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terça-feira, 26 de março de 2024

Ganhador das eleições do Senegal defende rompimento com sistema, mas promete reconciliação nacional

 Bassirou Diomaye Faye derrotou partido governista com votação de 1º turno

Bassirou Diomaye Faye garantiu a nações ocidentais que será "aliado" de quem respeitar seu país 

O candidato opositor Bassirou Diomaye Faye comemorou, nesta segunda-feira, que o povo do Senegal tenha decidido romper com o sistema político atual, ao elegê-lo como o presidente mais jovem da história do país africano. O candidato governista nas eleições, Amadou Ba, havia reconhecido previamente a vitória de seu rival antissistema, que representa um terremoto político nesta nação da África Ocidental.

O opositor de 44 anos, libertado da prisão apenas dez dias antes das eleições, descreveu-se como “a opção da ruptura”, mas defendeu a 'reconciliação nacional' após três anos de instabilidade e crise política. É a primeira vez nas doze eleições presidenciais celebradas mediante sufrágio universal, desde a independência do Senegal da França em 1960, que um candidato opositor vence no primeiro turno.

Inclusive antes da publicação oficial dos resultados, o governista Ba, de 62 anos, parabenizou Faye por sua vitória no primeiro turno .O presidente em fim de mandato Macky Sall, que não se candidatou depois de suas vitórias em 2012 e 2019, também o parabenizou e celebrou o que classificou de "vitória para a democracia senegalesa”.

Faye prometeu uma política de esquerda panafricana e renegociar os contratos de gás e petróleo justo quando o país se dispõe a iniciar a exploração das reservas encontradas recentemente. Aliados ocidentais de Dacar, como Estados Unidos e França, felicitaram o ganhador, que se comprometeu a ser "um aliado seguro e confiável de qualquer país que respeite” Senegal.

A comissão eleitoral nacional tem até a sexta-feira para publicar os resultados provisórios, antes da validação do Conselho Constitucional. É preciso obter a maioria absoluta dos votos para ganhar no primeiro turno, caso contrário, os dois principais candidatos disputam o segundo turno. A eleição estava programada para 25 de fevereiro, mas o presidente em fim de mandato a adiou de última hora, o que provocou uma onda de violência.

Várias semanas de confusão puseram à prova a democracia do Senegal, até que a eleição finalmente foi programada para 24 de março. A dez dias do pleito, Faye foi libertado junto com o opositor Ousmane Sonko, que travava desde 2021 uma disputa contra o poder que, em alguns momentos deu lugar a protestos violentos.

Os dois haviam sido presos por relação com essa disputa. Sonko não pôde concorrer às eleições por uma condenação por difamação, mas apoiou Faye. O Senegal é considerado um dos países mais estáveis da África Ocidental, uma região sacudida recentemente por vários golpes de Estado.

AFP e Correio do Povo

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