Ataque teve como alvo o partido religioso conservador Jamiat Ulema-e-Islam
Pelo menos 44 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas no noroeste do Paquistão neste domingo (30), quando uma bomba explodiu durante um comício organizado por um partido islâmico, informaram autoridades. O ataque teve como alvo o partido religioso conservador Jamiat Ulema-e-Islam (JUI-F), que realizou uma reunião sob uma tenda com a presença de mais de 400 membros e simpatizantes na cidade de Jar, perto da fronteira com o Afeganistão.
"A tenda desabou de um lado, prendendo pessoas que tentavam desesperadamente escapar", disse Abdullah Khan. "Havia confusão total, havia carne humana, restos de membros espalhados e cadáveres", disse a testemunha.
Sabeeh Ulá, um apoiador partidário de 24 anos, disse que quebrou o braço na explosão. "Eu me vi deitado ao lado de uma pessoa que havia perdido as pernas, o ar estava infestado com o cheiro de carne humana", disse à AFP por telefone. O delegado do Ministério da Saúde na província de Jaiber Pastunjuá, Riaz Anwar, indicou que há 44 mortos e mais de 100 feridos. "Foi um atentado suicida e o homem-bomba agiu perto do local", disse o funcionário à AFP.
Imagens do local da explosão que circulam nas redes sociais mostram corpos espalhados e voluntários ajudando vítimas ensanguentadas a entrar em ambulâncias. A Assembleia Nacional do Paquistão será dissolvida nas próximas semanas, antes das eleições marcadas para outubro ou novembro, e os partidos políticos estão em campanha.
Sensação de instabilidade
Nenhum grupo assumiu a responsabilidade pelo ataque, mas o braço local do grupo Estado Islâmico (EI) recentemente realizou ataques contra o JUI-F. No ano passado, o EI disse estar por trás de ataques violentos contra eruditos religiosos afiliados ao partido, que tem uma enorme rede de mesquitas e escolas no norte e no oeste do país.
O grupo jihadista acusa o JUI-F de hipocrisia por ser um grupo religioso islâmico que apoiou sucessivos governos e militares. No Paquistão, houve um grande aumento nos ataques desde que os talibãs afegãos voltaram ao poder de Cabul em 2021. O grupo de talibãs do Paquistão, Tehreek-e-Taliban Pakistan, tem como alvo oficiais de segurança e policiais.
Em janeiro, um homem-bomba ligado aos talibãs do Paquistão agiu em uma mesquita dentro de um complexo policial na cidade de Peshawar, no noroeste, matando mais de 80 policiais. Os ataques se concentraram nas regiões que fazem fronteira com o Afeganistão. Islamabad alega que alguns estão sendo planejados em solo afegão, uma acusação que Cabul nega.
Analistas dizem que os combatentes em áreas tribais adjacentes a Peshawar e na fronteira com o Afeganistão ganharam força desde o retorno ao poder dos talibãs em Cabul. "Isso faz parte da violência terrorista que parece aumentar no Paquistão antes das eleições, para criar uma sensação de instabilidade, que pode levar ao adiamento das votações", disse o diretor executivo do Centro para Pesquisas e Estudos sobre Segurança, sediado em Islamabad. O porta-voz do governo afegão, Zabihullah Mujahid, condenou o ataque e expressou "suas mais profundas condolências às famílias afetadas".
AFP e Correio do Povo
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