domingo, 28 de janeiro de 2024

Sem teto nem perspectivas, milhares de palestinos de Gaza se amontoam em fronteira com Egito

 Em Rafah, as ruas estão tão cheias que os veículos avançam a passo de tartaruga

Refugiados palestinos de Gaza enfrentam chuvas e alagamentos nos acampamentos em Rafah 

Para Um Imad, de 70 anos, foram necessários três dias para chegar a pé a Rafah, no sul da Faixa de Gaza. Em um labirinto de barracas e produtos a preços exorbitantes, ela dorme à intempérie, como milhares de palestinos que fogem dos combates. "Não encontrei abrigo, não encontrei uma barraca, não encontrei nada", conta a idosa nesta cidade litorânea e fronteiriça com o Egito.

Atrás dela há uma fileira de barracas. Algumas foram colocadas ao longo de um montículo de terra arenosa, ao lado das quais há cercas e arame farpado.

A maioria dos palestinos que tenta sobreviver na região fugiu de Khan Yunis, cerca de 20 km mais ao norte e atual epicentro das operações militares israelenses contra o movimento islamista Hamas.

"Passo a noite na rua, sub uma chuva torrencial, sem encontrar abrigo nem nada, e tenho comigo crianças órfãs sem pai nem mãe", conta angustiada Um Imad.Perto dela, Abdallah Halas, de 24 anos, vive a mesma situação. "Não sei onde vamos dormir", diz, com lágrimas nos olhos.

Segundo a ONU, 1,3 milhão de pessoas estão aglomeradas em Rafah em "condições de desesperança". Nesta cidade, as águas residuais desembocam em ruas repletas de lixo.

Apesar de já terem passado mais de três meses desde o início da guerra, as pessoas continuam chegando a pé, em charretes ou amontoadas às dezenas na caçamba de caminhonetes. Os veículos funcionam com diesel diante da escassez de gasolina.

Os moradores de Gaza fogem de uma área para outra neste pequeno território de 365 km² e 2,4 milhões de habitantes. Os combates começaram no norte, mas depois se estenderam para o sul.

AFP e Correio do Povo

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