segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Kremlin nega envolvimento em explosão que matou líder mercenário

 O presidente não confirmou claramente a morte do mercenário

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, pediu que o foco neste momento esteja nos fatos 

O presidente russo, Vladimir Putin, rejeitou nesta sexta-feira (25) as especulações de governos ocidentais de que  ele teria ordenado o assassinato do chefe do Grupo Wagner, Yevgeni Prigozhin, afirmando que uma investigação estava em andamento para estabelecer a causa da queda do jato que deixou dez mortos, na quarta-feira (23).

Ao falar pela primeira vez sobre o caso, na quinta-feira (24), Putin se referiu a Prigozhin, um ex-aliado que liderou um motim contra ele, em junho, como um "homem talentoso" que "cometeu erros". O presidente usou verbos no passado, mas não confirmou claramente a morte do mercenário.

Nesta quinta-feira (24), o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, pediu que o foco neste momento esteja nos fatos, que se tornarão claros no decorrer da investigação da queda do jato da Embraer, na região de Tver, na Rússia.

Peskov condenou o que chamou de mentiras sobre o incidente e ridicularizou as especulações que trataram o caso como um assassinato ordenado por Putin. Contudo, entre a elite russa, muitos acreditam que a crise foi instigada pelo Kremlin. Observadores, dentro e fora da Rússia, encaram as declarações com ceticismo, dadas as negativas anteriores do Kremlin sobre as ações que mais tarde se confirmaram ser de sua responsabilidade.

Peskov também negou que Putin tenha se encontrado com Prigozhin pouco antes da queda do jato. A informação foi divulgada por um canal no Telegram conhecido por vazamentos de agências de segurança russas.

A possibilidade de um assassinato ter ocorrido intimidou a elite russa, que interpretou a morte do chefe do Grupo Wagner como um aviso de que qualquer sinal de deslealdade ou de dissidência em relação à guerra na Ucrânia não será tolerado por Putin. O líder russo tem se mostrado cada vez mais autoritário.

Suspeitas

Autoridades dos EUA disseram, na quinta-feira (24), que era possível que o jato de Prigozhin tenha sido destruído por uma explosão a bordo, observando que não havia sinal de lançamento de míssil com objetivo de atingir o avião. Teorias semelhantes circularam nos canais russos do Telegram, focadas principalmente na possibilidade de explosivos terem sido plantados no jato.

Acredita-se que a queda do avião tenha matado também outros membros importantes do Grupo Wagner, liquidando efetivamente uma força que já foi fundamental para a guerra da Rússia na Ucrânia e ainda tem combatentes destacados em toda a África e no Oriente Médio.

Putin prestou condolências às famílias das vítimas, mas disse que uma investigação completa "levaria tempo". O serviço de imprensa de Prigozhin não confirmou sua morte, embora alguns canais do Telegram afiliados ao Grupo Wagner estejam de luto.

Investigação

Várias partes do avião foram encontradas a pouco menos de três quilômetros do local principal do acidente, sugerindo que o jato se quebrou no ar. A asa parecia ter pouco ou nenhum dano por estilhaços. As peças foram embrulhadas em lona e carregadas em caminhões.

A equipe russa que investiga a queda anunciou ontem ter recuperado os corpos das dez pessoas a bordo e as caixas-pretas do avião. "Estamos fazendo análises moleculares de DNA para a identificação das vítimas", anunciou a equipe. 

AE, com agências internacionais e Correio do Povo

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