domingo, 23 de junho de 2024

Conheça as ruas fantasmas no extremo Sul de Porto Alegre

 Bairro Lami tem vias e imóveis desabitados após enchente

Bairro Lami tem casas abandonadas após enchente 

Praticamente todas as casas na beira do Guaíba, no bairro Lami, estão abandonadas. É verdade que a maioria dos imóveis foi destruída pela força da água e não têm mais condições de servir como residência. No entanto, também há parte dos moradores que deixou o local por temer receio de uma nova enchente devastar o restante das estruturas no extremo Sul de Porto Alegre.

Após a debandada de mais de 300 pessoas, desde o início de maio, as vias no bairro Lami têm aspecto fantasmagórico. Houve redução até dos relato de invasões a domicílio, porque quase já não há mais o que os criminosos possam furtar.

Na rua Candido Genro Neto, a única movimentação na manhã deste sábado era de pessoas que, em meio a ruínas, tentavam recuperar itens que a água não levou. Ali, uma casa de bailes que animava as noites da região foi reduzida a poucos pedaços. Apenas cães, gatos e urubus perambulam na localidade em busca de alimentos.

O maior número de pessoas se concentra na Estrada Otaviano Jose Pinto, onde um trecho virou ponto de encontro para 15 voluntários.

O grupo montou tendas onde duas refeições diárias são distribuídas. De acordo com eles, aproximadamente 500 marmitas são entregues na hora do almoço e outras 200, para o jantar. Mais de 700 pessoas são atendidos no local, onde também ocorre a doação de roupas.

Quem coordena os voluntários é o pescador Lauri Goettems, de 44 anos, mais conhecido como Neni do Lami. Natural do município de Mondaí, em Santa Catarina, mas residindo na Capital desde 1991, ele também perdeu a casa e passou a morar em um galpão.

Conforme o relato do pescador, a enchente abalou a saúde física e psicológica dos moradores. “As pessoas estão abatidas. Outro dia um vizinho teve um ataque cardíaco e morreu. Ele estava em depressão profunda desde que perdeu a casa. Acreditamos que isso esteja diretamente relacionado com a morte. Faleceu de desgosto”, refletiu o voluntário.

É para reanimar os moradores do Lami e angariar mais doações que Neni planeja reunir artistas regionais. A ideia dele é interditar montar um palco na Estrada Otaviano Jose Pinto e interditar a via na hora do show, que será gratuito.

“Precisamos mostrar para a população que ainda há muito vida no bairro Lami. Além disso, também é a chance de reunir mais doações”, afirmou o pescador.

Correio do Povo

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