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quinta-feira, 28 de março de 2024

Calor e umidade do verão afetam a produção de leite no Estado

 Perdas na captação chegam a até 34% em vacas de maior produtividade e a 5,1 quilos de leite/dia por animal na Fronteira-Oeste

Produtividade foi mais afetada nos rebanhos da Fronteira-Oeste 

As condições climáticas do período de dezembro de 2023 a fevereiro de 2024 colocaram o gado leiteiro do Rio Grande do Sul em situação de desconforto térmico, provocando queda na produção. Os animais de origem europeia enfrentaram, com dificuldade, a combinação de calor e alta umidade relativa do ar.

A conclusão é da análise do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (DDPA/Seapi), divulgado nesta quarta-feira, dia 27. Dos 29 municípios monitorados em dez regiões ecoclimáticas, em 13 municípios, a queda estimada de produção diária de leite foi superior a quatro quilos.

Lideram as potenciais perdas as propriedades de Maçambará (5,1 kg), Itaqui (4,8 kg) e Uruguaiana (4,7 kg), todas localizadas na Fronteira-Oeste do Estado. em fevereiro. Os impactos foram foram mais acentuados em vacas de maior produtividade.

"Os percentuais médios de perda individual diária ficaram entre 22% a 34%, caso medidas de manejo visando mitigar os efeitos climáticos não fossem adotadas pelos produtores rurais", avaliou a pesquisadora do DDPA/Seapi e uma das autoras do trabalho Ivonete Tazzo.

As situações de estresse foram evidenciadas, principalmente, no mês de fevereiro. “Os animais estiveram em conforto térmico em apenas 30,5% do período avaliado. Inclusive, houve situações perigosas à saúde dos animais durante 13,9% desse mês", detalha Ivonete.

As regiões das serras do Sudeste e do Nordeste registraram os maiores percentuais de períodos em conforto térmico. Já o Vale do Uruguai e Baixo Vale do Uruguai destacaram-se pelos menores valores. Os municípios de Passo Fundo e de Bento Gonçalves foram os únicos a não apresentar situações emergenciais.

O comunicado divulgado pela Seapi analisa condições meteorológicas como precipitação pluvial, temperatura e umidade do ar. Utilizando o Índice de Temperatura e Umidade (ITU), a publicação documenta e identifica as faixas de conforto e de desconforto térmico às quais o gado foi submetido, estimando os efeitos na produção de leite.

Leia a íntegra do comunicado da Seapi aqui.

Regiões ecoclimáticas analisadas:

  1. Planalto Médio
  2. Serra do Sudeste
  3. Serra do Nordeste
  4. Encosta Inferior da Serra
  5. Vale do Uruguai
  6. Baixo Vale do Uruguai
  7. Depressão Central
  8. Missioneira
  9. Campanha
  10. Grandes Lagos

Setor acrescenta adversidades

Representantes de produtores rurais e de laticínios acrescentam ao cenário outras adversidades. O vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag/RS), Eugênio Zanetti, destaca que, além do desconforto aos animais, o excesso de chuva e de calor propiciou o desenvolvimento de fungos no solo e a queda na produção de milho destinado à alimentação do gado.

O secretário executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do RS (Sindilat), Darlan Palharini, salienta que “o período também é de entressafras, de transição de pastagens. É um período que sempre fica mais difícil”, diz.

Observações semelhantes foram feitas pelo coordenador do Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Rio Grande do Sul (Conseleite), Allan André Tormen. No entanto, ele também atribuiu a queda na produção às importações de lácteos do Mercosul, que derrubaram o preço da matéria-prima ao produtor rural.

Correio do Povo

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