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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

“Morar aqui é um filme de terror”, diz moradora do condomínio Alto São Francisco, em Porto Alegre

 Um novo vazamento de gás provocou a evacuação do condomínio na noite de segunda-feira

Família morou durante cinco meses no conjunto habitacional e acredita que a mudança vai ajudar a amenizar o trauma sofrido 

Depois de cinco meses morando no condomínio Alto São Francisco, no bairro Rubem Berta, na zona Norte de Porto Alegre, a família de Adryan Matheus Santos da Silva vai se mudar. O menino de 13 anos foi uma das figuras centrais na explosão que atingiu a torre 10 do condomínio, em 4 de janeiro.

No dia da explosão, o menino sentiu o cheiro do gás e alertou a família e os vizinhos, percorrendo as diferentes torres do condomínio batendo de porta em porta. A sua irmã Adryane Santos da Silva revelou que morar no prédio se tornou um filme de terror, depois do momento de alegria pela conquista de seu primeiro imóvel.

Na noite desta segunda-feira, os moradores do condomínio enfrentaram novamente momentos de tensão devido a um novo vazamento de gás, resultando na evacuação do conjunto habitacional.


“Morar aqui é um filme de terror. Vamos sair daqui hoje. Ontem eu estava no ônibus quando teve o vazamento novamente. Minha mãe estava desesperada. Eu cheguei aqui todo mundo desesperado, na rua, meu filho tremendo, falando que teria outra explosão. Ele não queria entrar”, contou.

Adryane contou que a família de cinco pessoas - dois adultos, o adolescente Adryan e duas crianças - estão de mudança para Alvorada. A irmã acredita que essa mudança ajudará seu irmão a superar parte do trauma vivenciado durante a explosão de janeiro.

A mãe, Daiane do Santos, contou que foi uma dificuldade para fazer o Adryan dormir após o novo episódio. “Como da primeira vez ele viu tudo, ele ajudou. Ele queria ficar na rua, não queria subir. Acho que agora tá caindo a ficha dele de tudo o que aconteceu”, revelou.

Vazamento de gás

A ocorrência na noite de segunda-feira foi registrada próximo às 23h. Uma moradora do terceiro andar da torre 16 acionou o Corpo de Bombeiros Militares do Rio Grande do Sul (CBMRS) informando que seu apartamento estava com vazamento de gás, no seletor interno do fogão.

Os bombeiros utilizaram um detector de gases para constatação de vazamentos. Após o atendimento da ocorrência, a empresa fornecedora de gás do condomínio foi contatada pelo síndico, que solicitou uma revisão dos sistemas do local.

Os registros de energia e o sistema de gás foram religados às 10h30 desta terça-feira.

Demolição da torre

A torre 10, que sofreu com a explosão em janeiro, está sendo demolida. A operação começou no dia 20 de fevereiro e tem previsão para finalizar em 45 dias.

De acordo com o responsável pela demolição, Jairo Vieira Gonçalves, a demolição foca no bloco afetado, enquanto o outro permanece intacto. Medidas de segurança, como a instalação de redes para evitar possíveis quedas de detritos, foram implementadas para proteger a área circundante.


O processo de demolição está sendo realizado gradualmente, onde cada um dos cinco andares vai ser demolido. Após a completa demolição da seção danificada, está prevista a construção de uma nova estrutura no local.

A construtora Tenda informou que o empreendimento foi entregue aos moradores em meados de 2023, tendo o condomínio sido regularmente constituído. E que as atuais decisões são de responsabilidade do condomínio. Por decisão do grupo, a Tenda vai realizar a reconstrução da torre, após a demolição que está em andamento.

Entre as ações de apoio aos moradores da torre que será reconstruída, a Tenda ainda informou que as medidas de suporte incluem isenções de parcelas para seus clientes, propostas de desconto na taxa condominial e o oferecimento de apoio psicológico aos moradores.

Atendimento psicológico gratuito aos moradores

Uma parceria entre a Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul e a Faculdade Anhanguera de Porto Alegre irá oferecer atendimento psicológico gratuito aos moradores vítimas de explosão do condomínio Alto São Francisco.

O cadastramento das vítimas está aberto e pode ser feito pelo WhatsApp (51) 3092-5726. Após esse processo, a Defensoria Pública, juntamente da Anhanguera, realizará os agendamentos.

Para o defensor público dirigente do Núcleo de Defesa do Consumidor e Tutelas Coletivas, Rafael Pedro Magagnin, a parceria é de suma importância, pois garante o acesso profissional gratuito às vítimas, garantindo justiça e inclusão.

“É papel da Defensoria Pública promover a defesa dos direitos humanos e prestar Educação em Direitos, de forma acessível e de qualidade às comunidades mais carentes e que mais necessitam. A parceria que firmamos com a Instituição Anhanguera consiste em atender a mais uma das necessidades que identificamos depois de nos aproximar da comunidade atingida pelo incidente e buscamos retomar a normalidade, com ela, o quanto antes e na medida do possível”, destacou.

Correio do Povo

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