Lembrando que hoje já existe um estado que é comandado por clérigos muçulmanos e que financia as organizações que seguem seus ditames.
Jurandir Soares
Muita gente vê o Hamas como o braço armado dos palestinos. Não é verdade. Os palestinos são pacíficos querem é o seu Estado, para terem autonomia e uma convivência pacífica com Israel, da qual podem se beneficiar. Não é sem razão que um grande contingente de palestinos cruza a fronteira todos os dias para trabalhar em Israel. O que o Hamas quer é a destruição de Israel e a formação de um estado fundamentalista islâmico. No que são seguidos por Hezbollah e Jihad Islâmica.
O que o Hamas quer é constituir aquilo que o Estado Islâmico chegou a estabelecer em terras da Síria e do Iraque, um califado. Os métodos são os mesmos, ou seja, crueldade absoluta e ódio a quem pensa diferente. O Estado Islâmico se destacou pelas decapitações de quem entendessem que fosse inimigo. A organização também foi conhecida pela sigla, em inglês, ISIS, traduzindo, Estado Islâmico do Iraque e do Levante. Esse califado – um estado que é governado por uma autoridade religiosa, o califa – foi criado em 29 de junho de 2014, espalhando o terror sobre a população das regiões que controlou, perseguindo minorias e organizando ataques terroristas em outras partes do mundo.
A violência do Estado Islâmico foi utilizada para impor o medo e, por conseguinte, o respeito nas regiões que controlavam. Com a Sharia, a rígida lei islâmica, o grupo impôs punições pesadas a todos aqueles que não seguissem o Corão, além de perseguir e matar cruelmente qualquer tipo de minoria, como cristãos, judeus, curdos, yazidis, homossexuais etc. A extinção do Estado Islâmico se deu em março de 2019, após ações desenvolvidas, por um lado, Rússia e Síria, e por outro, Estados Unidos, Arábia Saudita e curdos iraquianos. Ou seja, precisou uma ação pilotada por duas grandes potências para extingui-lo.
O Hamas tem os mesmos propósitos do Estado Islâmico. Persegue as mesmas pessoas. O diferencial é a localização. O EI se localizou em áreas amplas e abertas, o que facilitou o seu combate. O Hamas está numa área pequena onde vivem 2,2 milhões de palestinos, os quais ele usa como escudo. Esses, não podem sair nem para o sul, porque o Egito fechou aquela passagem, por dois motivos. Um, que era por ali que o Hamas fazia passar os armamentos que estocava em Gaza. Outro, que ali era também passagem para os terroristas entrarem no território egípcio. E o Egito já sentiu a ação de fundamentalistas islâmicos. Viu crescer a Irmandade Muçulmana que tentou tomar o poder no país.
Bem mais antiga que o Hamas, foi fundada em 1928, com o objetivo de “libertar a pátria islâmica do controle dos estrangeiros e infiéis e estabelecer um estado islâmico unificado”. A organização, que acabou tendo um braço político, sempre se constituiu num problema para os governantes egípcios. Nos anos recentes começou a praticar atentados terroristas em pontos turísticos do país. Somando-se ainda um atentado suicida à sede da polícia no distrito de Mansoura, que deixou 16 mortos e mais de cem feridos. A organização acabou sendo classificada como terrorista e a segurança só voltou ao país a partir de 2015, com a ascensão do governo autoritário de Abdel Fattah El-Sisi, que deu fim às pretensões da Irmandade Muçulmana de assumir o poder. Então, imagine-se essa organização se juntando com o Hamas. Daí o bloqueio feito pelo Egito a Gaza.
Como se observa, de pontos em pontos do Oriente Médio surge uma organização radical islâmica querendo criar um estado fundamentalista. Lembrando que hoje já existe um estado que é comandado por clérigos muçulmanos e que financia as organizações que seguem seus ditames. Este estado é o Irã, financiador do Hamas, do Hezbollah e da Jihad Islâmica entre outros. Em conclusão, é preciso deixar bem claro que o Hamas não representa os palestinos. A representação desse povo está na Cisjordânia, com o Fatah e a Autoridade Nacional Palestina, a qual tem a obrigação de aproveitar este momento, deixar certas exigências de lado, e negociar a constituição de seu Estado, pois só terá a ganhar com isto. Quanto ao Hamas, espera-se que este seja o começo do seu fim.
Correio do Povo
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