Declaração foi dada no Rio de Janeiro, onde prepara a reunião de ministros das Relações Exteriores do G20
Declaração foi dada no Rio de Janeiro, onde prepara a reunião de ministros das Relações Exteriores do G20O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, respondeu na tarde desta terça-feira os ataques do chanceler israelense, Israel Katz, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele afirmou, entre outras expressões duras usadas, que são manifestações inaceitáveis e mentirosas.
A reação de Vieira sobe o nível da crise diplomática entre os dois países. As declarações foram dadas no Rio de Janeiro, depois de atividades do G20. Os atritos entre Brasil e Israel começaram no domingo, depois de o presidente brasileiro comparar as ações militares israelenses na Faixa de Gaza com o Holocausto.
Nas horas e dias seguintes, houve reações diversas de autoridades brasileiras e israelenses. Mais cedo nesta terça, porém, Israel Katz fez uma publicação em português no X, antigo Twitter, citando Lula. 'Que vergonha. Sua comparação é promíscua, delirante. Vergonha para o Brasil e um cuspe no rosto dos judeus brasileiros. Ainda não é tarde para aprender história e pedir desculpas. Até então, continuará sendo persona non grata em Israel!', escreveu o ministro de Israel.
'Manifestações do titular da chancelaria do governo Netanyahu, de ontem e de hoje, são inaceitáveis na forma, e mentirosas no conteúdo', disse Vieira. 'O ministro Israel Katz distorce posições do Brasil para tentar tirar proveito em política doméstica. Enquanto atacou o nosso país em público, no mesmo dia, na conversa privada com nosso embaixador em Tel-Aviv afirmou ter grande respeito pelos brasileiros e pelo Brasil, que definiu como a mais importante nação da América do Sul. Esse respeito não foi demonstrado nas suas manifestações públicas, pelo contrário', afirmou o chanceler. 'Uma chancelaria dirigir-se dessa forma a um Chefe de Estado, de um país amigo, o Presidente Lula, é algo insólito e revoltante. Uma chancelaria recorrer sistematicamente à distorção de declarações e a mentiras é ofensivo e grave. É uma vergonhosa página da história da diplomacia de Israel, com recurso a linguagem chula e irresponsável', afirmou Mauro Vieira.
'Estou seguro de que a atitude do governo Netanyahu e sua antidiplomacia não refletem o sentimento da sua população. O povo israelense não merece essa desonestidade, que não está à altura da história de luta e de coragem do povo judeu.
Em mais de 50 anos de carreira, nunca vi algo assim', declarou o ministro das Relações Exteriores. 'Não é aceitável que uma autoridade governamental aja dessa forma', declarou o chanceler brasileiro. 'Nossa amizade com o povo israelense remonta à formação daquele Estado, e sobreviverá aos ataques do titular da chancelaria de Netanyahu', disse ele.
Mauro Vieira afirmou que o governo israelense busca lançar uma 'cortina de fumaça' sobre o 'massacre em curso em Gaza, onde 30 mil palestinos já morreram, em sua maioria mulheres e crianças, e a população submetida a deslocamento forçado e a punição coletiva'.
'Isso tem levado ao crescente isolamento internacional do governo Netanyahu, fato refletido nas deliberações em andamento na Corte Internacional de Justiça. É este isolamento que o titular da chancelaria israelense tenta esconder. Não entraremos nesse jogo', afirmou Mauro Vieira.
Vieira também disse que o embaixador de Israel em Brasil e o governo de Benjamin Netanyahu foram informados de que 'o Brasil reagirá com diplomacia, mas com toda a firmeza, a qualquer ataque que receber'.
Estadão Conteúdo e Correio do Povo
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