Presidente da Abav relata que os primeiros dias têm sido de resgate, remarcações e reembolsos para o setor, que já está sendo duramente afetado pelo fechamento do aeroporto
O setor de agências de viagens do Rio Grande do Sul, assim como praticamente todas as áreas econômicas do Estado, está enfrentando sérias dificuldades devido ao fechamento do Aeroporto Salgado Filho e as restrições colocadas pelo cenário deixado pelas enchentes.
As viagens curtas, que são mais frequentes e demandadas, estão entre as mais prejudicadas até o momento, conforme relata João Augusto Machado, presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens do Rio Grande do Sul (Abav RS). “Viagens de curta duração, como um final de semana no Rio de Janeiro, por exemplo, estão sendo canceladas em massa”, relata Machado.
Com o aeroporto fechado, os passageiros precisam se deslocar até Florianópolis ou outras cidades para pegar voos, o que torna essas viagens rápidas inviáveis. “Esse tempo extra de deslocamento acaba tornando a viagem longa demais para o curto período que as pessoas têm”, explica.
Além disso, as remarcações de passagens têm sido um desafio constante para o setor. “Cada companhia aérea tem sua própria política e cronograma para liberar as operações. Isso torna o trabalho de remarcação extremamente complicado”, explicou Machado. Algumas companhias oferecem voos apenas a partir de São Paulo ou Rio de Janeiro, sem cobrir os custos de deslocamento dos passageiros até essas cidades, o que gera insatisfação entre os clientes.
As agências também estão sofrendo com a suspensão das vendas de passagens aéreas a partir de Porto Alegre, determinada nesta semana pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) – mesmo para períodos mais distantes - o que afeta diretamente seu fluxo de caixa. “Precisamos de vendas para gerar capital, pagar impostos e funcionários”, destacou Machado.
Os prejuízos se estendem além das operações de voo. Muitos agentes de viagem tiveram que lidar com a insatisfação dos clientes. “Tivemos casos de clientes que perderam reservas de hotéis, ingressos para parques e locações de carros, sem saber a quem cobrar por esses prejuízos”, contou o presidente da Abav RS. “A cobrança seria para as próprias companhias, mas elas também são afetadas por algo que é alheio à vontade delas”, pontua.
Desta forma, a associação tem trabalhado para mitigar esses problemas, estabelecendo comitês específicos para lidar com as companhias aéreas e coordenando campanhas de doação para ajudar tanto os profissionais do setor quanto as agências afetadas.
A reabertura do Aeroporto Salgado Filho ainda não tem uma data definida, o que é considerado um fator que preocupa ainda mais diante desta situação. “A principal dificuldade é que a Fraport ainda não teve acesso às estruturas do aeroporto para avaliar os danos e começar os reparos”, explicou Machado. A situação com a Base Aérea de Canoas também está sendo tratada, mas depende de ajustes das companhias aéreas sobre as frequências de voo e as rotas que serão operadas.
Os danos materiais para as agências também são significativos. “Muitas agências perderam tudo, desde computadores até todo o escritório. Estamos trabalhando para ajudar essas empresas a se reerguerem”, relatou Machado. A Abav RS tem distribuído formulários para que as agências afetadas possam relatar seus prejuízos e buscar assistência.
Além disso, a associação está em diálogo com o governo e outros órgãos relevantes para buscar soluções que aliviem o impacto econômico sobre o setor. “Estamos procurando os órgãos do Ministério do Turismo e do governo estadual para ver que medidas podem ser tomadas, como as que foram implementadas durante a pandemia, como a suspensão de contratos de trabalho e medidas de proteção ao turismo”, detalhou Machado.
“Durante a pandemia, tivemos medidas que ajudaram a proteger tanto as agências quanto os clientes, como a transformação de créditos de viagens canceladas. Precisamos de soluções similares agora", complementou.
Internamente, a Abav RS tem mobilizado recursos para campanhas de doação e apoio aos profissionais afetados pelas enchentes. “Estamos engajados em campanhas para ajudar tanto as vítimas das enchentes quanto os profissionais do turismo que foram afetados”, disse Machado. “Distribuímos formulários para que as agências possam relatar seus prejuízos e estamos trabalhando para fornecer a assistência necessária”, detalhou.
Apesar do cenário desafiador, a empatia dos clientes tem sido um fator de alento. “Agradecemos aos passageiros pela compreensão e paciência neste momento difícil”, concluiu Machado.
Associação nacional pede para que viagens não sejam canceladas
Enquanto em nível estadual a Abav está focada em atender os associados e clientes, na esfera nacional a associação também expressa solidariedade ao Rio Grande do Sul e, em especial, ao setor que representa. Visando amenizar as perdas, a entidade está promovendo uma campanha através das redes sociais, pedindo que os clientes não cancelem as viagens ao Estado, mas remarquem.
Confira nota publicada pela Abav:
“A ABAV-RS está solidária com o Rio Grande do Sul neste momento difícil e está comprometida em apoiar os esforços de recuperação e assistência à comunidade local. A ABAV Nacional apoia essa iniciativa e compartilha com todos a chave PIX da ABAV-RS para doações. Qualquer valor é bem-vindo e será integralmente destinado para ações de apoio e recuperação da região.
Vamos nos unir nessa causa! Juntos podemos fazer a diferença. Ao apoiar a recuperação do Rio Grande do Sul, estamos fortalecendo o Turismo e ajudando as pessoas a reconstruírem suas vidas.”
Correio do Povo
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