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quarta-feira, 29 de maio de 2024

Um mês após o início das chuvas, como estão algumas das cidades mais atingidas no RS

 Estado contabiliza ao menos 169 mortos, mais de 630 mil pessoas estão fora de suas casas e 2,3 milhões foram afetados em 469 municípios gaúchos

Alagamentos mudaram o cenário em Porto Alegre e diversos municípios no interior do Estado 

Com a manchete de que “estradas viraram rios no interior”, o Correio do Povo retratava o que havia acontecido no dia 29 de abril, ainda sem que, nem o mais pessimista, pudesse dimensionar o que estaria por vir ao longo do mês seguinte. Passados exatos 30 dias do início dos episódios de chuvas volumosas, o saldo no Estado é o da maior catástrofe climática já registrada no Rio Grande do Sul.

Conforme a Defesa Civil Estadual, até o final da tarde de terça-feira (28), ao menos 169 pessoas perderam a vida em decorrência de alagamentos, deslizamentos e descargas elétricas, dentre outras ocorrências relacionadas às chuvas. Além disso, mais de 800 pessoas ficaram feridas, enquanto outras 53 seguem desaparecidas.

Entre os 497 municípios do Estado, ao menos 469 tiveram algum tipo de transtorno em decorrência das chuvas, resultando em 2,3 milhões de pessoas diretamente afetadas. Até o início da semana, pelo menos 630 mil gaúchos seguiam fora de suas casas, sendo 48,7 mil em abrigos e 581,6 mil desalojados.

O rastro de destruição se espalhou por diversas regiões do Estado. Em várias delas, as maiores enchentes, deslizamentos e demais estragos foram os maiores da história. Nos vales de rios como Taquari, Pardo, Jacuí, Caí, Paranhana, Sinos e Gravataí, assim como nas cidades banhadas pelo Guaíba e pela Lagoa dos Patos, ficaram concentrados a maioria dos afetados por alagamentos.

Nas demais áreas do Estado, quedas de rodovias e demais estragos deixaram localidades isoladas e o acesso dificultado em centenas de municípios. A seguir, confira como está a situação de alguns dos principais municípios atingidos pelas enchentes, em diferentes regiões, um mês após os primeiros transtornos:

Lajeado

De acordo com o prefeito de Lajeado, no Vale do Taquari, Marcelo Caumo, três grandes problemas ainda são encontrados na cidade. São eles a limpeza, a ligação viária e a situação dos desabrigados. “A limpeza, que é o mais simples dos problemas, está em andamento e uma boa parte já foi feita. Muitos municípios auxiliaram com caminhões e maquinários. Então, é um longo trabalho ainda pela frente, mas ele está avançando bem”, explica.

Caumo relata que, na questão das ligações viárias, há um grande desafio. “Temos a ligação de Lajeado e Arroio do Meio, da parte baixa com a parte alta do Vale, como um desafio, porque as duas pontes, tanto a da RS 130 quanto a ligação principal que existia, elas foram levadas pelas armas. Mas passados mais de 25 dias, para conseguir retornar essa ligação, elas estão em execução. Então é aguardar o tempo necessário para que elas possam ser concluídas. Esse acesso é fundamental para que vários municípios da região possam receber insumos e donativos”, relata.

Já em relação aos desabrigados, pessoas que perderam suas casas, o prefeito considera o maior desafio da Prefeitura. “Não só em Lajeado, mas de todo o RS, o processo está muito trancado e burocratizado. Muito demorado. Eu acredito que a gente vai conseguir fazer algumas entregas antes de outros municípios porque está nesse processo iniciado em setembro de 2023. Então se passaram oito meses e a gente não conseguiu ainda colocar um tijolo para a construção das casas e não houve grande avanço nessa enchente de 2024. Esse é um desafio para o Estado e para a União simplificar esse processo, senão as pessoas vão sofrer demais”, afirma Caumo.

Ainda segundo o prefeito, em torno de 15% da cidade foi atingida pela enchente e cerca de 1300 estão desabrigadas, enquanto o número de desalojados é considerado muito maior. “As pessoas acabam indo pra casa de parentes e amigos. E essa é uma enchente que pegou, tanto as pessoas de uma classe social mais baixa, quanto uma parcela significativa de uma classe média que, apesar da dificuldade, tem uma facilidade maior do que os demais”, conclui.

Conforme a Defesa Civil, duas pessoas morreram em decorrência das enchentes na cidade. Outras cinco pessoas seguiam desaparecidas, até o final da tarde de ontem.

Caxias do Sul

Diferentemente de algumas regiões que sofreram com enchentes, Caxias do Sul, na Serra, também enfrentou outros desafios decorrentes das chuvas intensas. Segundo o prefeito Adiló Didomenico, embora a área urbana não tenha sido severamente impactada por alagamentos, dois loteamentos ficaram isolados.

A cidade implementou uma série de medidas ao longo dos anos que ajudou a mitigar os danos na área urbana. No entanto, a situação no interior do município foi muito grave. “A subprefeitura de Vila Cristina ficou embaixo da água, a UBS, toda frota de caminhão e máquinas, que até agora a gente não conseguiu recuperar nada,” relata. Além disso, segundo o prefeito, praticamente todas as pontes e pontilhões foram destruídos no interior do município. “Não sei se sobrou algum intacto. Foi uma destruição completa”, acrescentou.

O prefeito destacou a severidade dos danos em propriedades rurais, muitas das quais perderam plantações e até o solo, que foi levado pelas chuvas. “Nós temos 500 propriedades rurais severamente atingidas que, sem a ajuda do governo federal e estadual, não vão conseguir se recuperar.”, lamenta.

Didomenico explica, ainda, que Caxias do Sul tem 4 mil quilômetros de estradas de chão e todas foram afetadas por deslizamentos ou rupturas. “Só para ter uma ideia, o principal corredor que sai com produtos do lote fruto engenheiro para Porto Alegre está totalmente destruído”, ressaltou.

A estrada que liga Vila Cristina e Santa Lúcia também está completamente destruída. “Estamos pedindo, inclusive, ajuda para a Engenharia do Exército para fazer uma análise e ver o que a gente pode fazer para recuperar esta estrada”, conta Didomenico

Na área urbana, a cidade conseguiu manter suas operações, e o aeroporto tem funcionado adequadamente. Caxias do Sul também se tornou um centro de recebimento e distribuição de donativos para o estado.

Apesar dos estragos, não há mais pessoas em abrigos temporários. “Nós encerramos o abrigo domingo. O que existe são 33 famílias em Galópolis que estão fora de casa, mas abrigadas em casas de parentes e amigos”, relata o prefeito. Conforme a Defesa Civil, 10 pessoas morreram na cidade.

Canoas

Segundo o secretário-chefe do Escritório de Resiliência Climática (Eclima) de Canoas, José Fortunatti, a situação na cidade ainda é crítica, especialmente no lado oeste. “Grande parte dos bairros do lado oeste, que é o lado esquerdo de quem vem pela BR 116 (sentido Capital/interior), ainda está alagada. O nível da inundação diminuiu, mas muitas quadras ainda estão debaixo d’água”, relata Fortunatti. Atualmente, 76 abrigos institucionais estão em funcionamento, abrigando 12 mil pessoas. O maior deles, na ULBRA, acolhe 2.500 pessoas. Além disso, quase 80 mil pessoas em abrigos voluntários.

Sobre o impacto total na cidade, Fortunatti explica que, segundo o levantamento feito pela Prefeitura, 148 mil moradores, se 63 mil domicílios, foram atingidos. Além disso, 6,5 mil estabelecimentos, incluindo religiosos, de saúde, ensino e comerciais, sofreram danos.

Fortunatti menciona que alguns bairros, como Mato Grande, onde não há Dique, já começaram a se recuperar. “Este foi o primeiro bairro a ser atingido e, consequentemente, o primeiro a começar a recuperação”. No entanto, a situação ainda é delicada. “Não incentivamos o retorno às casas devido ao risco de doenças, mas muitos moradores estão voltando por medo de saques e roubos”.

Os esforços de limpeza e drenagem estão em andamento, com 20 bombas já em operação. Fortunatti enfatiza que a remoção da água é prioridade, mas o processo é complicado por chuvas recentes. “Na sexta-feira passada, tivemos uma chuva de 109 milímetros em um único dia, muito acima da média histórica de maio”, conta.

O acesso aos bairros ainda alagados é um dos maiores desafios. “Temos locais onde a água tem um metro e meio de altura, dificultando a mobilidade e o acesso às casas”, detalha o secretário. Quanto às vítimas, Fortunatti confirma os números da Defesa Civil Estadual, que aponta 27 óbitos e 12 desaparecidos.

Por fim, ele destaca que Canoas já começou a projetar a fase de reconstrução. “Reunimos 70 entidades da sociedade civil para começar a pensar no futuro e na recuperação da cidade, além de continuar a assistência às pessoas afetadas. Estamos distribuindo cestas básicas, acolhendo nos abrigos e olhando para a recuperação a longo prazo”, finaliza.

Novo Hamburgo

Segundo Fernanda Luft, Procuradora Geral do Município e uma das coordenadoras do trabalho de atendimento às vítimas, a situação em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, ainda é preocupante, com alagamentos persistindo em alguns bairros. "O município já fez a contratação de bombas para retirar a água dos bairros e despejá-la no rio. Temos também uma bomba da Sabesp, do estado de São Paulo e fizemos convênios com arrozeiros para a utilização de suas bombas. Ao todo, serão seis bombas funcionando para tentar baixar o nível da água o mais rápido possível”, explica Fernanda.

Ela também detalhou o impacto dos alagamentos. “Novo Hamburgo tem 250 mil habitantes, e estimamos que 30 mil pessoas foram atingidas, principalmente nos bairros Santo Afonso e Canudos, com aproximadamente 10.400 casas afetadas. Canudos já está em uma situação mais tranquila, mas Santo Afonso ainda tem cerca de 12 mil pessoas enfrentando alagamentos”, conta.

Sobre o retorno dos moradores às suas casas, ela ressalta que algumas pessoas da Santo Afonso já conseguiram voltar, mas uma parte do bairro ainda está em uma situação crítica. No entanto, os acessos não estão mais comprometidos, e a ponte do Rio dos Sinos já foi reaberta.

Quanto ao número de desabrigados e desalojados, Fernanda detalha que cerca de 2 mil pessoas seguem em abrigos oficiais, mas a maioria dos abrigos que foram abertos inicialmente já estão fechados. “Desalojados são difíceis de estimar, mas tínhamos cerca de 30 mil pessoas fora de casa no pico da crise. Felizmente, não tivemos óbitos ou desaparecidos”.

Fernanda também destaca os esforços contínuos de apoio às vítimas e diz que o abrigo continuará ativo enquanto as pessoas não puderem retornar às suas casas, o que deve durar pelo menos mais um mês. “Estamos também planejando soluções de longo prazo, como aluguel social e locais para novas residências, especialmente para aqueles cujas casas foram totalmente destruídas”, conclui.

São Leopoldo

Conforme o prefeito de São Leopoldo, Ari Vanazzi, a cidade do Vale do Sinos ainda enfrenta desafios significativos devido às recentes enchentes. “Aqui, continuamos com o trabalho intenso de todas as nossas equipes. A maior dificuldade que temos ainda é tirar a água de dentro da cidade, principalmente nos bairros Campina, Vicentina e Vila Brás. São três regiões que ainda têm muita água, apesar da instalação de várias bombas e anfíbios”, explica.

Segundo ele, o município tem dedicado esforços contínuos desde o primeiro dia de enchentes, “Tentamos recuperar o sistema instalando seis bombas alocadas em três bacias da cidade. Agora, estamos tentando recuperar as bombas originais. Algumas já estão funcionando e outras estão em processo de recuperação”.

Vanazzi também forneceu números sobre o impacto das enchentes. "Cadastramos 34 mil residências atingidas, das quais 60% ainda têm dificuldade de acesso. Cerca de 40% dos moradores conseguiram começar o processo de limpeza de suas casas. Infelizmente, a chuva contínua tem dificultado esses esforços, com 23 mil famílias ainda fora de casa ou com dificuldade de retorno”, detalha.

Quanto à população afetada, Vanazzi mencionou que a enchente atingiu aproximadamente 180 mil pessoas, com 100 mil fora de casa. “Nos abrigos, temos cerca de 14 mil pessoas. Todas as pontes da cidade estão liberadas, permitindo circulação normal, mas os acessos internos aos bairros ainda são problemáticos”, disse.

São Leopoldo contabiliza nove óbitos e uma pessoa está desaparecida, conforme dados da Defesa Civil.

Três Coroas

De acordo com o prefeito Alcindo de Azevedo, Três Coroas, no Vale do Paranhana, já está na fase de recuperação, focando no levantamento dos imóveis afetados. “Estamos levantando os imóveis, as casas que foram embora, e estamos na limpeza da cidade em si. Mas o grosso mesmo, a imagem cheia da cidade, a gente, graças a Deus, já conseguiu dar um basta”, relata.

Azevedo destaca que a cidade já começou o trabalho de limpeza e que está sendo uma tarefa contínua. “Nós recolhemos o entulho de praticamente toda a cidade. Tem vários lugares que a gente já fez quatro vezes, passando, limpando, porque o pessoal já vai colocando mais”, conta.

Além disso, o prefeito menciona a necessidade de reconstrução de pontes. “Nós temos que reconstruir pontes, já conseguimos ajeitar duas cabeceiras de pontes. Mas, agora, o que estamos enfrentando são os deslizamentos nos morros. Estamos com uma equipe do Rio de Janeiro aqui para dar um suporte”, relata.

Sobre o impacto nas residências, Azevedo afirmou que 80% da cidade foi afetada de alguma forma. “Atingidas, nós tivemos 18.200 pessoas. A nossa população é de 25 mil habitantes”, conta. O acesso à cidade foi restabelecido, mas algumas áreas rurais ainda enfrentam dificuldades. “No interior, temos localidades com acesso difícil. Estamos trabalhando para melhorar essas áreas”, acrescenta.

Três Coroas registrou três óbitos devido à enchente. “Foram duas crianças e um senhor de 66 anos de idade. Graças a Deus, não temos desaparecido”.

Santa Maria

O prefeito de Santa Maria, na região Central do Estado, Jorge Pozzobom, destacou as medidas adotadas após as chuvas que afetaram a região. “A gente conseguiu superar a primeira fase, que foi aquela de socorrer, de tirar as pessoas da área de risco. Levamos as pessoas que perderam casas para abrigos, e conseguimos aprovar um projeto de aluguel social, onde a prefeitura paga R$ 1.200 por mês. Já temos 45 famílias com contratos assinados e mais de 140 cadastros aprovados”, relata.

Pozzobom explica que o foco agora é apoiar as pessoas por meio de projetos sociais e na reconstrução da cidade. “Santa Maria não sofreu uma inundação gigantesca como na Região Metropolitana ou no Vale do Taquari, mas tivemos um problema muito forte na infraestrutura. Precisamos de R$ 110 milhões para recuperar ruas, drenagem e marcos de drenagem”.

O prefeito também falou sobre a situação dos desabrigados. “Temos 29 famílias desabrigadas, mas todas já têm um local seguro para ficar. Nossa prioridade inicial foi resolver a moradia temporária, e agora estamos buscando soluções para moradias definitivas. O percentual da cidade atingida é de 70%, especialmente na infraestrutura”, detalha.

Em relação aos acessos à cidade, Pozzobom pontua que a situação está sendo gradualmente resolvida. “Será liberada uma ponte provisória na BR 287 com o apoio do exército. De Santa Maria e Porto Alegre ainda têm cinco trechos totalmente destruídos, mas estamos trabalhando para resolver isso. O mais importante no momento é a ligação dos municípios menores com Santa Maria”.

Pozzobom também comentou sobre a situação das cidades vizinhas. “Algumas cidades como Nova Palma tiveram casas afetadas na beira do rio, mas a cidade em si não foi tão atingida. Estamos em contato constante para prestar o apoio necessário”.

Por fim, o prefeito afirma o compromisso da administração. “Estamos focados em socorrer, apoiar e reconstruir. Esse tripé é o que estamos fazendo para ajudar todos os afetados”. A cidade não teve mortos e não possui desaparecidos.

São Sebastião do Caí

Conforme a Prefeitura de São Sebastião do Caí, no Vale do Caí, a cidade está enfrentando a maior enchente de seus 149 anos de história, iniciada no dia 30 de abril. No momento em que o município celebrava seu aniversário, o Rio Caí atingiu o nível recorde de 17,60 metros na noite de 2 de maio de 2024. Simultaneamente, o Rio Cadeia alcançou 11,88 metros, inundando a Avenida Dr. Bruno Cassel, próximo ao pórtico Sul, e a ERS 122.

A enchente afetou não apenas as áreas ribeirinhas, mas também o centro da cidade e várias áreas anteriormente nunca inundadas. De acordo com o Corpo de Bombeiros Voluntários de São Sebastião do Caí, nos dias 1 e 2 de maio, 1.264 pessoas foram resgatadas.

Levantamentos prévios indicam que o setor do comércio e indústria registrará prejuízo superior a R$ 120 milhões. Duas escolas estaduais foram atingidas, além de 5 instituições de ensino municipais. Não houve nenhuma ponte ou passarela danificada. Não temos um levantamento das casas que foram atingidas e também não há registros de mortos ou desaparecidos.

Pelotas

A cidade de Pelotas, no Sul do Estado, ainda enfrenta uma situação crítica devido às enchentes, que representam a maior crise hídrica da história do município. A prefeita Paula Mascarenhas faz um panorama detalhado das ações em curso e da situação atual. “Estamos completamente mobilizados aqui em Pelotas, dedicados totalmente para o enfrentamento dessa crise que é sem precedentes aqui, também a maior enchente que nós já enfrentamos na história do município. Nós criamos uma sala de situação na qual participam todas as forças de segurança municipais, estaduais e federais,” explica.

A prefeita destaca que, diariamente, as equipes se reúnem para avaliar dados e fazer projeções, mantendo a população informada através de comunicados ao vivo. “Definimos áreas de risco a partir dessas projeções da Universidade e pedimos para as pessoas evacuarem essas áreas. Tivemos sucesso, algum sucesso, nem todo mundo aprendeu, mas muita gente saiu”.

Atualmente, cerca de 700 pessoas estão abrigadas em locais públicos e privados. O sistema de contenção de cheias do município tem funcionado bem, apesar dos desafios enfrentados, como o pico do nível do canal que atingiu 3,13 metros, muito acima do recorde histórico anterior de 2,88 metros. “Segunda-feira foi o dia mais grave que nós enfrentamos aqui, por conta no vento leste, forte, das chuvas intensas, e o canal e a lagoa já estavam a níveis muito altos," relata Paula.

Em termos de acessos, a cidade teve problemas temporários, mas a situação já está se normalizando. A prefeita menciona que a BR 116 e outras vias tiveram interrupções, mas o transporte e a infraestrutura estão voltando ao normal. “O nosso aeroporto funciona normalmente também. Então, não tivemos graves problemas de acesso”, acrescenta.

Paula enfatiza a importância do tempo de preparação que a cidade teve ao observar as enchentes na região metropolitana e tomar medidas proativas. Sobre a previsão de normalização, a prefeita explicou que é difícil fazer uma previsão precisa devido à natureza dinâmica do sistema, mas os técnicos indicam que a situação deve começar a melhorar em breve.

De acordo com a base de dados da Prefeitura, dos mais de 5,8 mil cadastros efetivados no Auxílio Reconstrução, do governo federal, 3.039 são das localidades do Laranjal (balneários Santo Antônio, Valverde e Pontal da Barra), 1.012 da Colônia de Pescadores Z3 e 1.807 das demais localidades atingidas.

Rio Grande

O prefeito Fábio Branco, detalha da situação atual em Rio Grande, no Sul do Estado, e destaca a influência do vento na elevação do nível da Lagoa dos Patos, que mantém a cidade em um estado de alagamento constante.

Apesar das previsões de chuvas intensas associadas a um ciclone, a situação não se agravou tanto quanto o esperado nos últimos dias, mas a elevação do oceano impactou ligeiramente na altura da água ao longo dos primeiros dias da semana.

Atualmente, cerca de 600 pessoas permanecem desabrigadas, enquanto muitos outros optaram por deixar suas casas preventivamente, buscando abrigo com amigos e parentes. O prefeito relata a dificuldade em estimar o número total de residências afetadas devido à falta de solicitações de ajuda oficial.

Em relação aos acessos, diversas localidades do interior permanecem isoladas devido aos alagamentos e danos nas estradas. Felizmente, o município não registrou vítimas devido às enchentes.

Sobre a previsão de diminuição do nível da água, o prefeito aguarda informações técnicas da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) para tomar decisões sobre o retorno seguro das pessoas às suas casas.

Branco ressalta que a localização geográfica de Rio Grande permitiu uma preparação mais ampla, observando as consequências das enchentes em outras regiões do estado. “Agora por outro lado, o que sempre nos preocupa é que toda essa água vem parar aqui, então não temos alternativa”, acrescenta. Quanto ao Porto de Rio Grande, apesar das condições meteorológicas , a operação continuou sem grandes interrupções.

Porto Alegre

O Secretário de Meio-Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade de Porto Alegre, Germano Bremm, relata alguns dos desafios enfrentados por Porto Alegre devido às recentes chuvas intensas e alagamentos. Segundo ele, a maior catástrofe da história da cidade afeta cerca de 157 mil pessoas e quase 40 mil edificações, incluindo escolas, hospitais, empresas e residências.

“São 160 equipamentos de ensino, entre escolas estaduais, municipais e particulares, assim como 31 equipamentos de saúde, dois hospitais, farmácia popular, 186 praças, 12 parques e 1.081 quilômetros de vias, sem falar da estrutura de tratamento de água e bombeamento de água bruta, que também repercutiu e afetou em toda a cidade”, ressalta Bremm.

O bairro mais afetado foi o Sarandí, com aproximadamente 26 mil pessoas diretamente impactadas e ainda enfrentando acúmulo de água. Apesar de alguns sinais de melhora em áreas como o Centro Histórico e o Quarto Distrito, os desafios persistem, especialmente na drenagem do excesso de água e na remoção de toneladas de lama que inundaram a cidade.

Em relação aos acessos, o Secretário destacou a necessidade de reavaliação constante das medidas adotadas, para buscar restaurar a normalidade da cidade, enquanto é monitorada, de perto a situação climática. Na terça-feira, a Prefeitura liberou mais um acesso emergencial para a entrada da cidade. A PRF permitiu acesso à ponte do vão móvel para quem vai a Guaíba e abriu um retorno para que a Capital possa ser acessada também através da ponte.

No dia 10 de maio, foi aberto o primeiro corredor humanitário para a ligação da BR 290 com o Centro da Capital. Em uma semana, a prefeitura ampliou para duas faixas, fuma faixa no sentido Capital-Interior e outra no sentido Interior-Capital. O corredor foi ampliado para duas faixas por sentido em 21 de maio. Nos últimos dias, a EPTC registrou uma média de 4 mil veículos por hora no trecho, o que representa quase cem mil veículos em 24 horas.

Quanto ao Aeroporto Salgado Filho, Conforme Bremm, ainda aguarda-se um posicionamento da concessionária Fraport sobre os danos causados pelo alagamento e a possibilidade de retomada das operações. Até a última atualização da Defesa Civil, Porto Alegre registrou cinco mortos e outras cinco pessoas continuam desaparecidas devido às enchentes.

Correio do Povo

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