Real se valorizou em meio à melhora das commodities no mercado mundial
Moeda teve alta na semanaApós abrir a sexta-feira em alta e registrar máxima a R$ 5,0020, o dólar perdeu força ainda no fim da manhã e operou em terreno negativo ao longo da tarde. Com mínima a R$ 4,9580, fechou cotado a R$ 4,9680, em baixa moderada, de 0,27%. Operadores relataram entrada de fluxo comercial quando o dólar tocou R$ 5,00 e desmonte parcial de posições cambiais defensivas, além de realização de lucros no segmento futuro. Apesar de ter recuado nesta sexta e respeitado a linha dos R$ 5,00 no fechamento nos últimos dias, a moeda encerra a semana com ganhos de 1,30% - o que leva a valorização acumulada em agosto para 5,04%. No ano, a divisa ainda acumula queda de 5,91%. A Ibovespa teve sua primeira valorização no mês, após fechar sequência histórica de quedas.
O comportamento do real esteve mais uma vez ligado à dinâmica global do mercados de moedas, marcado na segunda etapa de negócios por enfraquecimento do dólar na comparação com a maioria das divisas emergentes e de exportadores de commodities, embora dois pares do real - peso colombiano e chileno - tenham se depreciado. As taxas dos Treasuries longos, que avançaram com força nos últimos dias, também experimentaram leve recuo, abrindo espaço para uma recomposição parcial dos ativos de risco.
Outro ponto que jogou a favor do real foi recuperação dos preços das commodities, em meio a anúncio de pacote de medidas pela China para atração de investidores estrangeiros. As cotações do minério de ferro subiram quase 3% em Dailan. Os contratos futuros de petróleo avançaram, embora de forma modesta. O tipo Brent para outubro subiu 0,80%, a US$ 84,80 o barril. Investidores estão atentos ao enfraquecimento do setor imobiliário e possível contágio no sistema financeiro internacional.
"Tivemos um pequeno alívio, mas não dá para falar em tendência. O mercado chegou a piorar pela manhã, com o dólar atingindo R$ 5,00. O ambiente externo não vai ajudar o real, porque a tendência é de o dólar forte no mundo. A economia europeia dá sinais de enfraquecimento, enquanto nos EUA já não se fala tanto em recessão, e o Fed tende manter os juros altos por mais tempo", afirma Velho, que também vê as dúvidas em torno do cumprimento de metas de resultado primário embutidas no arcabouço fiscal como um dos pontos que pode dar rigidez ao dólar no mercado local.
De fato, embora o vaivém do dólar no exterior tenha sido predominante na formação da taxa de câmbio ao longo da semana, em especial a arrancada das taxas dos Treasuries, há certo desconforto com o quadro político. Após as rusgas entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), as atenções estão voltadas para a minirreforma ministerial, que vai dar mais espaço do Centrão no governo e pode, em tese, facilitar a tramitação da agenda econômica no Congresso. Na quinta-feira, o relator da proposta do marco fiscal na Câmara, Cláudio Cajado (PP-BA), disse que as mudanças nos ministérios podem facilitar a votação final do texto. A ideia, repetiu o parlamentar, é buscar um consenso entre líderes na segunda-feira, 21, para votação no dia seguinte, 22.
Mesmo com a cautela ainda dando o tom aos negócios com ativos de risco - pelas incertezas em torno das economias americana e chinesa, as duas maiores do mundo -, o Ibovespa quebrou nesta sexta-feira sua mais longa sequência de perdas, na série histórica iniciada em 1968, e subiu 0,37%, aos 115.408,52 pontos. Após os 13 recuos iniciados em 1º de agosto, a referência da B3 oscilou nesta sexta dos 114.423,28 aos 115.728,91 pontos, saindo de abertura aos 114.973,40 pontos.
Na semana, o índice caiu 2,25% - a quarta retração semanal consecutiva -, o que coloca as perdas do mês a 5,36%, e restringe o avanço acumulado no ano a 5,17%. Fraco, o giro ficou em R$ 21,8 bilhões nesta primeira sessão de agosto com fechamento positivo para o Ibovespa. Na B3, as ações de grandes bancos, com perdas no mês que chegam a 9,84% para Bradesco ON, subiram moderadamente nesta sexta (Bradesco ON +0,83%, Itaú PN +0,79% , BB ON +0,40%), conferindo suporte, pela ponderação do setor financeiro no índice, para que o Ibovespa fechasse a sessão com leve ganho, em dia negativo para a ação de maior peso individual na carteira, Vale ON, que encerrou em baixa de 1,11%, cedendo 4,16% na semana e 9,22% no mês, cotada agora a R$ 61,22. Em 2023, o papel da mineradora acumula perda de 27,82% - enquanto Petrobras ON e PN avançam, respectivamente, 43,47% e 52,57% no mesmo intervalo.
Agência Estado e Correio do Povo
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