Municípios vizinhos enviaram tratores e caminhões para retirar os escombros
Vitória Vieira, de 16 anos, estava coberta de lama, da cabeça aos pés, enquanto ajudava a mãeOs moradores de Muçum descreveram as cenas que viveram com o avanço das águas pela força das chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul nesta semana. "Foi o fim do mundo. Parecia aqueles filmes de terror, de tsunami", resumiu Vitória Vieira, de 16 anos. Na tarde desta quarta-feira ela estava coberta de lama, da cabeça aos pés, enquanto ajudava a mãe, Simone da Silva, a tirar a lama da casa.
Simone, calçadista de 42 anos, estava trabalhando quando recebeu uma ligação da filha para avisar que estava enchendo de água. Ao voltar para casa, ela elevou os móveis, mas não adiantou. Além de perderem tudo, elas precisaram sair da casa e esperar a noite inteira dentro do carro, em uma rua mais elevada, ouvindo gritos de socorro, mas sem poder ajudar. “Moro aqui há 30 anos. Nunca teve uma enchente como essa, moro aqui há 30 anos, por isso que ninguém estava preocupado com isso”, relata Simone.
“Era triste porque as pessoas batiam na parede a noite inteira e a gente não tinha como socorrer. Não tinha barco, não tinha nada”, relata Moisés Carvalhães, funcionário da prefeitura de Muçum. Agora, ele tenta reverter a destruição, coordenando o trabalho de caminhões e tratores que retiram os escombros e a lama. As máquinas foram doadas por municípios próximos, como Vespasiano Correa, São Valentim e Anta Gorda. O trabalho começou nesta manhã e continua até que tudo seja recolhido.
“Graças a Deus que eles conseguiram arrombar a minha casa, porque eu nem estava lá”, disse o proprietário de uma casa lotérica Emerson Ulmi. Ele conta que 40 pessoas arrombaram as entradas e se abrigaram em sua casa, no andar de cima do negócio, porque ficaram ilhadas. Pelo menos 10 conhecidos de Ulmi vieram a falecer no desastre, isso explica alívio.
Ulmi tentou salvar a casa lotérica levando as coisas para o segundo piso, mas mesmo assim a água chegou e tudo foi perdido. Ele estima que o prejuízo chegue a pelo menos R$ 200 mil. “Eram umas 18h e a água começou a subir muito rápido, cerca de dois metros por hora” conta. “Está um caos, não conseguimos comunicação, internet, não temos comida nem água potável, todos os mercados foram afetados, dependemos de parentes e pessoas de fora”, lamenta, ao lembrar, ainda, que lojas chegaram a ser saqueadas durante a calamidade.
Correio do Povo
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