Por 64 votos a 36 foi definida a permanência do dirigente, que responde a denúncias em âmbito federal e estadual
O diretório estadual do PSB votou pela rejeição e arquivamento do pedido de afastamento de Mário Bruck da presidência da sigla no RS e da coordenação da bancada da partido na Assembleia Legislativa. A decisão foi tomada em reunião tensa realizada no plenarinho da sede do legislativo, na manhã deste sábado, com 64 votos contrários ao pedido e 36 favoráveis.
Na última semana, 15 integrantes da executiva estadual, quase metade do colegiado, assinaram o pedido, motivado por denúncias aceitas contra ele pela Justiça Federal e Estadual, em maio e abril, por supostos crimes contra a administração pública. O grupo esperava que Bruck tomasse a frente e pedisse afastamento, o que não ocorreu, sem que fosse necessário deliberar.
Após o encontro do diretório, Mário Bruck não quis comentar a votação. Conforme a assessoria de comunicação do partido, o presidente vê o tema como "pauta vencida".
Primeiro vice-presidente do PSB gaúcho, Jefferson Muller, um dos signatários do pedido, discorda da decisão, dizendo que "a história vai demonstrar o profundo equívoco da decisão". Questionado sobre o clima na direção do partido após a reunião, Jefferson afirma não ver "clima para a permanência de todos" na legenda. Ele é um que pretende avaliar sua permanência.
Juliano Paz, terceiro vice-presidente, diz que o partido precisa ser conduzido com mais "responsabilidade, compromisso coletivo e realinhado com a sua história e suas bandeiras". Ele entende que os sinais apontados pelo grupo que pediu o afastamento, do qual faz parte, não podem ser ignorados para uma "correção de rumos", acreditando ser "difícil, mas possível" o diálogo entre as duas alas.
"Os resultados das eleições de 2022 foram os piores que já tivemos. Se não mudarmos alguns métodos e retomarmos algumas pautas, nosso quadro pode piorar em 2024. Agora, quem tem maioria, tem a obrigação de reavaliar a postura para colhermos outros resultados", analisa Juliano.
Nas eleições do ano passado, Vicente Bogo (PSB) foi o oitavo entre os dez candidatos ao Piratini no primeiro turno, com somente 17.222 votos. Sanny Figueiredo, que disputou vaga no Senado, conquistou 31.613 votos, sendo a quinta entre oito postulantes.
Já na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa, sua bancada diminuiu. O partido elegeu um deputado federal e um estadual, enquanto que em 2018 havia feito duas e três cadeiras, respectivamente.
Sobre as denúncias
A 7ª Vara Criminal da Justiça Federal do RS aceitou, em maio, denúncia do Ministério Público Federal contra o presidente estadual do PSB, Mário Bruck. Conforme o MPF, ele seria o líder de uma organização criminosa que teria desviado recursos destinados às áreas de assistência social e saúde do Estado, através de um instituto sem fins lucrativos.
Em outro processo, esse correndo na 2ª Vara Criminal do Foro Central de Porto Alegre, o dirigente do PSB, que se tornou réu em abril deste ano, é apontado pelo Ministério Público Estadual como um dos participantes de desvios na Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase).
Bruck nega as irregularidades, ressaltando o fato de terem sido originadas por denúncias anônimas e que há perícias que apontam adulteração em provas usadas.
Correio do Povo
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