Sem faturamento, bares e restaurantes gaúchos não terão como pagar salários em junho, estima entidade
Associação sugere que ainda há tempo para a edição de uma medida provisória, como foi feito durante a pandemiaA Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) emitiu um alerta sobre a crise enfrentada pelas empresas do setor de alimentação no Rio Grande do Sul, especialmente as pequenas, devido às recentes inundações. Com a proximidade do pagamento dos salários dos trabalhadores, a Abrasel questiona de onde virá o dinheiro para as empresas afetadas, direta ou indiretamente, honrarem esse compromisso fundamental. O setor de bares e restaurantes foi bastante afetado: na semana passada, 55% das empresas estavam sem água, um terço sem energia e três em cada dez empregados foram diretamente atingidos pelas enchentes – muitos deles sem condições ainda de trabalhar.
"As medidas tomadas até o momento não resolvem o problema da folha de pagamento e impacta muito o setor que não tem dinheiro para nada. É diferente ainda do que passamos na pandemia, quando os estabelecimentos não podiam abrir ou atender, agora os locais estão destruídos”, explica João Melo, presidente da Abrasel no RS, que completa. "É um grande impasse para as empresas e acredito que muitas vão quebrar por essa dificuldade de pagar os funcionários. Se o governo não tomar uma atitude, vai causar desemprego, é inevitável. Muitas pessoas perderam suas casas e perder o emprego agora seria terrível".
Paulo Solmucci, presidente-executivo da Abrasel, chama atenção para a situação dos bares e restaurantes gaúchos, que estavam com obstáculos antes da tragédia e agora precisam de ações efetivas.
“Nossa pesquisa mostrou que mais de um terço dos estabelecimentos estão fechados, sem faturar nada. E dos que estão abertos, 94% dos apontaram queda no faturamento. A isso se soma a dificuldade que já havia no estado, pois mesmo antes da enchente, quase metade já trabalhava no prejuízo. Ou seja, as empresas já vinham com dificuldades, não havia fôlego ou reserva. Sem ajuda, não há como pagar salários”, destaca.
Essa situação de calamidade, causada por fatores naturais e diversas falhas, pode se agravar ainda mais com a falta de pagamento dos salários na próxima semana. Durante a pandemia, em um cenário de iminente fechamento de empresas, o Governo Federal, junto com o Parlamento, o Judiciário e a sociedade civil, conseguiu, em apenas três semanas, conceber e publicar a MP 936, o BEM, que salvou empregos, empresas e vidas.
“Dos bilhões anunciados pelo Governo Federal para socorrer as empresas afetadas pelas enchentes, nenhum recurso foi liberado até agora. A inércia do poder público ameaça destruir empresas, empregos e a esperança de superar desafios e tragédias como as inundações no Rio Grande do Sul”, completa Solmucci.
A associação lembra que ainda há tempo para a edição de uma medida provisória, como foi feito durante a pandemia. Salienta, também, sobre a urgência de uma mobilização por parte do poder público para impedir a devastação do setor de alimentação e garantir a sobrevivência das empresas e dos empregos no Estado gaúcho.
Correio do Povo
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