Um candidato presidencial e um prefeito denunciaram que foram alvos de disparos
Durante a campanha para as eleições deste domingo, outros políticos foram assassinadosUm candidato presidencial e um prefeito denunciaram neste sábado que foram alvos de disparos horas antes das eleições gerais antecipadas deste domingo no Equador, onde um candidato presidencial foi assassinado há 10 dias.
O candidato de direita Otto Sonnenholzner denunciou pela rede social X (antigo Twitter) que junto com sua família sofreu "um ataque a tiros em frente ao local onde tomava café da manhã" no porto de Guayaquil (sudoeste), sem relatar vítimas.
"Graças a Deus estamos todos bem, mas exigimos uma investigação sobre o ocorrido. O medo e a impotência que vi nos olhos de todos os presentes me machucam. Não podemos continuar assim. Amanhã mudaremos de rumo!", declarou.
Segundo Sonnenholzner, ocorreu "uma perseguição policial a poucos metros" de onde ele estava, que terminou com a detenção de cinco "criminosos que colocaram em risco dezenas de famílias".
A polícia confirmou sua versão e esclareceu que os detidos pretendiam assaltar uma loja de artigos esportivos no norte de Guayaquil. Um dos detidos ficou ferido e duas armas foram apreendidas.
O ex-vice-presidente Sonnenholzner (dezembro de 2018 a julho de 2020) aspira ao poder, assim como outros sete candidatos.
Nos últimos anos, o Equador enfrentou uma onda de violência relacionada ao narcotráfico, com massacres nas prisões que deixaram mais de 430 detentos mortos desde 2021 e um recorde de homicídios de 26 por cada 100.000 habitantes nas ruas em 2022, quase o dobro do ano anterior.
"Tentaram me matar!"
Na madrugada deste sábado, o prefeito da cidade costeira de La Libertad (sudoeste), Francisco Tamariz, denunciou ter sido vítima de um ataque a tiros.
"Tentaram ME MATAR", expressou o político através da rede X, acrescentando que há "mais de 8 testemunhas" do atentado ocorrido por volta da meia-noite de sexta-feira e no qual, segundo ele depois alegou, policiais estiveram envolvidos.
Tamariz afirmou que saiu ileso do ataque juntamente com sua esposa e outras duas pessoas que estavam em um veículo blindado, que foi alvo de cerca de 30 tiros.
O prefeito dessa cidade, que possui cerca de 100.000 habitantes, afirmou posteriormente no Facebook que, ao retornar de Guayaquil, sua caminhonete blindada foi atacada a tiros por duas pessoas vestidas à paisana que saíram de um veículo policial.
"Em questão de segundos, eles começaram a metralhar o veículo (...), começaram a atirar em nós, nunca perguntaram quem estava dentro", declarou o funcionário junto com sua esposa. Ambos apareceram com coletes à prova de balas.
"Se o veículo não fosse blindado (...), eu não estaria aqui. Seria impossível eu estar falando com vocês com 30 tiros que foram disparados (...) em direção à caminhonete em que eu estava", acrescentou.
Tamariz é afiliado ao ex-presidente socialista Rafael Correa (2007-2017), que vive na Bélgica desde que deixou o poder e cuja candidata, Luisa González, é a favorita nas eleições presidenciais deste domingo.
Sobre o caso, o coronel Juan Carlos Soria, chefe da polícia local, disse à imprensa que a instituição identificou três veículos de luxo que estavam circulando em alta velocidade.
Ele indicou que os veículos levantaram suspeitas por serem blindados, terem vidros escurecidos e estarem sem placas, além de terem ignorado a ordem das autoridades para parar.
Violência política
No meio da violência que assola o país, o candidato presidencial de centro Fernando Villavicencio, um opositor fervoroso do correísmo e que estava em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, foi morto a tiros ao sair de um comício em Quito em 9 de agosto.
Durante a campanha para as eleições deste domingo, outros políticos também foram assassinados, incluindo um prefeito, um candidato a deputado e um líder local do correísmo.
Na quinta-feira, durante o encerramento da campanha, o candidato presidencial Daniel Noboa (de direita) denunciou um atentado a tiros contra sua caravana, do qual saiu ileso. As autoridades contradisseram sua versão.
Após o assassinato de Villavicencio, o presidente Guillermo Lasso decretou o estado de exceção por 60 dias em todo o país, permitindo o envio de militares para reforçar a segurança nas eleições, nas quais também serão escolhidos o vice-presidente e os 137 membros da Assembleia Nacional. Lasso dissolveu a assembleia em maio, em meio a uma crise política.
O governante responsabilizou o crime organizado pelo assassinato sem precedentes de um candidato à presidência, mas depois afirmou que se tratava de um crime político. Seis colombianos estão detidos pelo caso, enquanto outro morreu em um tiroteio com os guarda-costas de Villavicencio.
O partido de centro Construye, que apoiava Villavicencio, escolheu o jornalista de investigação Christian Zurita como substituto. Uma investigação conjunta de ambos levou à condenação à revelia de Correa a oito anos de prisão por corrupção.
AFP e Correio do Povo
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