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domingo, 31 de dezembro de 2023

Guerra entre Israel e Hamas não dá trégua na véspera do Ano Novo

 Nas últimas horas de 2023, os bombardeios aéreos, o fogo de artilharia e os enfrentamentos continuam

Segundo o Hamas, desde o início da guerra, o número de mortos na Faixa de Gaza chega a 21.822 

Israelenses e palestinos chegam a um fim de ano sombrio neste domingo (31), sem perspectiva para o fim dos combates que seguem causando estragos na Faixa de Gaza, mergulhada em uma grave crise humanitária após quase três meses de guerra.

Nas últimas horas do ano de 2023, os bombardeios aéreos, o fogo de artilharia e os enfrentamentos continuam para o desespero de uma população palestina "esgotada".

O Ministério da Saúde controlado pelo Hamas reportou a morte de ao menos 48 palestinos em bombardeios noturnos na Cidade de Gaza.

"Após a explosão, chegamos ao local e vimos mártires por todas as partes [...], ainda há crianças desaparecidas", disse Mohamed Btihan, morador de Gaza.

Em outro bombardeio israelense contra a Universidade de Al Aqsa em Gaza morreram pelo menos 20 pessoas, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

Por sua vez, o Exército israelense indicou que matou mais de dez combatentes inimigos em combates terrestres, ataques aéreos e disparos de tanques, e afirmou que localizou túneis do Hamas e explosivos em uma escola.

A guerra começou após um ataque sem precedentes do Hamas em território israelense que matou 1.140 pessoas, a maioria civis, de acordo com um balanço da AFP baseado em dados israelenses.

Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o movimento islamista palestino que controla Gaza e ataca sem parar o território onde ainda se encontram 129 dos 250 reféns sequestrados pelo Hamas e seus aliados desde o ataque de 7 de outubro.

Segundo o Hamas, desde o início da guerra, o número de mortos na Faixa de Gaza - em sua maioria mulheres e crianças - chega a 21.822, o balanço mais elevado de todas as operações israelenses.

O Escritório Central de Estatísticas Palestinas indicou em um comunicado que 2023 foi o ano mais letal para os palestinos desde a Nakba ("catástrofe", em árabe), que faz referência ao êxodo de 760.000 palestinos durante a guerra de 1948, após a criação do Estado de Israel.

“Situação difícil”

Nas últimas semanas, o Exército israelense se deslocou para o norte de Gaza, depois para Khan Yunis e, recentemente, para os campos do centro do território, onde 1,9 milhão de habitantes (85% da população) tiveram que fugir de suas casas por causa dos combates.

"Esperávamos que 2024 chegasse com presságios melhores e que pudéssemos celebrar o Ano Novo em casa, em família. Mas a situação é difícil", comentou Mahmoud Abu Shahma, de 33 anos, em um campo de refugiados em Rafah, no extremo-sul.

"Como pode? O mundo inteiro se dedicando a festejar e nós sendo bombardeados e massacrados?", se preguntava, indignado, um palestino em um campo de refugiados em Jabaliya, em declarações à AFPTV.

Devido aos deslocamentos de grandes quantidades de pessoas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu contra a crescente ameaça de disseminação de doenças infecciosas e a ONU teme uma crise de fome.

Em Israel, as celebrações de Ano Novo provavelmente serão mais sóbrias do que o habitual. Em Tel Aviv, capital da festa, os bares ficarão abertos a noite toda, mas o clima não será o mesmo, com milhares de jovens no front.

"Tragam-nos para casa"

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reiterou neste domingo que Israel seguirá com a guerra "cuja justiça e moralidade não têm comparação", após a África do Sul acusar o país de "atos de genocídio" ante a Corte Internacional de Justiça.

Na noite de sábado, mais de mil pessoas se manifestaram em Tel Aviv em apoio aos reféns e a suas famílias pedindo "tragam-nos para casa".

As negociações internacionais realizadas por Catar e Egito chegaram a uma trégua de uma semana no final de novembro, permitindo a libertação de 100 reféns e a entrada de ajuda em Gaza. Os esforços continuam para alcançar um nova pausa nos combates.

Uma delegação do Hamas - grupo classificado como terrorista por União Europeia, Estados Unidos e Israel - chegou ao Cairo na sexta-feira para transmitir "a resposta das facções palestinas" a um plano egípcio para a libertação de reféns e uma trégua.

A resposta será entregue "nos próximos dias", afirmou Muhamad al-Hindi, subsecretário-geral da Jihad Islâmica, grupo armado aliado ao Hamas.

Várias frentes

A guerra em Gaza reacendeu as tensões na fronteira com o Líbano, onde quase diariamente, desde 7 de outubro, há trocas de disparos entre o Exército de Israel e o Hezbollah libanês, aliado do Irã e do Hamas.

No Mar Vermelho, o Exército americano anunciou neste domingo que afundou três embarcações de rebeldes huthis do Iêmen, que teriam atacado um navio-cargueiro.

Segundo o porta-voz dos huthis, esse bombardeio americano provocou a morte de dez milicianos iemenitas.

Desde o início do conflito entre Israel e Hamas, os huthis, aliados do Irã, atacaram várias embarcações em apoio aos palestinos em Gaza.

A gigante dinamarquesa do transporte marítimo Maersk suspendeu neste domingo, por 48 horas, o tráfego de sua frota por esta via marítima estratégica.

AFP e Correio do Povo

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