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segunda-feira, 1 de abril de 2024

Netanyahu autoriza nova rodada de negociações para uma trégua em Gaza

 Nova série de bombardeios israelenses nesta sexta deixou pelo menos 71 pessoas mortas

População está à beira da fome na Faixa de Gaza, cercada e bombardeada há quase seis meses por Israel 

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, autorizou, nesta sexta-feira (29), uma nova rodada de negociações visando uma trégua na Faixa de Gaza, cercada e bombardeada sem trégua há quase seis meses por Israel e onde a população está à beira da fome. O Exército israelense executou uma nova série de bombardeios nesta sexta em Gaza e pelo menos 71 pessoas morreram nas últimas 24 horas, segundo o Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas desde 2007.

"Benjamin Netanyahu teve uma reunião com o diretor do Mossad (serviço secreto estrangeiro) e com o diretor do Shin Bet (inteligência interna). Ele autorizou uma nova rodada de negociações nos próximos dias em Doha e no Cairo (...) para avançar", afirmou seu gabinete em um comunicado.

Nos últimos meses ocorreram várias rodadas de negociações, lideradas pelo Egito, Catar e Estados Unidos, para conseguir uma trégua na guerra entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas, mas sem resultados. Os dois lados trocam acusações sobre a responsabilidade pelo bloqueio das conversações.

Desde o início do conflito, apenas uma trégua de uma semana foi observada no final de novembro. A pausa permitiu a libertação de mais de 100 reféns, sequestrados durante o ataque de 7 de outubro do Hamas em Israel, em troca de detentos palestinos. Israel prometeu "aniquilar" o Hamas após o ataque de outubro que deixou 1.160 mortos, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados divulgados pelas autoridades israelenses.

Segundo o governo de Israel, os combatentes islamistas sequestraram quase 250 pessoas e 130 delas permanecem retidas em Gaza, das quais 34 teriam morrido. Em retaliação, o Exército israelense iniciou uma vasta operação que deixou pelo menos 32.623 mortos, também civis em sua maioria, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

"Pesadelo constante"

A operação militar israelense também deixou os 2,4 milhões de habitantes da Faixa de Gaza à beira da fome, segundo a ONU. "Não há nenhum outro lugar no mundo com um número tão elevado de pessoas enfrentando uma fome iminente", denunciou na quinta-feira, na rede social X, Matthew Hollingworth, diretor do Programa Mundial de Alimentos (PMA) para os Territórios Palestinos.

"Não temos comida nem água suficientes", disse à AFP Amani, uma palestina de 44 anos mãe de sete filhos que se refugiou no campo de Shati, perto da Cidade de Gaza. "Sinto que estou vivendo um pesadelo constante que não quer passar".

A Corte Internacional de Justiça (CIJ), principal tribunal da ONU, com sede em Haia, ordenou a Israel na quinta-feira que garanta "sem demora" a entrega de "ajuda humanitária urgente" para Gaza. A ajuda por via terrestre entra a conta-gotas no pequeno território. Vários países lançam pacotes de alimentos de paraquedas, em particular no norte da Faixa, onde a situação é crítica.

Israel afirmou nesta sexta que não é responsável pela distribuição de alimentos em Gaza e acusou as agências da ONU de serem incapazes de administrar a quantidade de ajuda que chega lá diariamente. Também denunciou um relatório da ONU que alertou para o risco de fome no território palestino, dizendo que o documento contém "imprecisões".

Um segundo navio com ajuda humanitária pode zarpar do Chipre no sábado com destino a Gaza. A primeira embarcação com mantimentos chegou ao território em meados de março.

Bombardeios em Rafah e Khan Yunis

O Exército de Israel, que acusa os combatentes do Hamas de utilizarem os hospitais como esconderijos, destacou que prossegue com as operações ao redor do complexo médico de Al Shifa, na Cidade de Gaza. Bombardeios foram registrados em outros pontos de Gaza, incluindo Khan Yunis, ao sul, onde várias vítimas foram levadas para um hospital.

"Lançaram um míssil sem aviso prévio contra um prédio de quatro andares, onde moravam mais de 50 pessoas", relatou Ibrahim Amak, um deslocado. "O mundo inteiro permanece de olhos fechados diante da situação", denunciou.

Também foram observados bombardeios em Rafah, no extremo sul da Faixa, que Israel considera o último reduto do Hamas em Gaza. Nesta localidade estão aglomeradas quase 1,5 milhão de pessoas, a maioria deslocadas pelos combates. Netanyahu está determinado a iniciar uma ofensiva terrestre em Rafah, ignorando os apelos da comunidade internacional, preocupada com o destino dos deslocados. Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, discutirá a questão com uma delegação enviada por Netanyahu a Washington.

AFP e Correio do Povo

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