Fim de semana terá trégua, com sol, mas precipitações devem voltar na semana que vem com força
El Niño seguirá gerando eventos climáticos perigososQuase não há trégua da chuva no Rio Grande do Sul desde o começo deste mês. Antes a chuva fosse apenas um incômodo banal como não conseguir secar as roupas, mas as águas chegam com fúria, arrasam cidades, matam e destroem. Enfrentamos não apenas um período de chuva frequente, mas os volumes de precipitação são excepcionais.
Os acumulados de chuva entre o dia 1º e a tarde de quarta-feira em estações do Instituto Nacional de Meteorologia ficaram em 416,4 mm em Caçapava do Sul, 412,2 mm em Passo Fundo, 402,2 mm em Cruz Alta, 396,2 mm em Serafina Corrêa, 345,4 mm em Santa Maria, 313,6 mm em Encruzilhada do Sul, 298,2 mm em Alegrete, 292,8 mm em Rio Grande, 286,2 mm em Cambará do Sul, 282,6 mm em Bento Gonçalves, 273,2 mm em Campo Bom, 268,6 mm em Canela e 212,2 mm em Porto Alegre (Jardim Botânico).
Atente que são volumes que passam de 300 mm em várias cidades e de 400 mm em algumas em praticamente uma semana e meia apenas. São marcas que poderia se esperar normalmente em uma estação inteira do ano e foram registradas em menos de duas semanas.
A estação meteorológica de Caçapava do Sul, por exemplo, registrou 705 mm de chuva em todo o primeiro semestre, em seis meses. Só nestas primeiras duas semanas de setembro a chuva soma mais de 400 mm e não será surpresa alguma se este mês terminar na localidade do Sul gaúcho com 600 mm a 700 mm, ou seja, logo o que choveu em toda a primeira metade do ano.
Natural, assim, que as pessoas se perguntem: até quando? Não vamos ter uma trégua da chuva? Vamos seguir com este padrão de um evento extremo de chuva atrás do outro causando danos e vítimas?
A resposta passa por tempo e clima, recordando que tempo é o curto prazo e clima o longo. No curto prazo, a nossa previsão do tempo na MetSul Meteorologia indica que ar mais seco começa a ingressar no estado e a instabilidade vai se afastar, embora parte do dia ainda tenha chuva em algumas áreas, mas sem os volumes extremos.
Até domingo em algumas cidades e até segunda na maioria dos locais, o tempo firme predomina no Rio Grande do Sul, com sol. O domingo, inclusive, terá calor. Ocorre que na segunda o tempo volta a se instabilizar com chuva e temporais no Oeste e no Sul.
No longo prazo, como temos reiteradamente alertado, com o El Niño, a chuva tende a ficar acima a muitíssimo acima do normal. São vários meses de El Niño ainda pela frente, então o que estamos experimentando agora não é temporário.
Muitos eventos de chuva extrema, com enchentes e temporais frequentes ainda estão por vir nas próximas semanas e meses. O cenário para a semana que vem, para se ter ideia, que desde já se avisa, é de elevadíssimo risco novamente para a Metade Sul com risco de chuva outra vez extrema.
Estael Sias / MetSul e Correio do Povo
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