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quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Veículos de luxo, imóveis e empresas: família de bicheiro movimentou R$ 58 milhões em Porto Alegre

 Investigados movimentaram milhões de reais em apenas seis meses, diz Polícia Civil


O bicheiro João Carlos Franco Cunha, o 'Jonca', morto a tiros em 2021, não deixou familiares desassistidos, aponta o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil. A viúva, uma irmã e dois filhos dele foram os principais alvos da Operação Aposta Suja, deflagrada nesta terça-feira para desarticular um esquema de lavagem de dinheiro que, em seis meses, movimentou R$ 58 milhões em Porto Alegre. Segundo a corporação, a morte do contraventor fez com que uma estrutura sofisticada de jogatinas fosse herdada pela família, que é investigada há dois anos.

Correio do Povo tenta contato com a defesa dos investigados, o espaço permanece aberto para manifestações. 

Somente nesta manhã foram apreendidos R$ 1,1 milhão em dinheiro. Desse montante, R$ 600 mil foram localizados com a família de Jonca, na Capital, e outros R$ 500 mil, no apartamento de um sócio do bicheiro, em Florianópolis, Santa Catarina. Também foram cumpridas ordens de sequestro de 14 imóveis e 11 veículos de luxo, além do bloqueio de 18 contas bancárias. Outras 29 pessoas tiveram sigilos bancário e fiscal quebrados. 

Segundo o delegado Cassiano Cabral, diretor da Divisão de Combate à Corrupção, os suspeitos investiam os lucros do jogo do bicho em imóveis, carros e empresas de diversos ramos, como casas lotéricas, construtoras, restaurantes e livrarias. O objetivo seria mesclar património lícito com renda de jogos de azar, reinserindo o dinheiro sujo no mercado como se fosse legítimo.

"Os filhos do Jonca não queriam mais ser vistos apenas como bicheiros. Eles queriam ser considerados empresários, um deles é até coach nas redes sociais. Por isso a tática de mesclagem de patrimônio foi tão utilizada", afirmou Cabral, que coordenou a operação.

O delegado Filipe Bringhenti, titular da Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro, destaca que os investigados também destinavam valores para sorteios e alugueis de salões de bingo e de máquinas caça-níqueis. Os estabelecimentos do grupo estariam concentrados na zona Norte de Porto Alegre, ao longo da Avenida Assis Brasil e nos bairros Sarandi e Passo D'areia.

"Centenas de milhões de reais foram movimentados durante o período analisado, que remonta à época em que o bicheiro foi assassinado", disse Bringhenti, que está à frente das investigações.

A diretora do Deic, delegada Vanessa Pitrez, explica que a ação priorizou a coleta de provas que possam embasar futuros pedidos de prisão. "O jogo do bicho é um crime de pequeno potencial ofensivo e que geralmente não acarreta em medidas mais drásticas, como prisões. Por esse motivo uma família como a do Jonca consegue explorar os jogos ilegais por tanto tempo. A partir da investigação da lavagem de dinheiro, que é um delito mais grave, pretendemos estancar essa prática."


Corrio do Povo

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