Governador da província de Terra do Fogo, Antártida e Ilhas do Atlântico Sul, Gustavo Melella, também disse que considera a visita uma "provocação", em um texto publicado na rede social X.
As Malvinas "são uma parte valiosa da família britânica e temos claro que enquanto quiserem continuar parte dela, o tema da soberania não estará em discussão", afirmou o chancelerO chanceler britânico, David Cameron, chegou, nesta segunda-feira, 19, às Ilhas Malvinas e um governador argentino, cujo país reivindica a soberania do arquipélago, o declarou "persona non grata".
O governador da província de Terra do Fogo, Antártida e Ilhas do Atlântico Sul, Gustavo Melella, também disse que considera a visita uma "provocação", em um texto publicado na rede social X.
"Nenhum representante colonial de um Estado que atenta contra nossa integridade territorial manchando a memória e o sacrifício eterno de nossos Heróis das Malvinas será bem-vindo em nossa província", escreveu Melella, opositor ao governo do presidente Javier Milei.
O governador declarou Cameron "'persona non grata' em toda a extensão territorial" de sua província, a mais ao sul da Argentina, que inclui as Malvinas.
Pouco mais de um mês após se reunir com Milei no Fórum Econômico Mundial, em Davos, o ministro das Relações Exteriores britânico pousou na base aérea de Mount Pleasant, no arquipélago administrado pelo Reino Unido, que travou com a Argentina uma guerra por sua soberania em 1982.
Ao anunciar a viagem no domingo, o Foreign Office, Ministério das Relações Exteriores britânico, informou que em sua visita às Malvinas, Cameron iria reiterar "o compromisso do Reino Unido em defender o direito das ilhas à autodeterminação".
As Malvinas "são uma parte valiosa da família britânica e temos claro que enquanto quiserem continuar parte dela, o tema da soberania não estará em discussão", afirmou o chanceler, citado em um comunicado divulgado pela pasta no domingo.
Palavras de Milei
O encontro entre Milei e Cameron em Davos, em 17 de janeiro, foi descrito pelo presidente argentino como "excelente".
Durante a campanha eleitoral, Milei havia dito: "Tivemos uma guerra que perdemos e temos que fazer todos os esforços para recuperar as ilhas através dos canais diplomáticos".
Por sua vez, na ocasião do encontro, a chancelaria britânica afirmou que o encontro foi uma "reunião calorosa e cordial", acrescentando que sobre a questão das Malvinas "concordariam em discordar, e o fariam com educação".
Após aterrissar, Cameron foi levado de helicóptero a alguns dos principais locais das batalhas da guerra de 1982.
Depois, o chanceler visitou em Goose Green um museu da guerra, montado em um prédio onde moradores da ilha foram retidos durante o conflito.
"Obrigado por manter sua memória viva", escreveu no livro de visitantes.
Segundo a agência britânica Press Association (PA), longe das câmeras, Cameron visitou, "como demonstração de respeito", o cemitério militar argentino onde estão os restos mortais de cerca de 230 argentinos mortos no conflito.
O ministro depositou depois uma coroa de flores no Monumento à Libertação na capital das ilhas, Stanley para os britânicos e Puerto Argentino para os argentinos.
O arquipélago, localizado a 400 km da costa argentina e a quase 13.000 km do Reino Unido, foi palco de uma guerra de 74 dias em 1982, que resultou na morte de 649 argentinos e 255 britânicos.
Referendo de 2013
Em 2013, em um referendo no território com apenas 2.000 habitantes, 99,8% dos eleitores votaram a favor de permanecer sob soberania britânica.
A visita de Cameron é a primeira de um ministro das Relações Exteriores britânico ao arquipélago em 30 anos, desde a viagem de Douglas Hurd em 1994.
O último membro do governo do Reino Unido a visitar o território havia sido o então secretário da Defesa, Michael Fallon, em 2016.
Em 2022, a princesa Anne visitou as ilhas para comemorar o 40º aniversário da vitória britânica na Guerra das Malvinas.
A Argentina defende que as ilhas, ocupadas pelo Reino Unido em 1833, fazem parte de seu território desde sua independência em 1816 da coroa espanhola.
Cameron seguirá viagem para o Paraguai, onde chegará nesta terça-feira, e depois participará da reunião de chanceleres do G20 programada para quarta e quinta-feira no Brasil.
Por fim, seguirá para Nova York, onde visitará a sede da ONU, coincidindo com o segundo aniversário da invasão russa da Ucrânia.
AFP e Correio do Povo
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