terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Sindicato da Polícia Penal alerta para risco de motim em Charqueadas; Susepe não confirma

 Falta de tomadas estaria causando insurgência de detentos na Penitenciária Estadual de Charqueadas 2, conforme presidente do Sindppen

Penitenciária Estadual de Charqueadas 2 foi inaugurada no final de novembro 

A falta de tomadas nas celas estaria gerando revolta entre os detentos da Penitenciária Estadual de Charqueadas 2 (Pec 2). De acordo com o presidente do Sindicato da Polícia Penal do RS (Sindppen), Saulo Felipe Basso dos Santos, a possibilidade de insurgências levou ao reforço da  segurança no estabelecimento. A Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) nega que a medida tenha sido adotada com esse propósito.

A retirada dos plugues tem o objetivo de impedir que os detentos utilizem celulares. A medida, aliada a telas nos pátios, ainda dificulta a entrega de ilícitos via drones. Também fica impossibilitado o uso de televisão e outros eletrodomésticos nos compartimentos.

A diretriz não teria sido bem recebida pelos apenados, parte deles vinda da Cadeia Pública de Porto Alegre, o antigo Presídio Central. "Não acompanhei em detalhes a transição dos presos, mas talvez algumas questões não tenham ficado claras para eles durante esse processo", pondera Saulo Felipe Basso.

O presidente do Sindppen conta que a indignação dos presos teve início pouco tempo depois da nova casa prisional ter sido inaugurada, no dia 27 de novembro. Segundo ele, diariamente os detentos gritam, chutam as portas das celas e batem contra as grades. O comportamento seria uma forma de pressionar a administração da penitenciária a ceder regalias.

Ainda conforme o agente penitenciário, um déficit de aproximadamente 4 mil servidores em todo o estado coloca em risco a categoria e facilita a ocorrência de motins. "Tenho convicção que os colegas em Charqueadas são bem treinados, mas fico preocupo. Não sei quantos policiais penais estão lá. Se a Susepe quer implementar maior disciplina, é preciso mais efetivo. Sem isso é impossível ter condições objetivas", destacou.

Saulo alerta também que a proximidade das festas de fim de ano geralmente altera o comportamento dos detentos e aumenta o risco de motins. No entanto, ele afirma que os presos devem se acalmar a medida em que forem recebendo a visita de familiares.

Correio do Povo conversou com um policial penal de Charqueadas, que pediu para não ser identificado. O servidor descreve os presos como 'indignados' e confirma que a ausência de tomadas seria o motivo. Ele também relata que a nova penitenciária sofreu com falta de gás, sendo necessário o envio de alimentos de outros presídios do complexo penitenciário da Região Carbonífera.  "Equipes do Grupo de Ações Especiais (Gaes) e Grupo de Intervenção Rápida (Gir) estão de prontidão há dias", disse o agente sobre o reforço da segurança.

Contatada pela reportagem, a Susepe negou a insurgência dos detentos e afirmou que a Pec 2 está 'sob controle'. A entidade também destacou que a atuação dos grupos especiais é um processo natural nas unidades, que ocorre como garantia para que 'tudo esteja dentro da normalidade'. Não foi informado o número de apenados e nem de policiais penais que estão no estabelecimento recém inaugurado.

Correio do Povo

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