terça-feira, 10 de outubro de 2023

No RS, israelense afirma que ataque do Hamas afeta "de forma profunda" todos da comunidade

 Jovem faz relato de sociedade que convive com a guerra desde a infância

Conflito gera abalo mundial em esforços de paz 

“Não há uma pessoa que conheça, que vem de Israel, que não foi afetada por esse ataque. Se não fisicamente, mentalmente. De forma profunda”. Nascido na cidade de Ein Karem, próxima a cidade de Jerusalém, sagrada para três das maiores religiões do mundo, Gi é um israelense de 25 anos que está em Porto Alegre, viajando para conhecer o mundo. Em entrevista ao Correio do Povo, contou sobre como vê que a comunidade israelense se sente em relação ao conflito desencadeado após uma série de atentados do grupo radical Hamas.

Tanto no exército quanto na escola, são diversos e frequentes ensinamentos. Por volta dos cinco anos de idade começou a ser lecionado sobre a história de seu país e o que as desavenças com os países vizinhos poderiam representar em sua vida. Segundo ele, leva uma vida típica do jovem israelense até porque “diversas coisas em Israel são obrigatórias. Quando olho para a minha vida, a maioria das coisas que fiz foram obrigatórias”.

A soma da história do país com essas atribuições cívicas, faz com que a sociedade israelense seja profundamente militarizada. “Todos nós falamos sobre guerra desde que éramos crianças, todos sabemos o que ela significa”, explica Gi. Ao completar 18 anos, todos os cidadãos, homens e mulheres precisam prestar serviço militar obrigatório às Forças Defensivas de Israel (IDF, na sigla em inglês). São dois anos e oito meses para homens e dois anos e quatro meses de serviço para as mulheres, aponta Gi. Após esse período, são destinados à reserva e podem ser convocados pelo Estado em momentos de crise. 

Quando perguntado sobre a possibilidade de ser convocado para a guerra, Gi respondeu que “não há nenhuma dúvida em minha mente de que quero ajudar como puder”, exclamou. “Voltar para Israel nunca será ruim. É a minha casa. Vou voltar para os meus familiares”, completou. 

Afirma que seus parentes e família não querem que ele volte para seu país natal neste momento, mas Gi rebate: “‘Quero estar aí com vocês’. Não há dúvidas em minha mente e nem na de qualquer outro israelense”, explica. Afirma que está ajudando como pode à distância, mandando dinheiro para seus parentes além seu apoio e amor por mensagens. “Eu gostaria de poder voltar e ajudar. Se eles me pedirem para ir, eu irei, deixarei tudo o que tenho e irei”. O governo de Israel noticiou a convocação de 300 mil soldados da reserva de volta para as fileiras do exército nesta segunda-feira.

Já sobre como imagina que será a reação do Estado israelense, relembrou do que ouviu no exército: “Se alguém vier te matar. Você precisa matá-lo primeiro”. De forma pragmática, afirmou: “Entendo se meus colegas cometerem equívocos. Porque eles estão muito mal mentalmente com as coisas que estão ouvindo. [...] Eles vão entrar lá sabendo o que foi feito às mulheres no deserto”, afirma Gi, referindo-se às soldados que foram sequestradas. 

Gi classificou como “inconcebível" o fato de soldados femininas estarem sendo sequestradas e levadas a Gaza. Segundo ele, a principal função de algumas das soldados — que aparecem sendo sequestradas em vídeos que circulam pelas redes sociais — é de observar as operações para ajudar os soldados no campo a diferenciar os inocentes dos beligerantes, conhecidas como Watchers.

Por fim, resumiu sua opinião sobre o contra-ataque israelense: “Coisas acontecendo no calor do momento, e com armas, nunca serão perfeitas, nunca serão suaves”.

Correio do Povo

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