Escola Municipal de Educação Básica Doutor Liberato Salzano Vieira da Cunha, no bairro Sarandi, foi severamente atingida pela enchente do mês passado
Escola é referência para comunidade do bairro SarandiNúcleos, formas, texturas, histórias ao chão. A calçada em frente ao portão principal da Escola Municipal de Educação Básica Doutor Liberato Salzano Vieira da Cunha, no bairro Sarandi, está tomada de objetos, memórias e outras ferramentas antes de valiosas ao aprendizado. De uniformes a livros, símbolo máximo do conhecimento, tudo foi inutilizado pela enchente que atingiu a Capital no mês passado, não passando agora de uma triste metáfora que expressa o drama de milhares de estudantes de diferentes regiões de Porto Alegre.
A inundação da Capital completa 50 dias neste fim de semana. De acordo com a Secretaria de Educação de Porto Alegre (Smed), 42 escolas, 14 próprias e 28 conveniadas à Rede Municipal, foram atingidas. Para absolutamente todos, há muito trabalho para recuperação e incerteza sobre quando voltarão à normalidade.
A EMEB Liberato é a maior do município, com 1,7 mil alunos entre a educação inicial e o ensino de jovens e adultos. Também é referência na educação especial pelo trabalho realizado pela Sala de Recursos para alunos com altas habilidades/superdotação. A instituição completou 70 anos em 2024 e abriu suas portas em 27 de abril para festejar com a comunidade, sem saber que teria o primeiro andar destruído pela inundação uma semana depois.
“Festejamos em um sábado, e no seguinte precisamos do socorro do Exército”, lamenta a professora Renata da Luz, que atua na Sala de Recursos.
Renata e os colegas foram até a escola no dia 4 de maio para tentar salvar o que fosse possível da água, porém as perdas foram muitas. Biblioteca, administração, direção, quadras externas e as salas de aula da Educação Infantil ficaram submersos. Parte dos documentos, equipamentos e mobiliário foi inutilizada. Portas, paredes, pisos e redes elétricas e hidráulicas também estão comprometidas.
Diante de sua importância para o bairro Sarandi, o Liberato foi adotado pela Ambev, que custeará a reforma dos prédios, no entanto, uma recuperação envolve um longo processo. E ainda não há estimativa de quando a obra começará.
Enquanto isso, pais de alunos dão conta de que a direção projeta transferir as aulas para uma Igreja que fica no bairro, embora não comete oficialmente sobre o assunto.
Sem a certeza sobre a retomada, alguns pais buscam transferência de seus dependentes para outras instituições de ensino. É o caso da consultora de amamentação Gisele Corrêa, que matriculou as filhas Ana, de 11 anos, e Alice, de 8, em uma escola particular. “Nem cabia neste momento no orçamento da família, mas era isto ou arriscar que elas perdessem o ano letivo, sem contar o prejuízo no aprendizado delas. Este tempo sem aula diminuída é recuperado de forma adequada”, avalia, Gisele, que também é educadora por formação.
Segundo a Smed, nesta tarde que os trabalhos da empresa especializada contratada pela Prefeitura para limpeza das 14 escolas próprias do município alagadas pela enchente começaram dia 4 de junho, e que tais serviços contam com investimento de R$ 1,6 milhão. Já para as reformas estruturais dos prédios escolares, serão definidas na próxima semana as empresas responsáveis pelo contrato de obras com investimento de R$ 85 milhões. O contrato prevê obras em 93 escolas da Capital, incluindo as alagadas.
No momento, não há prazo estimado para a liberação de nenhuma das instituições atingidas.
Pelo menos 2.620 crianças atendidas pelas conveniadas estão sem atendimento. A Smed não informou o número de estudantes sem aula nas instituições mantidas pela prefeitura.
No início da tarde desta sexta-feira, a diretora da Escola Municipal de Educação Básica Doutor Liberato Salzano Vieira da Cunha, Rochele Soares, informou que o retorno das aulas ocorrerá na primeira semana de julho. O local, no entanto, não foi anunciado. Ela também encaminhou nota sobre a situação dos prédios da instituição.
Confira íntegra:
”A Escola Liberato realmente foi bastante atingida pela enchente, onde o andar térreo foi severamente comprometido. Estamos trabalhando muito desde o inicio da enchente, numa busca ativa dos estudantes, podendo dar acolhimento e na medida do possível, mantermos nosso vínculo com a comunidade escolar.
Temos no atual momento, a confirmação de prédio locado para iniciarmos nossas atividades com a maior brevidade. Mantendo assim, estudantes e docentes, pertencentes ao seu convívio no bairro. E com a certeza, de que estaremos fortes e alicerçados numa base Pedagógica e acolhedora, onde a comunidade escolar estará, o mais próximo possível, de sua rotina de vida, no bairro Sarandi."
Correio do Povo
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