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sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Combate entre Israel e Hezbollah cresce e força êxodo de milhares

 Fronteira do país com o Líbano recebeu ataques com maior frequência na última semana

Segundo o ex-oficial de segurança Jaques Neriah, a baixa participação do Hezbollah após a resposta de Israel contra o Hamas surpreendeu os israelenses 

O risco de uma nova frente de guerra para Israel aumentou esta semana à medida que ataques na fronteira do país com o Líbano se tornaram mais frequentes. Mesmo com os militares israelenses ocupados nos combates urbanos na Faixa de Gaza, ao sul, os conflitos com o grupo libanês Hezbollah se intensificaram ao norte. Israel retirou 70 mil pessoas de sua fronteira norte nas últimas semanas, além das 150 mil removidas de sua fronteira sul com Gaza - uma retirada de 220 mil no total.

No Líbano, 120 mil fugiram de casa. Somente nesta quinta-feira, seis ataques contra alvos militares no norte de Israel foram reivindicados pelo grupo. Foram atingidos posições do Exército, dois grupos de soldados e um veículo militar estacionado dentro de um quartel, no território israelense. Israel, por sua vez, disse ter acertado a infraestrutura do Hezbollah com caças, tanques e artilharia e interceptado drones e foguetes.

Além do conflito ao norte, dezenas de incidentes que envolvem as forças israelenses e grupos apoiados pelo Irã, no qual o Hezbollah está incluído, foram registrados esta semana tanto em Israel quanto nos países árabes do Oriente Médio. No dia 25, um ataque aéreo próximo à capital da Síria, Damasco, matou um oficial do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã, que atribuiu a culpa a Israel e prometeu uma resposta.

Conforme um porta-voz do primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu, Eylon Levy, a situação coloca Israel em uma 'estrada bifurcada' que pode ampliar a guerra por toda a região. 'Ou o Hezbollah se afasta da fronteira israelense, de acordo com a Resolução 1701 da ONU, ou nós mesmos o afastaremos', disse. 'O Hezbollah e seus patronos, senhores da guerra iranianos, estão arrastando o Líbano para uma guerra totalmente desnecessária, para a guerra que o Hamas iniciou', acrescentou. O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse que o país sofreu ataques em sete frentes (Gaza, Cisjordânia, Líbano, Síria Iraque, Iêmen e Irã) e respondeu em seis.

De acordo com a mídia israelense, a exceção seria o Iêmen, onde os rebeldes Houthi, também apoiados pelos iranianos, disparam mísseis há semanas contra Israel e navios comerciais que navegam no Mar Vermelho. Desde o ataque do grupo terrorista Hamas em Israel no dia 7 de outubro, os grupos apoiados pelo Irã no Oriente Médio se tornaram mais ativos militarmente. Apesar disso, a princípio o engajamento do Hezbollah e outras organizações foi menor que o esperado e não desencadeou uma guerra regional, como se temia.

Segundo o ex-oficial de segurança Jaques Neriah, a baixa participação do Hezbollah após a resposta de Israel contra o Hamas surpreendeu os israelenses. Aos poucos, no entanto, os ataques do grupo se tornaram mais violentos. '(O Hezbollah) se tornou cada vez mais ousado, até chegar à situação atual, em que usa todas as suas armas, exceto as de longo alcance', disse Neriah, ex-analista-chefe de inteligência militar de Israel e conselheiro de política externa do primeiro-ministro Yitzhak Rabin na década de 1990. No dia 26, três pessoas foram mortas em um ataque aéreo em Bin Jbeil, uma cidade do sul do Líbano que Israel considera reduto do Hezbollah. Uma das vítimas é um cidadão australiano que visitava a mulher, segundo a mídia australiana. Israel não reivindicou o ataque, mas informou que os mortos são dois militantes e a mulher de um deles. O Ministério das Relações Exteriores da Austrália investiga o caso.

À medida que a tensão aumenta ao longo da fronteira norte de Israel, os comandantes israelenses expandem as operações na Faixa de Gaza, entrando ainda mais no centro e no sul do enclave.

Segundo Yoav Gallant, as forças israelenses chegaram a áreas onde nunca estiveram antes e as operações terão longa duração. Nos últimos dias, Israel afirmou ter desmontado centros de comando e depósito do Hamas para incapacitar o grupo de ter poder militar e governamental sobre a Faixa de Gaza. Enquanto isso, mais de um quarto dos habitantes do enclave está em situação de fome, segundo a ONU, e a escassez de água e o deslocamento em massa em meio ao colapso do sistema de saúde contribuem para a rápida disseminação de doenças. Segundo as Forças de Defesa de Israel, o número de mortos no enclave inclui 8 mil combatentes. Desde o início do conflito, 164 soldados israelenses foram mortos. Uma guerra com o Hezbollah expandiria o número, considerando o treinamento profissional e o arsenal estimado em cerca de 150 mil mísseis. O Egito e o Catar negociam acordos para pausar ou encerrar a campanha de Israel em Gaza, possivelmente em troca da libertação dos cerca de 130 reféns ainda mantidos no enclave.

O rei Abdullah II da Jordânia e seu ministro das Relações Exteriores chegaram ao Cairo no dia 27 para discutir propostas que poderiam incluir esforços para interromper o deslocamento de palestinos, estabelecer um Estado palestino com Jerusalém como capital e restabelecer a segurança regional, de acordo com relatos da mídia egípcia.

Estadão Conteúdo e Correio do Povo

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