 comunidades quilombolas reconhecidas no Rio Grande do Sul, 133 foram diretamente afetadas pela tragédia climática que atingiu o RS.

A ajuda na interlocução com as prefeituras para adesão dos municípios ao Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir) também estava na pauta da reunião com o ministra e o governador. Essa dificuldade de contato com os municípios fez parte das queixas dos coletivos quilombolas à ministra durante agenda nesta tarde.

"Não é só a questão das equipagens, do bem material. Mas esse terceiro ponto é também levar a esperança, levar o som, levar a estrutura, porque muitos lugares não tem estrutura para resguardar o PIR (Promoção de Igualdade Racial). Essa foi uma demanda que a gente fez no ano passado e vamos continuar. Já tem editais previstos e a nossa ideia é que a gente consiga atingir o máximo número aí de municípios possíveis", explicou Anielle.

Durante o encontro com leite, a ministra anunciou a destinação de equipamentos de promoção a igualdade racial, no valor de R$ 1 milhão, para cinco municípios gaúchos: Canoas, Caçapava do Sul, Novo Hamburgo, Dona Francisca e Santa Cruz do Sul. Os materiais compreendem bebedouros, refrigerador, televisão e carro.

Além disso, também foi discutido implementação e expansão do Plano Juventude Negra Viva, programa com o objetivo de construir ações transversais para a redução da violência e outras vulnerabilidades sociais que afetam essa parcela da população.

Empreendedores reclamam dificuldade no acesso a créditos

Um dos problemas enfrentado pelos microempreendedores – e, em especial, aos microempreendedores de origem negra e periférica – é o acesso às linhas de crédito concedidas pelo governo do federal. A informação foi dada pelo ministro de Apoio à Reconstrução do RS, Paulo Pimenta (PT). “Tenho observado dificuldade de determinados grupos para acessarem aos créditos. Está muito difícil a relação com os bancos, corremos o risco de ter linhas de crédito boas que serão acessadas só por quem tem dinheiro e o nosso povo, que foi muito afetado, não conseguir”, afirmou o ministro durante a reunião entre a ministra, políticos e coletivos.

Para sanar esse problema, Pimenta acredita que angariar recursos para um fundo garantidor seria a solução. Partiu de Claudia Dutra, secretária da executiva do Conselho Estadual de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra do Rio Grande do Sul, a ideia de onde poderia partir esses recursos. Segundo ela, poderia ser utilizado os valores do Fundo de Reparações a Comunidade Negra, criado em 2003.

Além do percentual de 5% dos recursos aportados ao Fundo de Amparo a Pobreza serem destinados para esse fundo, os valores oriundos de condenações com cunho ético-racial também são remetidos para esse aporte. O que alimenta esse fundo e possibilita que ele tenha recursos é a destinação de 5% dos valores do Fundo de Amparo a Pobreza e as quantias oriundas de condenações que de cunho natureza ético-racia.

Reunião com coletivos

Em sua segunda agenda da manhã, a ministra ouviu demandas e queixas de deputados e coletivos. Os deputados estaduais Laura Sito (PT) e Matheus Gomes (PSol) pediram uma atenção especial do ministro para população gaúcha, em especial àquelas de quilombolas, em função das consequências das chuvas que varreram o estado.

"(As comunidades quilombola) são as últimas comunidades que estão recebendo comida e, mais do que isso, muitas ficaram de baixo d’água e as que não ficaram perderam sua mobilidade", afirmou a deputada federal Reginete Bispo (PT), afirmando ainda que uma parte significativa da força de trabalho de diaristas e trabalhadoras domésticas, reside nesses locais e não estão conseguindo garantir seu sustento.

Correio do Povo

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