Não sei se já passamos uma vergonha maior do que receber um elogio oficial do Hamas por uma declaração presidencial. Fosse qualquer outro presidente da República, o mundo viria abaixo.
Nesta terça-feira, 20, o governo dobrou a aposta das declarações de ontem, que causaram chamadas de embaixadores de parte a parte. E levou a Haia um pedido relacionado à Palestina, mas fora da Faixa de Gaza, por ocupações na Cisjordânia.
Obviamente temos visto a questão pelo prisma da minimização do Holocausto e do desrespeito aos judeus brasileiros. Isso também ocorre porque as declarações antissemitas mais odiosas viraram moda entre os que apoiam a fala de Lula (à esquerda na foto, plantando uma muda de oliveira na Embaixada da Palestina em Brasília), essa que o Hamas acha maravilhosa.
Três declarações
Ocorre que tudo faz parte de um pacote de três declarações ao mesmo tempo.
Lula chama Israel de genocida e minimiza o Holocausto. Então recorre ao tribunal de Haia. É o mesmo tribunal que condenou Putin por genocídio e não fez o mesmo sobre Israel, recomendou que controlasse declarações de políticos extremistas para evitar incentivo ao genocídio. Ou seja, não há genocídio.
No caso de Putin, há genocídio. Mas nosso presidente não usa a palavra genocida. Aliás, diante da morte de Alexei Navalny, mais um dos desafetos de Putin que desaparece misteriosamente, diz que há muita pressa em achar culpados. Isso porque líderes dos países democráticos nomearam Putin e condenaram o assassinato.
Lula não
Lula parece muito inteirado do que acontece do outro lado do mundo. Perguntado sobre o que ocorre na vizinha Venezuela, governada pelo amigo ditador Nicolás Maduro, diz que não sabe de nada. Ele está prendendo dissidentes e, interpelado pela ONU, expulsou os integrantes da organização do país.
Pior é, Lula não sabe nem o que acontece por aqui, no Brasil. Nós temos um refém nas mãos do Hamas. O nome dele é Michel Nisembaum.
Todos os mandatários de países que têm reféns fazem apelos fortes pela libertação imediata. Eles participam de atos públicos pedindo a libertação. Muitos questionam por que a Cruz Vermelha não tem acesso a eles, como ocorre com até com militares prisioneiros de guerra. Lula não.
Conheci em Tel Aviv a sobrinha de Michel Nisenbaum, Ayela Harel. Ela conta uma história impressionante que você vê hoje no segundo episódio da série Israel em Guerra, aqui em O Antagonista.
Ninguém sabe
Ninguém sabe ao certo o que aconteceu com ele. Sumiu. O carro pegou fogo. O Hamas postou no Telegram um vídeo mostrando os documentos do brasileiro. A família rastreou o tablet e ele está na Faixa de Gaza. Nenhum refém liberto teve contato com ele.
Por que Lula não pede pelo menos informações do cidadão brasileiro? E, sobretudo, por que não o nomeia claramente?
Quando o presidente brasileiro toma posse, precisa entender que não fala apenas o que pensa, nem o que seu cercadinho gosta de ouvir. Ele representa todo o país. Ele representa inclusive Michel Nisenbaum, refém do Hamas desde 7 de outubro. Não é uma escolha, é uma obrigação.
O Antagonista
Agora Notícias
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