domingo, 13 de agosto de 2023

Moradores retornam a casas em ruínas após incêndio com dezenas de mortos no Havaí

 Bombeiros seguiam tentando manter focos de chamas sob controle



Moradores que fugiram do incêndio florestal que arrasouparte do arquipélago norte-americano do Havaí e deixou 67 mortos começaram a retornar a seus lares nesta sexta-feira. Atordoados, os moradores buscavam nos que restou de suas casas algum pertence que tivesse sobrevivido à fúria das chamas em Lahaina, cidade da costa oeste de Maui bastante popular entre os turistas, que tinha 12 mil habitantes. O número de mortos subiu nesta tarde para 67, segundo o balanço oficial.

Bombeiros seguiam lutando contra os focos e controlando incêndios ainda ativos na localidade. Equipes de busca tinham a ajuda de cães farejadores para localizar as vítimas do que o governador Josh Green disse ser, "provavelmente, o maior desastre natural da história do estado do Havaí". "O que vimos hoje foi catastrófico", disse Green após percorrer a histórica Lahaina, que foi capital do reino do Havaí no começo do século 19.

As chamas devastaram mais de 800 hectares em duas ilhas do arquipélago americano e forçaram a evacuação de milhares de pessoas, algumas das quais se jogaram na água para se protegerem do fogo. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, decretou estado de catástrofe natural no Havaí, o que permitirá liberar "fundos federais à disposição dos afetados no condado de Mauí", explicou a Casa Branca. Já o Papa manifestou sua "tristeza profunda" pela tragédia.

Os incêndios começaram na madrugada de terça-feira e seu avanço rápido pôs em risco residências, empresas e serviços públicos, assim como mais de 35.000 pessoas na ilha de Maui, informou a Agência de Gestão de Emergências do Havaí. "Não resta nada, tudo foi embora, é um povoado fantasma", disse Sarai Cruz, 28 anos, que fugiu de Lahaina com os pais, a irmã e seus três filhos. Brandon Wilson, um canadense que viajou ao Havaí com a mulher, disse que "parece que alguém chegou e bombardeou toda a cidade".

Em meio à emergência, 100 moradores se jogaram na água para fugir do fogo, informou à rede de TV CNN a comandante da Guarda Costeira Aja Kirksey, ressaltando que cerca de 50 foram resgatadas no mar. Equipes de Honolulu chegaram hoje a Maui, juntamente com equipes de busca e resgate equipadas com cães K-9, para detectar a presença de corpos, informou o condado de Maui, anunciando um toque de recolher para a noite.

"Estas medidas incluem nenhum acesso público não autorizado além das áreas entrincheiradas e um toque de recolher diário das 22h às 6h na cidade histórica de Lahaina e nas áreas afetadas", explicou o governo. Moradores haviam alertado, na véspera, para a presença de corpos flutuando na água e na calçada à beira-mar. "Estivemos retirando pessoas. Estamos tentando salvar suas vidas e sinto que não estamos recebendo a ajuda de que precisamos", lamentou a moradora Kekoa Lansford em entrevista à rede CBS.

A emergência também fez com que a rede hospitalar da ilha ficasse saturada, disse a vice-governadora do Havaí, Sylvia Luke, que descreveu a situação como "dramática" e acrescentou que os incêndios foram causados pelas condições de seca e os fortes ventos do furacão Dora, que está ao sul do arquipélago, mas não se espera que toque o solo.

A procuradora-geral do Havaí, Anne Lopez, anunciou a abertura de uma investigação sobre a resposta das autoridades aos incêndios no arquipélago: "O Departamento conduzirá uma revisão exaustiva da tomada de decisões críticas e das políticas em vigor relacionadas aos incêndios florestais ocorridos nas ilhas nesta semana." Fenômenos meteorológicos extremos têm sido registrados em todo o mundo nas últimas semanas. Segundo cientistas, estes eventos têm sido exacerbados pelas mudanças climáticas.

AFP e Correio do Povo

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