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terça-feira, 26 de setembro de 2023

Entenda como funciona o sistema de diques de Porto Alegre

 Estrutura que protege a cidade das águas do Guaíba possui 68 quilômetros de extensão


Por Rodrigo Thiel

O Sistema de Proteção Contra Cheias de Porto Alegre vai da freeway à avenida Diário de Notícias, com mais de 68 quilômetros de diques, comportas e casas de bombas. Entre 1928 e 1967, o nível do Guaíba superou a marca de 2,90 metros acima do nível normal em quatro oportunidades, levantando um alerta para quem residia na capital gaúcha. A população estava amedrontada por conviver com as consequências das enchentes.

Entre abril e maio de 1941 ocorreu a pior dessas enchentes, alagando quase todo o Centro Histórico e bairros da zona Norte e da zona Sul. Um plano deveria ser colocado em prática para evitar novas inundações.

Nasceu desta necessidade o Sistema de Proteção Contra Cheias, constituído de 68 quilômetros de diques, 14 comportas e 23 casas de bombas espalhadas por Porto Alegre. Tratase de uma linha de defesa que se estende do Rio Gravataí até a avenida Diário de Notícias. O projeto começou a sair do papel apenas ao final da década de 1960, mas já evitou transtornos em Porto Alegre desde então.

Orla do Guaíba foi reinaugurada nesta sexta-feira Foto: Guilherme Almeida

Contenção com diques

Apesar do ponto mais conhecido do sistema de diques ser o Muro da Mauá, no Centro Histórico, a barreira de contenção se inicia na zona Norte, no entroncamento da freeway com a avenida Assis Brasil e continua até a altura da Ponte do Guaíba, na BR 290.

O sistema segue pela Castelo Branco, passando pelo muro, pela avenida Edvaldo Pereira Paiva e finalizando na avenida Diário de Notícias, na zona Sul. Em todos estes pontos, as rodovias e avenidas foram construídas com aterramento de três metros acima do nível normal do Guaíba.

Construído entre 1971 e 1974, o Muro da Mauá representa apenas 4% de toda a extensão dos diques de proteção da Capital, com 2.647 metros de comprimento. Assim como as vias, ele foi construído com três metros de altura, além de outros três metros abaixo do solo para reforçar sua sustentação, totalizando seis metros de estrutura em concreto armado.

O novo edital de leilão do Cais Mauá prevê a derrubada do muro e a construção de um elevado na beira do Cais com a mesma intenção de conter as cheias no Guaíba. A construção, contudo, deixará a avenida Mauá para ser construída entre o Guaíba e os armazéns. 

 Foto: Ricardo Giusti

Casas de bombas

Ao longo desta estrutura de contenção, foram instaladas 23 casas de bombas de acordo com o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae). Elas servem justamente para proteger essas áreas baixas de Porto Alegre. As estruturas estão espalhadas por diversos bairros da Capital, atuando tanto na cheia do Guaíba como do rio Gravataí, na zona Norte.

Ao todo, são 86 bombas capazes de movimentar 170 mil litros de água por segundo. O sistema das casas permite que a água da chuva presente nas redes de esgoto e canais sejam drenadas para o rio, evitando o alagamento em pontos da cidade por conta do retorno delas. Segundo o Dmae, o sistema está todo em funcionamento e foram feitas melhorias em 2019.

 Foto: Ricardo Giusti

Comportas

Além disso, outros elementos importantes do Sistema de Proteção Contra Cheias são as comportas. Ao todo, são 14 estruturas que estão localizadas entre a Ponte do Guaíba e a Usina do Gasômetro. Na tarde desta segunda-feira, a prefeitura iniciou o processo de fechamento dessas comportas, algo que não era realizado desde 2015, quando o nível das águas chegou em 2,97 metros.

O engenheiro David Iasnogrodski era o diretor do Departamento de Esgotos Pluviais (DEP) em 1983 e relembra quando as comportas foram fechadas pela primeira vez desde a sua construção. Segundo ele, foi registrado uma grande quantidade de chuva no período e estavam faltando poucos centímetros para que as águas pudessem invadir a cidade. “Nós fomos na beira do cais com o prefeito (João Antônio) Dib, a equipe do DEP e outros secretários, e começamos a fechar as comportas. Foi necessário umas seis ou sete horas, então ficamos toda a noite fazendo isso. Exatamente como o prefeito (Sebastião) Melo está fazendo agora, muito bem por sinal”, desta.



Correio do Povo

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