sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Eduardo Leite tenta reerguer PSDB em evento que reabilita Aécio Neves

 Governador do RS lançou diretrizes e marca do partido que preside, com retorno do símbolo do tucano, e fez desagravo ao deputado mineiro


Buscando consolidar-se como um nome nacional do PSDB, ao mesmo tempo em que tenta reerguer o partido, o governador do RS, Eduardo Leite, comandou, nesta quinta-feira, um seminário nacional apontando as diretrizes tucanas, em Brasília. Após percorrer diversos Estados desde que assumiu a presidência da sigla nacionalmente, em janeiro, com uma série de eventos chamados de “Diálogos Tucanos”, o governador gaúcho apresentou a nova marca e uma carta síntese do “DNA” do partido. Porém, a apresentação acabou ofuscada pela presença do deputado federal Aécio Neves (MG).

Partiu do próprio Leite, no início de seu discurso, quebrando o protocolo, um movimento “enaltecendo” Aécio, que foi chamado ao palco. O governador afirmou ter chegado ao “fim de um calvário extenso” de um processo que se revelou “de denúncias infundadas” contra Aécio, referindo-se às acusações de recebimento de propina do empresário Joesley Batista, em 2017. Com o caso, ele se afastou dos holofotes. O deputado federal foi absolvido no final de julho pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3).

Eduardo Leite disse que o PSDB  não tem “réguas diferentes” entre adversários e aos próprios filiados e cobrou esclarecimentos, quando necessário, ao mesmo tempo que “demandou à Justiça que fosse ágil e célere”. Ele lamentou que o processo tenha levado seis anos para seu desfecho, mas que “antes tarde do que nunca”, o partido estava feliz que Aécio pudesse “seguir com vida pública, com a justiça ao seu lado”.

Em sua fala, Aécio revelou não esperar pelo “desagravo” do partido e que foi vítima de calúnias e difamações. “Havia um objetivo naquela época que era tirar do jogo político aquele que poderia ser uma alternativa”, falou, referindo-se às eleições de 2018. Dizendo olhar para frente com a “alma leve”, o mineiro ressaltou que o desagravo do partido era a “pincelada” que faltava e que foi dada por Leite.

“Sob seu comando, presidente e amigo Eduardo, temos todas as condições de percorrer essa larga avenida ao centro”, disse, completando que o partido não deveria se confundir com o que “está aí”, nem com o que “estava aí”, em clara referência ao atual governo de Lula (PT) e ao do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Disputa por espaço

O secretário-geral do partido, deputado federal por Minas Gerais Paulo Abi-Ackel, aliado de primeira hora de Aécio, ao fazer críticas sobre o que chamou de discurso “divisionista” do governador de MG, Romeu Zema (Novo), disse que o povo “pede a volta de Aécio” ao governo mineiro, sendo aplaudido. Em seguida, acrescentou que com a liderança de Leite o PSDB “vai voltar a governar o país”.

Eduardo Leite busca viabilizar seu nome como uma opção para 2026. Ele foi derrotado nas prévias para a disputa presidencial do partido por João Dória (então governador de São Paulo), em 2022. No entanto, nos bastidores, após a absolvição de Aécio, o nome do mineiro ganha força. Ele foi candidato à presidência da República em 2014, sendo derrotado por Dilma Rousseff (PT) por uma diferença de apenas 3,28% dos votos.

A presença de Abi-Ackel na executiva nacional do partido, além de outros aliados de Aécio, é vista como um aceno de Leite por uma unidade com o mineiro, evitando uma disputa interna.

Marca e DNA tucano

O presidente nacional do PSDB, Eduardo Leite, apresentou no evento a nova marca do partido, com as cores da bandeira nacional e com a volta do tucano em lugar de destaque. Em uma carta síntese, também apresentou o que foi chamado de DNA da sigla. A agenda tucana, nominada Brasil 2045, em alusão ao número da legenda, aponta 12 objetivos em diversas áreas.  

Conforme Leite, os pilares da visão do partido e os propósitos expostos fazem com que o “partido não bata cabeça” internamente. Em diversos pontos, a posição ao centro foi enfatizada e a polarização criticada. “Essa polarização, essa radicalização, que machucou os brasileiro e o Brasil, machucou o nosso PSDB também”, afirmou Leite.

Depois de governar o país por dois mandatos com Fernando Henrique Cardoso, o PSDB perdeu espaço. Em 2018, o candidato da sigla à presidência, Geraldo Alckmin, hoje vice-presidente da República pelo PSB, teve desempenho pífio, ficando em quarto lugar com menos de 5% dos votos.

Em 2022, depois de Dória desistir da candidatura, o partido apoiou Simone Tebet (MDB), a sigla seguiu em processo de redução de sua bancada federal, que baixou de 22 para 13 deputados federais, sem contar aqueles do Cidadania, com o qual está federado. Os tucanos chegaram a ter umas das três maiores bancadas nos pleitos anteriores, com uma média de 50 deputados. 

Nova marca do PSDB tem retorno do símbolo do tucano em destaque
Nova marca do PSDB tem retorno do símbolo do tucano em destaque Foto: Alexssandro Loyola / PSDB / Divulgação / CP


Correio do Povo

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