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sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Defesa reforça presença militar na fronteira com Venezuela e Guiana

 Embaixadora explicou que a diplomacia brasileira acompanha com preocupação controvérsia entre Venezuela e Guiana


Ministério da Defesa reforçou a presença militar na fronteira norte do Brasil. O aumento de efetivo veio após pedido do senador Hiran Gonçalves (PP-PR), que solicitou auxílio para a região de Pacaraima (RO), cidade fronteiriça à Venezuela.

A tensão se intensificou depois que o governo venezuelano convocou um referendo consultivo para a anexação da Guiana Essequiba (também chamada de Essequibo), território rico em recursos naturais e equivalente a cerca da metade da área guianense.

Na esteira da decisão, o Itamaraty voltou a se manifestar. A secretária de América Latina e Caribe, a embaixadora brasileira Gisele Padovan, comentou o trabalho feito pelo país na mediação da controvérsia entre Guiana e Venezuela durante coletiva de imprensa acerca da participação brasileira na LXIII (63ª) Cúpula do Mercosul e Estados Associados.

A diplomata detalhou as reuniões realizadas pelo corpo diplomático brasileiro com os dois países. “(no último encontro) Emergiu uma linguagem um pouco mais elevada por parte da Venezuela, mas eles têm dialogado sem qualquer problema, por exemplo, na questão central da Amazônia, mudança do clima etc. Estamos acompanhando e conversando em altíssimo nível com ambas as partes”, afirmou.

Padovan destacou o cuidado do Brasil em relação à estabilidade na região e enfatizou a importância do diálogo diplomático na resolução pacífica do embate, principalmente em um meio a conflitos bélicos em andamento. Enquanto as tensões escalam no continente americano, o mundo enfrenta o vonflito israelo-palestino e a guerra russo-ucraniana.

“Nós valorizamos muito que, num momento de vários choques militares pelo mundo, a América do Sul permaneça uma zona de paz e cooperação. Nesse sentido, vemos com muita preocupação esse ambiente tensionado entre dois países vizinhos e amigos”, afirmou.


Entenda o caso

Em outubro deste ano, o governo venezuelano convocou um referendo consultivo — espécie de votação nacional — para deliberar quanto à anexação da Guiana Essequiba. A consulta ocorrerá neste domingo (3/12). A área corresponde a, aproximadamente, dois terços do território guianense e é rica em recursos naturais.

É estimado que a região tenha potencial para 11 bilhões de barris de petróleo. Essa quantidade é o equivalente a quase 75% da reserva brasileira e supera as dos Emirados Árabes Unidos e do Kuwait.

A disputa tem origem no século 19. À época, a Guiana era colônia britânica. O território ficou delimitado ao leste do Rio Essequibo, mas expandiu para a porção oeste da área, já parte Capitania Geral da Venezuela (antigo nome). Isso ocorreu devido à descoberta de uma série de reservas de ouro na fronteira, denominada Linha Schomburgk — em homenagem ao explorador e naturalista Robert Hermann Schomburgk, o qual estava no local a serviço da Coroa britânica.

Em 1899, a Corte Internacional de Paris emitiu uma sentença arbitral, que retirou a Essequibo da Venezuela. O país argumentou contra a decisão, por entendê-la como parcial e imprecisa. O governo venezuelano sustenta-se, hoje, no Acordo de Genebra de 1966 (realizado com o Reino Unido), o qual reconhece a reivindicação venezuelana.

Sem acordo, a Organização das Nações Unidas (ONU), a pedido da representação da Guiana, encaminhou o caso à Corte Internacional de Justiça (CIJ). Entretanto, analistas internacionais avaliam que há pouca chance de a Venezuela reconhecer uma decisão do tribunal.

Nas redes sociais, o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, continua a fazer declarações inflamadas em defesa do referendo consultivo e da tomada do espaço vizinho. “Acompanhamos com amor as venezuelanas e os venezuelanos no próximo #3D (3 de dezembro), sem distinções de nenhum tipo. Vamos à festa democrática pelo Território Esequibo”, publicou.

Metrópoles

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