quarta-feira, 12 de junho de 2024

Lama, lixo e casas arrastadas para o meio da rua: a longa e difícil reconstrução de Eldorado do Sul

 Município da região metropolitana de Porto Alegre foi um dos mais atingidos pela cheia que assolou o Estado em maio deste ano

Casas inteiras foram deslocadas pela força da água 

Ao caminhar em algumas das ruas de Eldorado do Sul, a sensação é de que a reconstrução vai demorar mais do que é projetado. Mesmo em bairros próximos da área central, como a Vila da Paz, ainda existem casas inteiras, literalmente, no meio da rua.

O município da região metropolitana de Porto Alegre foi um dos mais atingidos pela cheia que assolou o Estado em maio deste ano. A água baixou, mas o sofrimento persiste em cada quadra percorrida. Ficaram para trás lixo, ruas embarradas, moradias arrasadas e gente vagando em busca do que restou.

Na avenida Getúlio Vargas, os sons de martelos, talhadeiras, lava-jatos e vassouras ainda predominam. Nesta tarde, no alto de uma parede, o autônomo Paulo Josir Costa assentava tijolos, fechando um buraco no telhado da casa do filho. Metros adiante, a aposentada Zulmira Conceição, 69 anos, lavava as paredes de alvenaria da moradia, acompanhada pelo esposo, o marceneiro Pedro Cunha Conceição, 71, que controlava o jato de água.

“Aos poucos, vamos organizar a volta para casa”, contou a idosa.

A duas quadras de distância, o caos ainda predomina. Ao menos três casas em madeira foram arrastadas pela correnteza para o meio da Getúlio Vargas, Uma delas desmontou e está misturada aos pertences deixados pelos moradores do bairro nas calçadas. Outras duas, ainda inteiras, dificultam a circulação de veículos e o trabalho de limpeza dos vizinhos.

Construção tombou e foi arrastada por cerca de cinco metros Construção tombou e foi arrastada por cerca de cinco metros | Foto: Mauro Schaefer

Nesta terça-feira, o vice-governador do Estado esteve em Eldorado do Sul. Ele conferiu o trabalho de recuperação da cidade. Gabriel Souza visitou a Escola Municipal David Riegel Neto, que está sendo higienizada com auxílio de apenados mobilizados pela Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), e percorreu ruas atingidas e que recebem ações de limpeza urbana e restabelecimento de serviços essenciais.

O município da Região Metropolitana teve 71% de sua área urbana inundada na enchente e 31.964 moradores afetados, segundo dados do Mapa Único do Plano Rio Grande (MUP).

“A Secretária de Desenvolvimento Urbano (Sedur) enviou maquinários que otimizam o trabalho. Essas são medidas importantes para que possamos restabelecer os serviços básicos no município”, destacou o vice-governador Gabriel Souza.

Divididos em três equipes, 50 apenados trabalham na retirada de entulhos e a organização das escolas municipais de Ensino Fundamental David Riegel Neto, La Hire Guerra e Nossa Senhora Medianeira. O trabalho é coordenado por servidores da Polícia Penal, que monitoram os detentos.

Correio do Povo

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