Francesco "Sandokan" Schiavon foi condenado a várias penas de prisão perpétua no julgamento "Spartacus"
Um dos mais famosos chefes mafiosos italianos, Francesco "Sandokan" Schiavone, se tornou um colaborador da Justiça após 26 anos de prisão, disse nesta sexta-feira (29) uma fonte judicial à AFP.
Schiavone, ex-chefe do clã dos Casalesi, era considerado um dos criminosos mais ricos e cruéis da Europa quando foi preso em 1998. Esse clã sediado em Casal di Principe, perto de Nápoles, é um dos mais poderosos da máfia napolitana, a Camorra.
Ele foi condenado a várias penas de prisão perpétua no julgamento "Spartacus" de 36 membros do clã dos Casalesi. Sua decisão de colaborar com a Justiça é "mais um golpe contra a Camorra e o crime organizado", congratulou-se Chiara Colosimo, presidente da comissão parlamentar antimáfia.
Schiavone e os Casalesi estiveram envolvidos em acertos de contas brutais entre clãs que lutavam pelo controle de Casal di Principe nos anos 1980 e 1990, além do tráfico de drogas. A crueldade dos Casalesi e seu poder econômico e político foram descritos em "Gomorra", o livro de sucesso de Roberto Saviano, que virou filme e série de televisão.
O escritor, por sua vez, mostrou-se cético nesta sexta-feira sobre a possibilidade de uma colaboração real de Francesco Schiavone. "Será que ele conseguirá fazer isso sem revelar onde está o dinheiro da Camorra e sem demonstrar os verdadeiros vínculos com a política e o mundo dos negócios?", questionou Saviano no Instagram.
Vários membros da família de Schiavone já haviam decidido colaborar com a Justiça. Seu primo, Carmine Schiavone, nos anos 1990, revelou como a máfia despejava resíduos tóxicos suspeitos em campos, poços e lagos da região, o que acredita-se ter causado um aumento nos casos de câncer entre a população local.
Dois dos filhos presos de "Sandokan", Nicola e Walter, começaram a cooperar com a Justiça em 2018 e 2021, respectivamente. Ele próprio foi recentemente transferido de uma prisão no norte da Itália para L'Aquila. Segundo alguns veículos de comunicação, os rumores sobre sua doença, destinados a explicar a mudança, são uma artimanha para ocultar uma transferência relacionada à sua colaboração.
AFP e Correio do Povo
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