Nos bastidores, vereadores tentar unificar comissões
Na última sessão da CPI governista, o empresário Jailson Ferreira da Silva foi interrogado pelos vereadoresOs trabalhos devem começar a fluir na sessão da CPI Educação comandada pela oposição na Câmara de Porto Alegre. Após três revezes na Justiça, que impossibilitaram que a presidente Mari Pimentel (Novo) usasse do seu entendimento do regimento e indicasse o relator, a vereadora deverá, nesta segunda-feira, colocar em votação a relatoria. Com maioria, a base governista deverá aprovar, com facilidade, um nome de sua preferência. Na ocasião, pode ser votado o plano de trabalho da comissão e os requerimentos de convocações.
A comissão vinha sofrendo alguns estrangulamentos nas primeiras sessões. Em minoria, a presidente tentou vencer no grito: aprovou requerimentos e plano de trabalho sem que houvesse quórum mínimo de vereadores. Tentou manter o nome de Roberto Robaina (PSol) na relatoria, mas em um movimento da base através da mesa diretora, perdeu o direito. Na tentativa de manter suas prerrogativas entrou na Justiça, mas teve o mandato de segurança e o agravo indeferidos. O mérito ainda não foi julgado. Com isso, a vereadora mudou a rota.
Possibilidade de unificação volta aos bastidores
Mari afirma que negociações vem sendo feitas para que houvesse a junção das CPIs, sob sua presidência e relatoria do governo. O presidente da Casa, Hamilton Sossmeier (PTB), está envolvido nas articulações a fim de aproximar a base. A justificativa é de que duas CPIs têm exigido muito tempo dos vereadores, além de resultar em críticas perante a sociedade. Pelo menos cinco vereadores se inscreveram para relatar. Entretanto, a ideia de o cargo ficar sob comando de Mauro Pinheiro (PL), relator na CPI comandada pelo governo, ganha fôlego.
Ainda que a unificação não ocorra – uma vez que isso depende, também, da disposição do líder do governo, Idenir Cecchim (MDB), de abrir mão da presidência da sua comissão – Mari está confiante que os trabalhos devem seguir, ainda que com possíveis tentativas de obstrução por parte da base.
Na outra ponta, a comissão comandada por Cecchim não deverá ter sessão nesta quinta-feira, em função do feriado. Na última reunião, o empresário Jailson Ferreira da Silva, representante de empresas que venderam materiais à Secretaria de Educação, foi questionado pelos vereadores. O empresário negou ter relações com partidos políticos ou com qualquer integrante do Poder Executivo municipal, incluindo o prefeito, vice e secretários.
Quando indagado sobre reunião que teve com a ex-secretária de Educação, Janaína Audino; Melo e vereadores, Jailson respondeu que o encontro foi agendado por sua equipe técnica e teve o objetivo de apresentação do portfólio da empresa. O empresário afirmou que a reunião foi voltada especificamente para mostrar produtos de robótica e de materiais ligados à tecnologia, e destacou que os produtos de robótica não foram adquiridos pela prefeitura. “Fizemos uma apresentação preliminar dos livros, mas esse não era o foco da reunião”, afirmou.
Sobre uma possível ligação com o vereador Pablo Melo (MDB) e o ex-vereador Alexandre Bobadra (PL), que participaram da reunião, afirmou que o seu vínculo era apenas institucional. O vereador Alex Fraga (PSol), entretanto, mostrou registros de fotos de redes sociais em que Bobadra aparece ao lado de Jailson no que foi chamado pelo vereador de “momento festivo”.
Apesar das negativas do empresário, a perspectiva de Mari Pimentel é de que ficou "evidente" através das repostas e contradições de Jailson que ele possui ligação com a prefeitura. Segundo a vereadora, são evidentes os indícios da prática de "cartel" para venda dos materiais. Cabe, agora, descobrir "como" e "por que" a prefeitura aderiu ao sistema. Além disso, na sua visão, saiu frustrada a tentativa de apresentar o empresário enquanto "sério e respeitoso". "Como tu é empresário e não sabe qual licitação (tua empresa) ganhou?", questionou, ao citar ainda processos em que Jailson estaria sendo envolvido.
Após o fim do depoimento, os vereadores aprovaram dois requerimentos: a convocação do responsável pela agenda do prefeito Melo e de Michele Bartzen Acosta Schroder e Mabel Luiza Leal Vieira, ambas servidoras da Prefeitura de Canoas, que, à época, participaram do processo de compra da Smed.
Correio do Povo
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