Organização do evento afirmou que mudança foi motivada por "princípios de sustentabilidade"
Anfiteatro foi utilizado pela última vez em novembro de 2019Sem uso há quatro anos, com o palco condenado e em situação de abandono, o Anfiteatro Pôr do Sol voltará a ganhar relevância no cenário cultural de Porto Alegre. Em novembro, o espaço receberá o Festival Turá, que seria realizado no Parque Harmonia e foi transferido. A organização do evento anunciou a mudança do local nesta sexta-feira, 20.
O festival, que ocorre dias 18 e 19 de novembro, tem entre os artistas confirmados Caetano Veloso, Alceu Valença, Emicida e Baco Exu do Blues. Inaugurado em 2000, o tradicional palco e grandes eventos na capital não recebe um show desde novembro de 2019. A realização é da produtora Time For Fun (T4F).
De acordo com a organização do evento, a mudança foi uma sugestão do Instituto Curicaca, ONG que atua na conservação da biodiversidade, salvaguarda cultural e promoção do ecodesenvolvimento e foi motivada por "princípios de sustentabilidade". "Poder sugerir e ajudar a T4F nessa escolha, alinhada com os princípios de sustentabilidade que o evento e a empresa estão adotando, é fazer parte da busca por uma cidade e uma comunidade sustentável. É comprometer-se e agir, pelos objetivos da ONU, com um planeta que grita por maior responsabilidade da sociedade, governos e empresas”, afirma Alexandre Krob, coordenador técnico do Instituto Curicaca.
Evento terá estrutura de palco própria
O palco do Anfiteatro não tem condições de uso. Uma estrutura provisória será montada no local. Para a realização do evento, toda a área do Anfiteatro ficará isolada entre os dias 11 e 22 de novembro.
De acordo com a Secretaria do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus), foram estabelecidas regras de proteção da Fauna, como realizar o monitoramento de aves e répteis nativos 15 dias antes do evento e durante o evento e executar a implantação de sinalização nas áreas isoladas para os animais. Para o uso da área, a organização terá de pagar uma compensação de cerca de R$ 33 mil, informa a Smamus.
Em março de 2020, o palco foi atingido por um incêndio. As chamas iniciaram embaixo do assoalho de madeira e atingiram a estrutura. Foi necessário dois caminhões dos Bombeiros para controlar as chamas. Duas semanas depois, o local deveria receber parte da programação da Semana de Porto Alegre, que acabou cancelada em função da pandemia de Covid-19.
No ano passado, a Prefeitura anunciou a decisão de demolir a estrutura. Em maio de 2023, a Prefeitura anunciou um projeto de reforma para a o trecho 2 da Orla, que inclui a área do Anfiteatro.
O projeto compreende a instalação de uma marina, para a realização de eventos náuticos, com arquibancada; um centro de eventos; e uma esplanada, com passarela para caminhada, e uma rambla, ligando a calçada e a ciclovia à beira do rio, áreas comerciais e restaurantes. O projeto prevê ainda a construção de um anfiteatro. O custo estimado da obra é de R$ 400 milhões.
Ambientalistas fizeram apelo aos artistas
Em meio aos protestos contra o projeto de concessão e reforma do Parque Harmonia, uma carta assinada por 30 entidades foi encaminhada aos artistas que se apresentarão no festival. A carta, enviada em julho, pedia aos artistas que não participassem do evento.
O grupo fazia um relato sobre os impactos das obras na fauna e na flora do local. A mensagem reforçava a existência de um pedido de suspensão das obras para, de acordo com o documento, “frear a destruição deste importante parque da cidade”.
Quatro anos depois
Em novembro de 2019, o Anfiteatro recebeu seu último show. O espetáculo Gigantes do Samba contou com os shows da Banda Raça Negra e do cantor Alexandre Pires. O festival foi realizado na área do Anfiteatro Pôr do Sol, mas sem utilizar o palco do local. Uma estrutura foi montada para receber os shows.
Correio do Povo
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