segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Políticos apresentam denúncia contra Luciana Genro no Ministério Público do RS

 Sete políticos gaúchos, entre deputados federais, estaduais e vereadores, assinaram a representação, por conta de manifestações da deputada sobre a guerra entre Israel e Hamas

Parlamentares entregaram a denúncia nas mãos do procurador-geral do Estado, Alexandre Saltz 

O deputado estadual Felipe Camozzato (Novo) e as vereadoras de Porto Alegre Comandante Nádia (PP) e Fernanda Barth (PL) se reuniram, no final da manhã desta sexta-feira, no Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), com Alexandre Saltz, procurador-geral do Estado, e com a sub-procuradora Josiane Camejo, para entregar uma denúncia contra a deputada Luciana Genro (PSol), por conta de suas manifestações sobre a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas. 

Na denúncia, os parlamentares argumentam que declarações de Luciana Genro, publicadas em suas redes sociais, manifestam “apoio aos covardes ataques sofridos pela população de Israel, claramente incitando crime de ódio e terrorismo” e se enquadram como crimes de racismo, etnocentrismo, xenofobia, intolerância religiosa e antissemitismo.

Os autores da representação também apontam que Luciana “se utiliza de malabarismos linguísticos para disfarçar sua aversão a Israel e seu povo, pois defende o ataque de um grupo terrorista chamado Hamas, mas menciona ‘povo palestino’ em suas postagens, como se ambos fossem a mesma coisa”. Ao final do documento, pedem ao MPRS a apuração dos fatos e que sejam abertas investigações, se for o caso.

Além dos políticos que estiveram presentes na reunião, assinaram a representação os deputados federais Ubiratan Sanderson (PL) e Mauricio Marcon (Podemos), o estadual Rodrigo Lorenzoni (PL) e o ex-deputado estadual Giuseppe Riesgo (Novo). Na última semana, seis deputados estaduais entraram com uma representação na Comissão de Ética da Assembleia do RS, acusando Luciana por quebra de decoro parlamentar.

Procurada pela reportagem do Correio do Povo, a assessoria da deputada ainda desconhecia a denúncia. Após a ciência dos fatos, emitiu nota que destaca que "o objetivo dessa representação é intimidar qualquer manifestação de apoio ao povo palestino e fazer demagogia política com as bases da extrema-direita, utilizando os métodos já conhecidos da mentira, da manipulação e do oportunismo político".

Veja na íntegra a denúncia contra Luciana Genro:


Confira a nota redigida pela deputada:

“Tenho familiares que foram mortos em Auschwitz, sou de uma família de judeus alemães que viveram na pele o genocídio nazista. Justamente por conhecer aquela tragédia de perto, posso afirmar que o martírio do povo judeu não pode ser utilizado politicamente para justificar o martírio de outro povo. Quem afirma que eu manifesto qualquer tipo de endosso ao antissemitismo, à xenofobia e ao racismo está cometendo crime de calúnia.

O objetivo dessa representação é intimidar qualquer manifestação de apoio ao povo palestino e fazer demagogia política com as bases da extrema-direita, utilizando os métodos já conhecidos da mentira, da manipulação e do oportunismo político. A perseguição a mim não é um caso isolado. Muitas vozes que têm se levantado para questionar o direito de Israel bombardear civis e promover uma escalada no genocídio do povo palestino têm sido acusadas de ‘apoiar o terrorismo’ ou de ser antissemitas. Professores, jornalistas, sindicalistas e ativistas ao redor do mundo têm sido perseguidos e até presos devido a sua defesa da libertação da Palestina. 

Já são mais de 5 mil mortos no conflito, dos quais 1.500 são crianças palestinas. Os políticos que me acusam nada dizem para condenar esta matança e para lamentar a morte de civis, mulheres e crianças palestinas. Para eles as vidas palestinas nada valem? A extrema-direita só se interessa pelo Oriente Médio para fazer politicagem, ganhar likes nas redes sociais, visibilidade na imprensa e principalmente para desviar os olhos do mundo da matança que Israel está promovendo na Palestina. 

Aqui no Rio Grande do Sul, representantes de mandatos que travam uma guerra ideológica contra todas as pautas progressistas em defesa dos trabalhadores, das mulheres, da população LGBTI+, da juventude e da negritude agora se voltam contra a deputada mais votada do estado numa tentativa de ganhar projeção política para suas bandeiras reacionárias.

Vamos tomar todas as medidas jurídicas, políticas e no âmbito da mobilização social cabíveis para combater essa tentativa absurda de silenciar a minha e todas as vozes em defesa do povo palestino e de uma paz verdadeira na região.”

Correio do Povo

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