Segundo equipe do ativista, os investigadores russos afirmaram que não entregarão o corpo antes de pelo menos 14 dias para realizar "perícia"
Liudmila Navalnaya pediu ao presidente russo que entregue "sem demora" o corpo de seu filhoA mãe de Alexei Navalny, Liudmila Navalnaya, pediu nesta terça-feira, 20, ao presidente russo, Vladimir Putin, que entregue "sem demora" o corpo de seu filho, que, segundo pessoas próximas ao opositor, está retido para encobrir o fato de ter sido "assassinado".
Os Estados Unidos anunciaram que irão adotar "um importante pacote de sanções" contra a Rússia pela morte aos 47 anos em uma prisão do Ártico do principal opositor do presidente russo.
A União Europeia convocou o encarregado de negócios russo perante as instituições de Bruxelas para expressar "indignação".
Polônia, Itália e Bélgica convocaram os embaixadores russos em suas respectivas capitais, como haviam feito na véspera outros países, como França e Espanha.
As potências ocidentais e países do ex-bloco comunista denunciaram a morte de Navalny, anunciada em 16 de fevereiro, e responsabilizaram Putin pelo ocorrido. Desde então, a mãe e um dos advogados do opositor tentam em vão recuperar seus restos mortais.
Mas, segundo a equipe do ativista, os investigadores russos afirmaram que não entregarão seu corpo antes de pelo menos 14 dias para realizar uma "perícia". Segundo juristas, esse prazo pode ser prorrogado por semanas.
Em um vídeo publicado nesta terça-feira, a mãe do opositor, Liudmila Navalnaya, dirigiu-se diretamente ao presidente russo, que até agora não comentou publicamente a morte do seu principal opositor, após três anos de prisão.
"Peço a você, Vladimir Putin, a solução para este problema depende apenas de você. Permita-me ver meu filho. Peço que o corpo de Alexei seja devolvido sem demora para que ele possa ser enterrado humanamente", declarou a mulher, filmada perto da colônia penitenciária onde seu filho morreu.
“Deixe-nos enterrá-lo"
O Kremlin ainda não respondeu ao pedido. Em vez disso, rejeitou as acusações da viúva de Navalny, Yulia Navalnaya, que afirmou na segunda-feira que Putin está por trás da morte do seu marido.
"Estas são obviamente acusações grosseiras e completamente infundadas contra o chefe de Estado russo, mas como Yulia Navalnaya ficou viúva há poucos dias, não comentarei", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
"Não me importa como o porta-voz de um assassino comenta as minhas declarações. Devolva o corpo de Alexei e deixe-nos enterrá-lo com dignidade, não impeça as pessoas de se despedirem dele", respondeu Navalnaya em sua conta na rede social X.
Pouco depois de postar esta mensagem, sua conta foi brevemente suspensa por supostamente violar as regras da plataforma.
Em um vídeo publicado na segunda-feira, Navalnaya prometeu substituir o marido e continuar sua luta.
Na segunda-feira, ela participou de uma reunião com os ministros das Relações Exteriores da União Europeia, durante a qual apelou aos 27 países membros do bloco para não reconhecerem o resultado das eleições presidenciais russas em meados de março, nas quais se espera que Putin seja reeleito na ausência da oposição e em um contexto de forte repressão.
“Líder de gangue”
As tentativas modestas na Rússia de prestar homenagem a Navalny foram reprimidas.
Segundo a ONG OVD-Info, quase 400 pessoas foram presas em cerca de 40 cidades do país por tentarem homenagear Navalny colocando flores ou acendendo velas.
"A polícia age dentro da estrutura da lei", justificou o porta-voz do Kremlin, Peskov, nesta terça-feira.
Por outro lado, Peskov descreveu como rotineira a promoção ordenada por Putin na segunda-feira a altos funcionários dos serviços penitenciários russos.
"Esses são processos normais de avanço", disse ele.
Navalny, que cumpria uma pena de 19 anos de prisão por "extremismo" em uma colônia no Ártico russo, morreu em 16 de fevereiro, segundo os serviços penitenciários.
Ele sobreviveu milagrosamente a um envenenamento em agosto de 2020, do qual se recuperou na Alemanha, antes de retornar à Rússia em janeiro de 2021 e ser preso.
Outro opositor e velho amigo de Navalny, Ilia Yashin, preso na Rússia por denunciar a ofensiva do seu país contra a Ucrânia, prometeu continuar a luta.
Em uma carta divulgada nesta terça-feira por pessoas próximas a ele, Yashin disse estar "convencido" de que Putin "ordenou" a morte de Navalny.
"Para Putin, é assim que o poder se afirma: com assassinato, crueldade e vingança reveladora. Esta forma de pensar não é a de um estadista. É a de um líder de gangue", estimou.
AFP e Correio do Povo
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