Comissão investiga aquisições realizadas pela secretaria municipal de Educação
O dono das empresas Inca Tecnologia e Astral Científica, Sérgio Bento Araújo, foi ouvido, nesta segunda-feira, nas CPIs da Educação da Câmara de Porto Alegre. Em 2022, ambas as empresas fizeram negócios com a secretaria de Educação da Capital, envolvendo a venda de livros e materiais pedagógicos, que resultaram em um montante de R$ 43,2 milhões. O nome de Araújo, que responde por mais de uma empresa do ramo, está envolvido em processos judiciais que limitam a atuação de negociações em nível federal.
Questionado pelos vereadores de oposição sobre sua relação com Jailson Ferreira da Silva, nome que figura entre as compras investigadas na Comissão e que possui relação com as empresas de Araújo, o mesmo disse que ele é apenas um ‘representante’ da Inca e Astral, não tendo relação empregatícia formal. Apesar disso, não foi conclusivo sobre qual modalidade de contrato é exercida entre eles e não soube informar porque Jailson, que é representante das suas empresas, realizou a logística dos materiais vendidos pela empresa ganhadora do certame o qual as companhias de Araújo perderam, a Sudu.
O empresário foi assertivo ao afirmar que não tem vínculos ou relações partidárias, ainda que sob exposição de uma certidão da Justiça Eleitoral que ligava seu nome ao MDB – partido do prefeito Sebastião Melo e ex-sigla da ex-secretária de educação, Sonia da Rosa. Afirmou, ainda, não conhecer os vereadores Pablo Melo (MDB) e Alexandre Bobadra (PL), com quem se reuniu, junto do prefeito e da ex-secretária, além de outros secretários e do procurador-geral do município, no início de 2022, pouco tempo antes da Smed iniciar as compras com ele.
Sobre a ocasião, inclusive, Araújo afirmou que o encontro foi marcado por Jailson, seu representante. Segundo o empresário, foram oferecidos os kits de robótica, mas a prefeitura não fechou o negócio. Apesar disso, segue em tramitação no SEI, ferramenta utilizada para tramitação de processos administrativos, uma compra desses mesmos materiais. O processo, contudo, está sob sigilo.
Como se tornou praxe, a sessão contou com troca de faíscas entre os dois presidentes: Mari Pimentel (Novo) e Idenir Cecchim (MDB). Os vereadores da base, incomodados com as questões de Mari ao depoente, chamaram a vereadora reiteradamente de “mal educada”, enquanto a vereadora do Novo acusou os colegas de serem “advogados” da testemunha e não terem vontade de investigar. Um dos momentos de embate ocorreu quando um assessor de Mari expôs no telão um documento, a fim de “ajudar” a situar a testemunha e os presentes sobre o que era questionado. De prontidão, Cecchim, líder do governo, determinou a retirada, disse que os assessores de Mari não tinham o direito de o fazer e quase colocou em votação, em meio a oitiva, um requerimento de autoria da vereadora Comandante Nádia (PP) que impede a inclusão e exposição de novos documentos. A vereadora do Novo disse que isso era “censura” e esclareceu que o documento apresentado já constava nos arquivos da CPI, não sendo, portanto, uma novidade.
Os requerimentos que prevêm a quebra de sigilo telefonico da ex-servidora Mabel Vieira e a disponibilização na íntegra da auditoria realizada pela prefeitura sobre as compras da Smed não foram votados por falta de quórum.
Correio do Povo
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