terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Ministério da Fazenda projeta que Brasil pode crescer até 2,5% ao ano sem pressionar inflação

 Desde agosto do ano passado, a taxa básica de juros (Selic) recuou de 13,75% ao ano para 11,25% ao ano

Desde agosto do ano passado, a taxa básica de juros (Selic) recuou de 13,75% ao ano para 11,25% ao ano 

A equipe do Ministério da Fazenda avalia que o Produto Interno Bruto (PIB) potencial do Brasil - a capacidade de o País crescer sem gerar desequilíbrios, como a inflação - oscila na faixa entre 2% e 2,5%.

O diagnóstico da Fazenda é, portanto, de um cenário com espaço para crescimento econômico e fortalecimento do mercado de trabalho, sem que isso possa representar uma trava no ciclo de afrouxamento monetário (corte de juros) conduzido pelo Banco Central (BC).

Desde agosto do ano passado, a taxa básica de juros (Selic) recuou de 13,75% ao ano para 11,25% ao ano. 'A gente já provou nos últimos anos que pode crescer acima de 2%, 2,5% sem gerar pressão inflacionária', afirma Guilherme Mello, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. 'Você ainda vê muita ociosidade seja no mercado de trabalho, seja na estrutura produtiva. Tem possibilidade de ocupar isso e crescer sem gerar pressão inflacionária.' Esse caminho apontado pela Fazenda, porém, não é consenso.

O grupo de analistas mais preocupado com números recentes da inflação avalia que a alta de preços do setor de serviços deve começar a refletir a situação de baixo desemprego - o que pode, no limite, colocar um freio no ciclo de corte de juros promovido pelo BC. Em 2024, a Secretaria de Política Econômica (SPE), da Fazenda, projeta que o crescimento econômico do País será de 2,2%.

O número é um pouco acima da mediana do mercado expressa no relatório Focus, do Banco Central, que é 1,6% - embora alguns economistas já elevem essa previsão para a casa de 2%. Para a inflação, a previsão da SPE é de 3,55% em 2024, pouco abaixo do consenso de mercado no Focus (3,82%).

Debate

Com o crescimento econômico surpreendendo nos últimos anos, o debate sobre o tamanho do PIB potencial do Brasil passou a fazer parte entre os economistas do setor privado. Uma parte diz que o País conseguiu ampliar a sua capacidade de crescimento sem gerar desequilíbrios por causa das reformas que foram feitas nos últimos anos. 'Trabalho com a hipótese de que a taxa de crescimento do PIB potencial nunca foi tão baixa como o mercado achou que era, de 1% ou 1,5%', afirma Mello, que ressalta ainda a mudança enfrentada pela estrutura do setor de serviços com a pandemia de covid-19. 'É um setor que mudou muito. Há uma oferta diferente. São vários os fatores que podem explicar porquê o Brasil pode crescer mais sem gerar pressão inflacionária.'

Como o Estadão mostrou ontem, entre 2024 e 2033, por exemplo, o crescimento médio do Brasil deverá ser de 2,4% nas contas da consultoria Tendências. Analistas dizem que baixa produtividade, fraco investimento e educação de má qualidade são restrições a um maior crescimento do Brasil e que não há uma agenda clara para atacar os problemas enfrentados.

Estadão Conteúdo e Correio do Povo

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